Investir melhor
Entenda os riscos do Tesouro Direto para tirar o melhor desse investimento
Emprestar dinheiro ao governo pode, sim, ser uma das formas mais seguras de investir

Carol Stange
Planejadora financeira e consultora independente de investimentos, Carol Stange atua como multiplicadora do programa “Eu e meu dinheiro” do Banco Central e acumula as certificações CEA (Anbima) e CNPI-T (Apimec), além de ser Consultora CVM, criadora da marca “Como enriquecer seu Filho” e cofundadora do Instituto de Educadores Financeiros.
Muito investidor se assusta com números negativos no extrato dos seus investimentos do Tesouro Direto. Parece contraditório, mas até o investimento mais seguro do Brasil pode provocar frio na barriga em quem não entende como ele funciona.
Criado em 2002, o programa do Tesouro Nacional já soma mais de duas décadas de história. Nesse tempo, atravessou mudanças de governo, crises econômicas e até pandemias. E, apesar de continuar sendo uma das formas mais acessíveis e seguras de investir, a experiência prática mostra que segurança não é sinônimo de tranquilidade no caminho.
Tesouro Direto tem melhor mês de julho em vendas de títulos; Tesouro Selic lidera
A segurança que engana
Certa vez, um investidor me procurou indignado: havia aplicado em um título público de longo prazo e, meses depois, seu extrato mostrava perdas.
“Como assim? Não era o investimento mais seguro do Brasil?”
Foco na experiência do usuário: como o Tesouro Direto alcançou 3 milhões de investidores
O que ele não sabia – e que pouca gente explica com clareza – é que, embora os títulos públicos tenham risco de crédito baixíssimo (o governo é quem garante), eles sofrem oscilações de preço no dia a dia. Isso acontece por causa da marcação a mercado: quando os juros mudam, o valor dos títulos já emitidos também muda.
Resultado: até o “porto seguro” pode assustar quem olha o extrato sem entender a dinâmica.
Atenção aos prazos
Dizem que emprestar dinheiro ao governo é o investimento mais seguro que existe. Mas, na prática, essa “segurança” pode custar caro para quem precisa resgatar antes do prazo. Afinal, o Tesouro paga no vencimento – mas no meio do caminho, a história pode ser bem diferente.
É nesse intervalo que mora a armadilha: quem olha para o saldo e não entende as oscilações pode vender no pior momento, transformando um investimento seguro em um prejuízo real.
Entenda os riscos do Tesouro Direto
Aqui está o ponto central:
- O risco de crédito – o governo não pagar – é baixíssimo.
- Mas o risco de mercado – oscilar no meio do caminho – é real.
Se você precisar vender o título antes do vencimento, pode sair com prejuízo. Se levar até o fim, recebe exatamente o combinado: a taxa de juros + a correção contratada.
Portanto, o Tesouro não é ilusão. A ilusão está em achar que ele se comporta como uma poupança sem altos e baixos.
O que realmente importa na hora de investir no Tesouro Direto
Emprestar dinheiro ao governo pode, sim, ser uma das formas mais seguras de investir. Mas, para funcionar como prometido, exige coerência de prazo: títulos longos pedem objetivos longos.
Quem compra esperando resgatar quando quiser confunde segurança com estabilidade – e é aí que nasce a frustração.
A lição da constância
No fim das contas, títulos públicos são como promessas: funcionam bem quando respeitamos o prazo combinado. Eles podem ser grandes aliados para proteger o patrimônio da inflação e garantir estabilidade, mas só se você não cair na armadilha de esperar que se comportem como aplicações sem oscilações.
Porque, no mercado, a verdadeira segurança não é ausência de risco – é entender qual risco você está disposto a carregar.
*As opiniões contidas nessa coluna não refletem necessariamente a opinião da B3
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