“O ETF é a evolução dos fundos de investimentos”, afirma Kikuchi, CIO da Nu Asset
Especialistas comentam o potencial e benefícios que o ETF tem para o investidor e para o mercado
O mercado de ETFs no Brasil está em evolução, mas ainda está longe do potencial que pode atingir. Essa, pelo menos, é a visão de especialistas da área que participaram de um painel no Latin America Investment Conference, evento promovido pelo UBS em São Paulo. Eles enxergam esse produto como uma evolução dos fundos de investimentos.
“O ETF é uma evolução dos fundos de investimentos. Atualmente, nos EUA, o maior estoque de recursos em fundos de investimentos está em ETFs. Acredito que é um assunto que vai se desenvolver no Brasil nos próximos anos”, afirmou Andrés Kikuchi, CIO da Nu Asset.
Segundo Pedro Gabriel Boainain, CIO da Itaú Asset, essa evolução vem porque o ativo é um instrumento que simplifica algumas complexidades que outros produtos têm. “O ETF tem as mesmas vantagens que os fundos, além de ser barato, transparente para o investidor e negociado em bolsa, o que facilita a liquidez e o acesso”.
Outro ponto citado por Kikuchi é o potencial que o produto tem de simplificar a seleção de ativos, assim como a possibilidade de diversificação em setores específicos.
“É possível investir em índices com diversos ativos, e de diversos lugares. A inovação também é um ponto, pois ele vem ganhando outras características, como moedas, commodities, dividendos”, apontou.
Diversificação de novos produtos e destaque para renda fixa
A possibilidade de criar ETFs que não sejam especificamente em ações e renda variável também foi citada como potencial de alavancar a adesão ao investimento no Brasil – principalmente na evolução de fundos de índices ligados à renda fixa.
“O Brasil é um país de renda fixa. A renda variável não é popularmente aderida, e por isso é importante destacar que um ativo negociado em bolsa não necessariamente é um ativo de renda variável, o ETF também pode ser de renda fixa e de outros tipos”, ressaltou Boainain.
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O CIO da Itaú Asset destacou que o ETF de renda fixa é uma aposta grande, mas que ainda é preciso mostrar aos investidores que a bolsa não é só um local de negociação de renda variável. “Vejo que a indústria amadureceu para trazer produtos de ETFs que façam sentido para o investidor, não apenas tentar adivinhar o que pode dar certo aqui com o que deu certo fora do país”.
Para o CIO da Nu Asset, o mercado de ETFs no Brasil, assim como nos EUA, pode evoluir para ativos mais setoriais, como os ETFs de dividendos.
“Por mais que o dividendo reinvestido seja importante, para muitos investidores a distribuição de dividendos é um atrativo, o que levou a uma adesão muito forte. Assim, vivemos um movimento oportuno no Brasil para desenvolver outras estratégias. Evoluir da eficiência e ir para as demandas e necessidades do investidor”, afirmou.
Isaac Marcovistz, Gerente Executivo da BB Asset, ainda acrescentou que a educação financeira é essencial para entender como trazer o investidor brasileiro para o mercado. “Deve-se utilizar de instrumentos como benefícios tributários, distribuição de renda e outros meios para ganhar amplitude de distribuição entre as pessoas físicas”.
O mito da falta de liquidez dos ETFs
Outro ponto de discussão no painel foi o mito de que não há liquidez nos ETFs. Segundo os especialistas, esclarecer o funcionamento desse tipo de investimento pode ajudar a destravar esse mercado no Brasil.
“Tirando as limitações na hora do lançamento do ETF, a falta de liquidez é um mito. Além da educação, há outros instrumentos que podemos ter para destravar os investimentos, como regulamentação e outros incentivos”, pontuou Pedro Gabriel Boainain.
“É importante atualizar a regulamentação, porque ela foi pensada para fundos estruturados, mas o ETF não é isso. Ele pode ser aportado para risco ou segurança, depende de cada índice, então há uma necessidade repensar as travas que hoje existem em relação ao investimento”, disse.
Andrés Kikuchi completou que a mudança na própria classificação dos ETFs como apenas renda variável é uma coisa que pode simplificar o mercado.
“O ativo permite a inovação, por isso é tão importante rever suas regulamentações, para que ele possa ser mesmo uma solução de investimento. Temos a oportunidade de mudanças e essas mudanças têm um resultado final muito benéfico para o investidor e para todo o mercado”.
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