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O que esperar dos investimentos em renda variável em 2025

Diversificação e atenção ao perfil de investidor se tornam ainda mais essenciais em momentos de turbulência no mercado de ações

O cenário para quem investe em renda variável em 2025 parece ser desafiador. Tanto no Brasil quanto no exterior, o mercado carrega incertezas que exigem uma análise criteriosa dos ativos na carteira e de cada decisão de compra ou venda. Por aqui, questões macroeconômicas ainda precisam ser endereçadas – em especial, a questão fiscal. No exterior, a transição de governo nos Estados Unidos pode adicionar mais volatilidade ao ambiente global, e investidores seguem de olho nas decisões e política monetária do Fed para ajustar suas posições.

Apesar desse contexto, especialistas acreditam que há espaço para oportunidades. A chave, segundo eles, é compreender o perfil de risco, diversificar o portfólio e adotar uma visão de longo prazo.

Setores resilientes e diversificação

Para navegar nesse cenário de juros ainda altos e crescimento econômico moderado no Brasil, Mônica Araújo, estrategista de renda variável da InvestSmart XP, sugere olhar para setores resilientes, “aqueles que oferecem produtos e serviços essenciais e são menos impactados pelas oscilações do ciclo econômico”, explica. Ela acrescenta que empresas com capacidade de repassar preços ao consumidor, sem comprometer a demanda, tendem a apresentar maior estabilidade.

Outro ponto destacado pela especialista é a importância da diversificação. “Desde que o portfólio esteja diversificado, dá para ter renda variável sim”, reforça Araújo. “É preciso equilibrar exposições domésticas e internacionais, mesclando renda fixa e variável. Isso ajuda a mitigar riscos e melhora o potencial de retorno no médio e longo prazo.”

Olho no cenário global

O ambiente internacional também exige atenção. “O novo governo nos Estados Unidos, com todas as promessas feitas durante a campanha, deve trazer mais volatilidade ao mercado global”, aponta Araújo.

“Realmente é um cenário bastante difícil”, diz Daniel Utsch, gestor de ações da Nero Capital, que faz um alerta para os impactos da desaceleração da economia chinesa e o dólar em alta. “Mas olhar para os investimentos em renda variável que se beneficiam do câmbio pode fazer sentido”, diz Utsch. Um exemplo disso são empresas que tenham uma parte relevante da sua receita em dólar, como exportadoras e empresas de comodities. Mesmo assim, é preciso cuidado. Segundo ele, as perspectivas são mais otimistas com commodities como papel e celulose, proteína animal e as energéticas, e menos para aço.

Importância do preço de entrada

No Brasil, apesar da perspectiva de que os juros sigam em trajetória de alta, o mercado pode abrir oportunidades para quem quiser se posicionar. “O ponto de entrada no mercado de ações é crucial para garantir um bom retorno a longo prazo”, ressalta Araújo, que lembra que as ações de empresas brasileiras estão bastante descontadas atualmente, na comparação com o histórico.

Perfil de investidor

Seja em momentos de maior ou menor volatilidade, é preciso sempre estar atento a seu perfil de risco na hora de investir.

Utsch reforça que o momento é desafiador e exige cautela. “Não é só sobre ter ou não um ativo. É fundamental ajustar o tamanho da posição de acordo com o perfil de risco.”

Mesmo em tempos de incerteza, o mercado de ações pode ser uma alternativa viável para quem compreende os riscos envolvidos, prioriza a diversificação e mantém uma perspectiva de longo prazo. “A volatilidade sempre traz oportunidades, mas é preciso estar bem-posicionado e preparado para aproveitá-las”, conclui Araújo.

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