ETFs de ouro registram entrada recorde e impulsionam demanda pelo metal em 2025
Relatório do WGC aponta aumento na demanda por ouro; investimentos em ETFs atingem nível recorde desde 2016
A demanda por ouro aumentou no primeiro trimestre do ano, impulsionada pelo retorno dos fluxos de entrada em fundos de índice (ETFs) de ouro, segundo relatório do setor. A demanda total por ouro nos três primeiros meses de 2025 subiu 1% em relação ao mesmo período do ano anterior, totalizando 1.206 toneladas métricas — o início de ano mais forte desde 2016.
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A informação é do Conselho Mundial do Ouro (WGC, sigla em inglês), que divulgou, nesta quarta-feira (30), novo relatório sobre tendências de demanda.
Os ETFs voltaram a registrar entradas no primeiro trimestre, somando 226 toneladas. Um ano antes, haviam ocorrido saídas de 113 toneladas, e no quarto trimestre de 2024, os fluxos líquidos foram de apenas 18,7 toneladas.
Essas entradas aumentaram globalmente, fazendo a demanda total por investimento mais do que dobrar, alcançando 552 toneladas métricas.
Somente em abril, os ETFs asiáticos já superaram o volume de entradas registrado no primeiro trimestre.
“Isso reflete a crescente incerteza macroeconômica e geopolítica — incluindo as tensões comerciais entre EUA e China e a força sustentada do preço do ouro — que reforçaram o papel do metal como ativo de proteção (‘porto seguro’).
Investidores chineses, em especial, estão cada vez mais recorrendo aos ETFs como uma alternativa líquida e flexível, diante da fraqueza persistente no mercado de ações”, disse Louise Street, analista sênior de mercado do WGC.
Ainda há espaço para crescimento
Os estoques globais de ouro em ETFs estão 10% abaixo do pico registrado em 2020.
A demanda robusta por ouro vem sendo alimentada por turbulências comerciais, anúncios imprevisíveis da política dos EUA, tensões geopolíticas contínuas e crescentes preocupações com recessão. Essa busca por proteção impulsionou os contratos futuros do ouro a um recorde histórico no dia 22 de abril, alcançando US$ 3.509,90 por onça troy.
Os futuros de ouro da bolsa de Nova York acumulam alta de quase 26% no ano.
Olhando adiante, a demanda por investimento deve continuar ganhando força, considerando os riscos de estagflação no curto prazo, recessão no médio prazo, alta correlação entre ações e títulos, crescimento do déficit dos EUA e preocupações geopolíticas contínuas, segundo o WGC.
BCs: demanda por ouro desacelera
Em outro segmento, a demanda por ouro dos bancos centrais desacelerou no primeiro trimestre, somando 244 toneladas em compras — queda de 21% na comparação anual. Ainda assim, o volume permanece sólido e alinhado com a média trimestral dos últimos três anos, apontou o relatório.
Os bancos centrais são compradores estratégicos de longo prazo e, normalmente, menos sensíveis a movimentos de curto prazo nos preços ou a eventos pontuais.
A menos que haja mudanças estruturais, espera-se que continuem sendo uma fonte constante e saudável de demanda ao longo de 2025, mesmo que o ritmo de compras varie, afirmou Louise Street.
Por outro lado, a demanda por ouro para joalheria caiu acentuadamente no ano, pressionada pelos preços mais altos. Houve fraqueza em todas as principais regiões, com queda global de 21% na comparação anual e recuos expressivos na China e na Índia.
Os volumes atingiram seus níveis mais baixos desde o período em que a demanda foi afetada pela pandemia de covid-19, em 2020.
Ainda assim, em termos de valor, os gastos dos consumidores com joias de ouro aumentaram 9% no ano, alcançando US$ 35 bilhões, segundo o WGC.
Houve crescimento em valor em todos os mercados, exceto na China, indicando que os consumidores estão dispostos a ajustar seus orçamentos.
Por fim, a demanda do setor tecnológico permaneceu estável em relação ao ano anterior, em 80 toneladas. O aumento da demanda ligada à inteligência artificial foi compensado por preços elevados e quedas nos setores de tecnologia sem fio, aplicações industriais e decorativas e odontologia.
Com informações do Valor Econômico
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