Investir melhor
Por que quem tem dinheiro não deixa na Poupança (e você deveria saber disso)

Carol Stange
Planejadora financeira e consultora independente de investimentos, Carol Stange atua como multiplicadora do programa “Eu e meu dinheiro” do Banco Central e acumula as certificações CEA (Anbima) e CNPI-T (Apimec), além de ser Consultora CVM, criadora da marca “Como enriquecer seu Filho” e cofundadora do Instituto de Educadores Financeiros.
Existe uma diferença gritante entre quem tem R$ 100 mil e quem tem R$ 1 milhão. Não é só o valor – é onde esse dinheiro fica guardado. Enquanto a maioria dos brasileiros ainda vê a poupança como porto seguro, quem realmente acumulou patrimônio fugiu dela há muito tempo. E não é por acaso.
Depois de mais de 15 anos acompanhando carteiras de todos os tamanhos, posso te garantir: existe um padrão claro no comportamento de quem conseguiu multiplicar seu dinheiro. E a poupança não faz parte dele.
O que eles sabem que você (ainda) não sabe
Eles calculam o custo real da “segurança”. Enquanto você vê a poupança rendendo “sem risco”, eles veem dinheiro derretendo todo mês.
Um cliente me mostrou uma planilha que ele faz religiosamente onde compara o rendimento da poupança com a inflação real do que ele consome. Esse cálculo é chamado de Inflação Pessoal. Resultado? Nos últimos cinco anos, ele teria perdido poder de compra em 90% dos meses se tivesse ficado na poupança.
“Carol, segurança que me faz ficar mais pobre não é segurança. É ilusão”, ele me disse.
Eles entendem que liquidez não é sinônimo de poupança
Aqui está o grande equívoco: achar que só a poupança oferece dinheiro disponível na hora que precisa.
Tenho clientes com R$ 500 mil em CDBs de liquidez diária que rendem acima do CDI. Querem sacar? Está na conta corrente no mesmo dia. Diferença para a poupança? Cerca de R$ 3 mil a mais por mês.
Mesma liquidez, rentabilidade muito superior. Por que ficar na poupança?
Eles diversificam até a reserva de emergência
Enquanto a maioria coloca toda a reserva num lugar só, quem tem patrimônio espalha até isso.
Uma empresária que atendo aceitou minha sugestão de dividir sua reserva em três partes: 1/3 em CDB de liquidez diária remunerando acima do CDI, 1/3 em Tesouro Selic, 1/3 em fundos DI de bancos grandes com rentabilidade atrativa, porém conservadora. A segurança e liquidez estão mantidas, mas a rentabilidade é mais que o dobro da poupança.
O que você faz vs o que eles fazem
Você pensa: “Poupança é segura porque nunca perde dinheiro”
Eles pensam: “Poupança é arriscada porque sempre perde para a inflação“
Você pensa: “Não entendo de investimentos, melhor ficar no conhecido”
Eles pensam: “Não entender me custa caro, melhor aprender ou contratar quem entende”
Você pensa: “Vou começar a investir quando tiver mais dinheiro”
Eles pensam: “Vou investir para ter mais dinheiro”
O primeiro passo para sair da poupança
Não precisa virar trader nem especialista em ações. Comece simples:
Mês 1: Abra conta numa corretora grande
Mês 2: Transfira 30% da poupança para um CDB de liquidez diária
Mês 3: Coloque mais 30% no Tesouro Selic
Mês 4: Avalie os resultados e decida os próximos passos
Pronto. Você já está investindo melhor que 70% dos brasileiros – e se sentir dificuldade em cada um desses passos, procure um educador e planejador financeiro para te ajudar.
A verdade que incomoda
A poupança não é um investimento. É um estacionamento caro para o seu dinheiro.
Quem tem patrimônio entendeu isso cedo. Quem ainda não tem, geralmente demora para entender.
A diferença entre ficar rico e ficar na mesma muitas vezes está nessa escolha aparentemente simples: onde deixar o dinheiro guardado.
Seus R$ 50 mil na poupança não vão se transformar em R$ 500 mil por mágica. Mas bem investidos, com paciência e estratégia, podem chegar lá.
A pergunta é: você vai continuar fazendo o que todo mundo faz, ou vai começar a fazer o que quem tem dinheiro faz? A escolha é sua. As consequências também – dê o primeiro passo.
As opiniões contidas nessa coluna não refletem necessariamente a opinião da B3
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