Organizar as contas
O que fazer depois da reserva de emergência: 3 erros que custam uma aposentadoria
Lembre-se: o maior risco não é errar nos investimentos. É não começar nunca

Carol Stange
Planejadora financeira e consultora independente de investimentos, Carol Stange atua como multiplicadora do programa “Eu e meu dinheiro” do Banco Central e acumula as certificações CEA (Anbima) e CNPI-T (Apimec), além de ser Consultora CVM, criadora da marca “Como enriquecer seu Filho” e cofundadora do Instituto de Educadores Financeiros.
Parabéns! Você conseguiu algo que a maioria dos brasileiros ainda não conquistou: uma reserva de emergência completa. Mas agora vem a pergunta que poucos fazem – e que pode custar uma aposentadoria inteira: e agora?
Se você é como 80% das pessoas que já conheci ao longo de meus 15 anos como planejadora financeira, provavelmente está cometendo pelo menos um dos três erros que vou mostrar aqui. Erros que, no longo prazo, podem representar a diferença entre uma aposentadoria tranquila e ter que trabalhar até os 70.
Quanto investir para se aposentar com R$ 5, R$ 10 ou R$ 15 mil de renda?
A boa notícia? Todos são fáceis de corrigir. A má? Cada mês que passa sem corrigi-los é dinheiro que não volta mais.
Erro 1: Transformar a conta da reserva em “poupança infinita”
Esse é o clássico. A pessoa monta a reserva de emergência de 6 meses, mas continua depositando todo dinheiro “extra” na mesma conta. Resultado? Dois anos depois, tem 18 meses de gastos parados na poupança ou conta corrente.
Já vi cliente com R$ 200 mil “de reserva” quando precisava de R$ 60 mil. Os outros R$ 140 mil? Perdendo para a inflação e deixando de ganhar o que o CDI oferece há anos.
A solução: Defina um teto para sua reserva. Chegou lá? Todo excedente vai para investimentos. Simples assim.
Erro 2: Achar que existe apenas um tipo de reserva
Aqui está um conceito que poucos conhecem: reserva de emergência não é a mesma coisa que reserva de oportunidades.
A reserva de emergência é para quando a vida aperta – desemprego, doença, emergência familiar. Deve ficar em aplicações conservadoras e de liquidez imediata.
Já a reserva de oportunidades é um dinheiro guardado que excede o valor da reserva de emergência, também em aplicações de alta liquidez e baixo risco, mas com finalidade completamente diferente: aproveitar oportunidades vantajosas que surgem inesperadamente.
Pode ser aquele imóvel que o proprietário decide vender com desconto, um investimento pontual em baixa, ou até mesmo aqueles “gastos supérfluos” planejados que fazem a vida valer a pena – uma viagem especial, um curso que sempre quis fazer.
Em 15 anos acompanhando clientes, já vi muita gente misturar as duas e se dar mal. Gastar a reserva de emergência como se fosse a de oportunidade é um tiro no pé. É preciso ter muito claro onde uma acaba e a outra começa.
Erro 3: A síndrome do “quando eu souber mais, eu invisto”
Este é o mais caro de todos. A pessoa tem a reserva pronta, dinheiro sobrando todo mês, mas fica eternamente “estudando” antes de começar a investir.
Enquanto isso, os meses passam. E cada mês sem investir é um mês a menos de juros compostos trabalhando a seu favor.
Calculei recentemente para um casal jovem: postergar o início dos investimentos em apenas 2 anos pode custar mais de R$ 300 mil na aposentadoria. É literalmente o preço de um apartamento.
A realidade: Você não precisa ser especialista para começar, mas pode ser a melhor opção buscar a ajuda de um profissional especialista para dar início a uma carteira segura e rentável.
O que fazer na prática
Se você se identificou com algum desses erros, aqui está o roteiro:
- Calcule sua reserva ideal (em geral, de 6 a 12 meses de gastos essenciais)
- Separe reserva de emergência da de oportunidades
- Comece a investir o excedente, mesmo que com valores pequenos
- Aumente gradualmente conforme ganha confiança
Lembre-se: o maior risco não é errar nos investimentos. É não começar nunca.
Sua reserva de emergência foi o primeiro passo. Agora é hora de dar o segundo – antes que o tempo (e os juros compostos) trabalhem contra você.
As opiniões contidas nessa coluna não refletem necessariamente a opinião da B3
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