Como funciona o P/L: entenda o que é o indicador de preço sobre lucro
Comprar um ativo por um valor barato e vendê-lo quando atingir uma cotação maior parece ser o objetivo da maioria das pessoas que operam na Bolsa de Valores.
No mercado de ações, especificamente, esse desejo se realiza quando a empresa em questão tem as finanças em ordem, está crescendo no seu segmento, mas a cotação de seu papel ainda não refletiu a boa fase da companhia.
Sabia que existe uma forma de identificar se isso está acontecendo, usando uma conta de divisão simples?
Sim, este indicador – também conhecido como múltiplo – se chama P/L (preço sobre lucro). Na tradução para o inglês, vira P\E ou Price Earnings.
Mas o que é, exatamente, o múltiplo P/L? Acompanhe a leitura que iremos explicar o conceito, sua importância e como calcular corretamente.
O que é preço sobre lucro?
O P/L é um múltiplo que relaciona o preço das ações de uma empresa aos seus lucros. Dessa forma, pode ajudar na tomada decisão do investidor e a entender melhor como funciona uma bolsa de valores.
Qual o conceito do P/L?
Trata-se de um cálculo bastante conhecido dos adeptos da análise fundamentalista, isto é, entre aqueles que tentam descobrir o valor da empresa aos olhos do mercado, a fim de saber se a ação está super ou subavaliada pelos investidores.
Por que o preço sobre lucro é importante?
O Preço Sobre Lucro indica a relação entre o valor de mercado da empresa e os seus lucros anuais, referentes àquele ano ou projetados para o futuro. É por esse múltiplo que os investidores ficam sabendo quão disposto o mercado está a pagar pelos resultados da companhia.
Como calcular o P/L?
Para calcular o P/L, é preciso antes saber o Lucro por Ação (LPA) da empresa, usando a seguinte conta:
Divida o lucro pela quantidade total de ações da companhia. Isso porque o P/L = P ÷ LPA
Na prática em 3 etapas:
- Imagine que o preço da ação da empresa X seja R$ 27;
- Considere também que, ao dividir seu lucro em 2021 pela quantidade de ações, você chegou a um LPA de R$ 1,50;
- Se P/L = P ÷ LPA, logo, basta fazer 27 ÷ 1,50 para chegar ao P/L de 18, ou “18 vezes”.
Como interpretar o resultado?
Ora, quanto menor o múltiplo, mais chances existem de aquela S.A. ser um bom investimento, pois certamente ela tem um numerador pequeno (ou uma cotação baixa) em relação a um denominador alto (bastante lucro por ação).
Esse múltiplo também representa o número de anos necessários que a empresa vai levar, considerando o mesmo lucro anual usado no cálculo, para ela devolver ao mercado o valor que está sendo pago por ela.
Ou seja, um P/L de 18 vezes significa que a companhia precisará faturar a mesma cifra por 18 anos para justificar o investimento feito pelos acionistas que compraram seus papéis.
Veja também: glossário simplificado dos termos financeiros.
O que acontece quando o P/L é muito alto?
Antes de concluir que um P/L alto significa, necessariamente, um prejuízo para sua carteira, saiba que, quando o assunto é precificação de ativos na Bolsa, nada é tão simples assim.
Muitas vezes, múltiplos altos (como o do exemplo acima, de 18 vezes!) também sinalizam boa oportunidade de entrada no papel, pois pode se tratar de uma companhia com forte projeção de crescimento, dado um cenário extremamente favorável no setor em que atua.
Aliás, quando a economia de um país vai bem, é normal as empresas da Bolsa terem P/L alto, do mesmo modo que, em momentos de crise econômica, os mesmos ativos ficam com o múltiplo abaixo da média histórica.
Veja um cenário de preço sobre lucro alto
Considere uma ação X com P/L de 18 vezes e faturamento de R$2 bilhões, enquanto outra ação Y apresenta múltiplo de 6 vezes, mas fatura R$20 bilhões.
Antes de achar que o ativo da primeira está supervalorizado na Bolsa, se comparado à segunda, é preciso entender por que os papéis da empresa X estão mais caros. Ora, ela pode ser uma startup, com projeção de crescimento meteórico nos próximos anos.
Já a ação Y é de uma petroleira que – apesar de apresentar um P/L atrativo à primeira vista -, sua ação não desperta o mesmo desejo do mercado, interessado em companhias com tendência de valorização mais rápida.
Em um outro cenário, podemos ter uma empresa com um P/L baixo, mas – em vez de ela ser uma pedra bruta subavaliada – a companhia está mais para uma ação cheia de problemas na gestão, explicando o desinteresse dos investidores.
E quando o P/L é negativo?
Às vezes acontece até de o múltiplo aparecer negativo, e isso ocorre quando a empresa teve prejuízo no lugar de lucro.
Mas nem o sinal de menos implica a certeza de um péssimo investimento, pois aquela companhia pode ter apresentado uma saída de capital pontual no balanço.
Por exemplo, para adquirir sua concorrente — o que não a impede de lucrar bastante num futuro próximo.
Apenas o preço sobre lucro é suficiente para investir?
Perceba que o P/L é um indicador importante, mas não o único a ser considerado por quem faz uma análise fundamentalista para identificar um ativo realmente bom e barato.
É preciso sempre investigar os verdadeiros motivos de um múltiplo estar alto ou baixo.
Também é interessante acompanhar a evolução do Preço sobre Lucro ao longo de um período, para ver se a percepção do mercado sobre a companhia vem se mantendo ou não.
Feita a análise, ainda é possível adicionar a variável lucro da empresa e observar essas duas linhas num mesmo gráfico.
Como o P/L impacta os seus investimentos?
É para isso que serve o P/L: para você identificar se uma empresa está em processo de crescimento sem que o mercado esteja percebendo (ou precificando) tal oportunidade.
Mas cuidado para não achar que os lucros passados representam ganhos futuros na companhia, ok? Sempre considere o cenário que a empresa está inserida.
Outra recomendação importante é na hora de diversificar os investimentos e comparar o múltiplo P/L entre várias empresas.
O ideal é utilizar S.A.s do mesmo setor ou adotar como referência para o múltiplo a média de um determinado segmento, geralmente, de ações pertencentes a um índice.
É normal que uma companhia considerada um “unicórnio” pela estimativa de rápido crescimento apresente um P/L maior que uma gigante estatal listada na Bolsa.
Agora que você já aprendeu como medir a disposição do mercado em pagar pelos lucros de uma empresa, que tal observar quanto está pagando pelas suas expectativas de crescimento dos ativos da sua carteira?
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