FII com prazo determinado: o que é e como avaliar se vale a pena?
Retornos oferecidos por esses FIIs são elevados, mas investidor precisa se atentar aos riscos envolvidos
Os fundos imobiliários já são conhecidos por muitos investidores. Mais de 2,5 milhões de brasileiros que têm cotas de FIIs em suas carteiras. No entanto, há peculiaridades a depender do tipo de fundo, como no caso dos fundos imobiliários com prazo determinado. “Fundos com prazo determinado não são tão comuns, principalmente entre os maiores e mais líquidos”, diz Carol Borges, analista de FIIs da EQI Research. Entenda o que são esses fundos e como saber se vale a pena investir neles.
O que são os FIIs com prazo determinado?
São fundos de investimento constituídos para durar por um tempo predeterminado. Quando são criados e têm suas cotas emitidas, o gestor do fundo já diz o prazo de vencimento, no qual o investidor deverá receber o valor investido e a rentabilidade obtida. Normalmente, os fundos desse tipo são feitos para o desenvolvimento de novos projetos imobiliários, explica Borges. “O fundo realiza a construção de imóveis e depois os vende. Com a venda, o fundo acaba”, diz.
No início da vigência desses FIIs, não há distribuição de dividendos. Afinal, os imóveis ainda estarão sendo construídos, e não há lucro para compartilhar com os cotistas. Por essa razão, esses FIIs costumam ter baixa liquidez, explica Arthur Vieira de Moraes, professor de finanças e sócio do Clube FII. “Se a estratégia da gestão daquele fundo não vai gerar liquidez, seja porque vai distribuir para poucos cotistas ou porque não haverá o pagamento recorrente de dividendos, o prazo determinado dá ao investidor um horizonte de saída”, complementa.
“Há um horizonte de tempo para prospectar os terrenos, desenvolver e vender as unidades. A estratégia, geralmente, é desenvolver o projeto, vender e devolver o dinheiro para o investidor”, explica ele.
Se os fundos imobiliários de renda são comparados muitas vezes à opção de comprar um apartamento e coloca-lo para locação (em que os dividendos distribuídos pelos fundos são comparados com o aluguel), os FIIs com prazo determinado são os correlatos à estratégia de comprar um imóvel na planta para vendê-lo depois de pronto.
Faz sentido investir?
“Não é um tipo de fundo para investidores iniciantes ou para quem busca uma renda mensal recorrente”, alerta Carol Borges.
Arthur Vieira de Moraes completa: “esse fundo é adequado a um perfil bem específico, que não está buscando a renda, mas quer participar como sócio do desenvolvimento de um projeto”.
E vale o alerta: as cotas desses fundos até podem ser negociadas na bolsa, mas muitas vezes não têm liquidez – ou seja, pode ser difícil encontrar um comprador. Isso quer dizer que, antes de investir, é preciso fazer um planejamento financeiro para garantir que o investidor não precisará daquele recurso antes do prazo.
Outro ponto é que preciso ter cuidado ao comprar cotas desses fundos no mercado secundário, pois é importante entender qual o momento certo para entrar no fundo. “O fundo vai amortizando o valor patrimonial ao longo do tempo [devolvendo ao cotista o valor investido mais os lucros]. Conforme vai vendendo os imóveis, vai devolvendo o dinheiro para o cotista”, diz Carol.
É nessa fase que os fundos podem chamar a atenção de investidores desavisados, que veem o valor elevado de dividend yield e pensam que aquela distribuição será recorrente. “Sempre que vemos esses fundos amortizando, vemos que o preço começa a subir, o que não faz sentido, porque se o fundo está devolvendo capital, significa que o patrimônio dele está diminuindo, o fundo está vendendo todos os imóveis que ele construiu e no fim das contas a cota tem que ir a zero, porque ele vai acabar e vai fechar”, diz Carol.
Quais os riscos?
Arthur Vieira de Moraes alerta que o desenvolvimento é “o que tem de mais arriscado no mercado imobiliário”. O projeto que seria financiado pelo fundo pode não sair do papel, pode ser mais caro do que era esperado, a construção pode atrasar e, terminada a construção, os imóveis podem não ser vendidos no preço esperado.
Em troca desse risco, os fundos costumam oferecer retornos elevados – de IPCA+10% a IPCA+15%, segundo o professor.
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