Conheça os riscos de investir em mercados não regulados, como CFDs e Forex
Além das populares bets, mercados não regulados, como CFDs e Forex, podem lesar e causar prejuízos
Por Victor Rabelo
A busca por enriquecimento rápido pode levar os investidores a correr riscos significativos. As promessas de lucros fáceis estão cada vez mais presentes, especialmente nas redes sociais. Além das populares bets, mercados não regulados, como CFDs e Forex (saiba mais abaixo), também apresentam perigos consideráveis, podendo levar a perdas financeiras substanciais.
Um dos riscos do mercado não regulado é a falta de transparência, uma vez que não há requisitos rigorosos de divulgação de informações sobre as plataformas e operações realizadas. Outro ponto a ser destacado é o risco de fraude, pela ausência de supervisão regulatória.
“Os principais riscos vêm justamente da ausência de regulação local. No Brasil, por exemplo, a CVM já alertou diversas vezes que CFDs não são autorizados a serem oferecidos ao investidor pessoa física. Isso significa que, em caso de problemas — como fraude, manipulação de preços ou falência da corretora — o investidor não tem a quem recorrer”, diz Marcos Piellusch, professor da FIA Business School.
O professor explica ainda que pode haver conflito de interesses nesses mercados. “Muitas plataformas de CFDs e Forex não apenas intermediam, mas também são contraparte das operações, ou seja, ganham quando o cliente perde. Isso gera incentivos distorcidos e aumenta a vulnerabilidade do investidor”.
Segundo Piellusch, um dos maiores sinais de alertas são as promessas de lucros rápidos e garantidos. Ele indica que os investidores observem se a instituição é regulada no Brasil (pela CVM, Banco Central e Anbima) e se a empresa é recém-criada ou sediada em paraísos fiscais.
“A recomendação prática é: se a oferta parece ‘boa demais para ser verdade’, provavelmente é. E nesse caso, o investidor deve buscar alternativas reguladas, que podem até oferecer menos retorno no curto prazo, mas trazem segurança e transparência”, afirma o professor.
Além dos alertas sobre os riscos, é importante ressaltar que existem, no mercado regulado brasileiro, ativos que podem proporcionar alguns dos benefícios que são buscados nessas plataformas. Piellusch acredita que os BDRs, ETFs internacionais e fundos multimercados representam um caminho mais seguro para quem procura diversificação internacional e exposição cambial.
Já para estratégias arrojadas, é possível recorrer a derivativos listados e supervisionados, como contratos futuros, minicontratos e opções, negociados na B3. “Todos sob a supervisão da CVM e do Banco Central, com regras de margem e de transparência”, conclui Piellusch.
O que a CVM diz sobre os mercados não regulados
A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) tem o objetivo de fiscalizar, normatizar, disciplinar e desenvolver o mercado brasileiro. A autarquia tem alertado investidores sobre os riscos de negociar em mercados não regulados e, no ano passado, lançou uma cartilha sobre CFDs e Forex, que faz parte da Série Alertas da CVM.
No documento, a autarquia destaca que “instituições estrangeiras não podem atuar na intermediação de operações no Brasil ou captar investidores brasileiros sem a autorização da CVM” e que, até o momento, não existe qualquer oferta relacionada ao mercado de CFDs ou Forex registrada.
Para a autarquia, “qualquer oferta de CFD realizada no Brasil (incluindo Forex) no presente momento, é irregular. Isso inclui, mas não se limita, a ofertas feitas por instituições estrangeiras por meio da internet”.
Segundo a cartilha, o crescimento dessas plataformas está ligado à ascensão de influenciadores digitais que ofertam essas promessas de ganhos rápidos. “Constantemente, esses influenciadores são patrocinados sem qualquer tipo de transparência. Esta forma de atuação pode configurar atuação como analista de valores mobiliários ou como assessor de investimentos, atividades que dependem de autorização para serem desempenhadas, como também vinculação do influenciador à oferta irregular, hipótese na qual pode ser responsabilizado”, diz o documento.
O que são CFDs e Forex?
Os Contratos por Diferença, conhecidos como CFDs (Contract for Difference), são instrumentos financeiros derivados que possibilitam a especulação sobre as flutuações de preço de diversos ativos, incluindo índices, ações, moedas, ETFs, commodities e criptomoedas. Nesse tipo de negociação, um investidor pessoa física entra em um acordo com uma entidade, frequentemente uma corretora estrangeira, para lucrar com as diferenças de preço entre a abertura e o fechamento de uma posição em um ativo específico.
No contexto das moedas estrangeiras, o mercado de CFDs é frequentemente referido como Forex. Este derivativo simula a compra de uma moeda ao mesmo tempo em que realiza a venda de outra, estabelecendo negociações em pares, como no caso do dólar em relação ao euro, por exemplo. Assim, o investidor participa da dinâmica de troca entre essas divisas, sendo compensado de acordo com a variação nas taxas de câmbio entre as duas moedas envolvidas na transação.
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