O que acontece com o bitcoin com a queda de juros nos EUA?
Expectativa de decisão do Fed na próxima quarta-feira já movimenta o mercado cripto, que reage de forma mais intensa à liquidez global
Nesta quarta-feira, 17 de setembro, o Federal Reserve (Fed) anunciou a redução das taxas de juros em dólar para a faixa entre 4,00% e 4,25% ao ano. Pouco antes do anúncio da decisão, 96% do mercado esperava esse corte, de 0,25 ponto porcentual. O resultado importa não apenas para ações e títulos globais, mas também para o mercado de criptomoedas.
+ Fed reduz taxa de juros em 0,25 p.p., para faixa entre 4,00% e 4,25% ao ano
Mas o que o arrojado mercado cripto tem a ver com a relativamente tranquila renda fixa?
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Juros mais baixos e apetite a risco
A lógica é direta: juros menores tornam ativos de risco mais atraentes. “Quando os juros caem, os ativos de risco em geral se tornam mais atrativos. Isso porque o investidor tem menos retorno em aplicações seguras, como títulos do governo, e busca alternativas com maior potencial de valorização. Nesse ambiente, cresce o apetite por ativos como ações e criptomoedas”, explica Henry Oyama, diretor da Hashdex. Segundo ele, o corte também reduz o custo de capital e aumenta a liquidez nos mercados, fatores que tendem a sustentar preços mais altos.
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Theodoro Fleury, diretor de investimentos da QR Asset, reforça o ponto. “A perspectiva de redução de juros nos EUA diminui a atratividade dos ativos de renda fixa tradicionais e aumenta a liquidez disponível. Isso cria um ambiente em que investidores buscam ativos alternativos de maior retorno — e as criptomoedas, por seu perfil de alta sensibilidade à liquidez, acabam sendo beneficiadas.”
O que já está no preço das criptomoedas?
Parte desse movimento, no entanto, já foi antecipado. Fleury avalia que o corte de 25 pontos-base está amplamente precificado. O impacto maior viria se tivesse acontecido um corte mais ousado, de 0,5 ponto, considerado pouco provável. Já Oyama destaca que os preços de cripto têm reagido mais recentemente aos indicadores econômicos dos EUA, em especial aos números de inflação e emprego. “Se o Fed confirmar a redução e sinalizar cortes adicionais, ainda existe espaço para mais valorização. O impacto dependerá muito do tom do comunicado – quanto mais clara a disposição do Fed em conduzir um ciclo mais amplo, maior tende a ser o efeito positivo para os ativos de risco, incluindo cripto.”
Além dos juros: novos motores para o mercado cripto
Para além do Fed, outros fatores vêm sustentando o mercado de cripto. Fleury cita a ascensão das chamadas Digital Assets Treasury Companies (DATCs), companhias que se estruturam para acumular ativos digitais em seus balanços. “Esse movimento começou com a MicroStrategy ainda em 2020, mas em 2025 ganhou outra ordem de grandeza”, diz. Além de bitcoin, essas empresas também têm alocado recursos em moedas como ethereum e solana.
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Oyama destaca ainda a adoção institucional da tecnologia – com a tokenização de ativos tradicionais – e os avanços regulatórios nos EUA a favor das criptomoedas. “Esse avanço regulatório nos EUA é particularmente importante porque abre espaço para maior participação de grandes players institucionais”, afirma.
Bitcoin perde espaço
Se até pouco tempo o bitcoin liderava os movimentos do setor, hoje o cenário está mais diversificado. “Nos últimos dois meses temos visto um movimento forte de queda na dominância do bitcoin. Isso significa que, no último rally, as demais criptomoedas têm subido bem mais que o bitcoin”, observa Fleury. Para Oyama, faz sentido: outras teses ligadas a cripto, mais próximas de tecnologia, são também mais sensíveis a mudanças na percepção de risco e liquidez, além de evoluções regulatórias.
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