Criptoativos

Após um 2025 de queda, Bitcoin tem fôlego para novos recordes em 2026?

Apesar do cenário incerto para as criptos, gestora 21shares prevê alta histórica para o Bitcoin

O ano ainda não acabou, mas já é possível afirmar que o mercado de criptoativos teve um desempenho aquém do esperado em 2025. A eleição de Donald Trump, nos Estados Unidos, um presidente abertamente favorável às criptos, gerou euforia no setor. O otimismo, no entanto, acabou não se concretizando e as principais criptomoedas, como Bitcoin, Ethereum e Solana, acumulam baixas no ano.

Para 2026, o cenário de instabilidade política e econômica deve permanecer, o que pode manter o baixo apetite a risco e afetar diretamente o mercado de cripto. De acordo com Elaine Borges, professora doutora de Finanças da USP, “o ponto central continua sendo os juros reais globais. Cripto é muito sensível à liquidez internacional. Se prevalecer um ambiente de juros persistentemente altos, algo possível dado o endividamento público global, o mercado fica mais contido”, afirma.

Para a gestora 21shares, 2025 foi um ano de adoção institucional das criptos e trouxe maior clareza regulatória. Com isso, a empresa avalia que 2026 não será um período de “boom eufórico”, mas que o mercado está mais estruturado para evoluir. “O potencial de alta pode ser menos explosivo, mas as bases são mais sólidas e as correções mais suaves”, diz a gestora em relatório sobre as perspectivas para o próximo ano.

Apesar do cenário, a 21shares acredita que o Bitcoin, criptomoeda de maior valor de mercado, pode renovar máximas históricas no próximo ano, “com os mercados em geral potencialmente se beneficiando da melhoria da liquidez e do aumento da participação institucional”. Em outubro deste ano, o Bitcoin bateu valor recorde ao alcançar os US$ 126 mil. Atualmente, porém, a cripto está no patamar dos US$ 90 mil.

Outro ponto que deve marcar 2026 é a evolução das discussões em torno das stablecoins, que são criptomoedas que têm o seu valor atrelado a uma moeda fiduciária, como o dólar ou o real, por exemplo. Para Elaine, as stablecoins “devem continuar sendo fundamentais como infraestrutura de liquidez, especialmente para transações internacionais”.

A professora diferencia, porém, as stablecoins das CBDCs (Moedas Digitais de Bancos Centrais, em tradução livre), que são versões digitais da moeda fiduciária de um país, como o Drex. Para ela, as CBDCs “não substituem cripto, mas devem ocupar espaço no varejo digital e nos sistemas de pagamento”. Elaine entende que, em alguns mercados, essas moedas podem reduzir o uso de stablecoins, mas que, em outros, os dois modelos “coexistirão, possivelmente integrando-se em ecossistemas de tokenização e liquidação”, complementa.

Sobre as stablecoins, o relatório da 21shares prevê que o volume do mercado mais que triplique em 2026, saindo do valor atual de US$ 300 bilhões para a casa do US$ 1 trilhão.

Regulação das criptos no Brasil

Dentro das discussões sobre o futuro das criptomoedas no Brasil, o principal fator de destaque no próximo ano deve ser o andamento das novas resoluções apresentadas pelo Banco Central no último mês. A autarquia publicou três resoluções sobre ativos virtuais, inclusive sobre quais operações se inserem no mercado de câmbio e quais situações estão sujeitas à regulamentação de capitais internacionais.

“É um debate que tem uma grande repercussão em diversos organismos nacionais e internacionais e tem muitas questões associadas à estabilidade financeira e, também, aos usos desses instrumentos com o objetivo de ocultação de patrimônio e coisas do gênero”, disse o diretor de Regulação do BC, Gilneu Vivan.

Segundo Fábio Moraes, diretor de Educação e Pesquisa da ABcripto, “o avanço da regulação mostra que inovação e segurança caminham juntas. O Brasil vive um momento único, em que a tecnologia deixa de ser promessa e se torna base real para uma economia digital mais eficiente e acessível”.

No mesmo sentido, a professora Elaine Borges vê com bons olhos as resoluções do BC. “As novas resoluções definem parâmetros para autorização, governança, capital e controles internos de prestadores de serviços de ativos virtuais. A expectativa é de implementação gradual em 2025–2026, com transição para que exchanges e demais players se adequem. Isso tende a aumentar a segurança jurídica e facilitar a entrada de investidores institucionais, ao custo de uma provável redução dos operadores menores que não conseguirem atender às exigências”, conclui.

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