Organizar as contas

Seu verdadeiro legado não é o dinheiro: Como ensinar seus filhos a construir riqueza de verdade


Carol Stange, colunista Bora Investir. Fonte: Arquivo pessoal.

Carol Stange

Planejadora financeira e consultora independente de investimentos, Carol Stange atua como multiplicadora do programa “Eu e meu dinheiro” do Banco Central e acumula as certificações CEA (Anbima) e CNPI-T (Apimec), além de ser Consultora CVM, criadora da marca “Como enriquecer seu Filho” e cofundadora do Instituto de Educadores Financeiros.


Se você pudesse escolher entre deixar para seus filhos um grande patrimônio ou a capacidade de construir e gerir o próprio dinheiro, qual das duas opções garantiria um futuro mais próspero para eles?

Muitas famílias se preocupam em acumular bens e investimentos para as próximas gerações, mas deixam passar um detalhe fundamental: dinheiro sem conhecimento não sobrevive por muito tempo.

Posso abrir contas em bancos e corretoras em nome do meu filho?

Já vi heranças inteiras evaporarem em poucos anos porque os herdeiros nunca foram ensinados a lidar com o dinheiro que receberam. E também já vi famílias sem grandes fortunas formarem filhos financeiramente responsáveis, que souberam construir riqueza por conta própria.

O verdadeiro legado não é quanto você deixa, mas como você prepara sua família para administrar isso.

O maior erro dos pais quando o assunto é dinheiro

Muitos pais evitam falar sobre dinheiro com os filhos. Seja porque acham que crianças “não precisam se preocupar com isso” ou porque nunca receberam essa educação em casa. O problema? O mundo real cobra essa conta cedo ou tarde.

O primeiro salário, o primeiro cartão de crédito, a primeira decisão de compra importante — se seu filho não tiver sido educado financeiramente antes desses momentos, é bem provável que ele aprenda da pior forma: com erros evitáveis e prejuízos desnecessários.

Educação financeira não é sobre ensinar a “juntar dinheiro”, mas sobre desenvolver responsabilidade e visão de longo prazo. E quanto mais cedo esse aprendizado começar, melhor.

Como ensinar educação financeira na prática

Não basta falar sobre dinheiro — é preciso transformar isso em um aprendizado prático. Algumas formas de fazer isso no dia a dia:

1. Deixe seus filhos tomarem decisões (com consequências reais)

Se seu filho recebe mesada, ensine-o a administrar o próprio dinheiro. Ele quer gastar tudo de uma vez? Deixe (desde que com desconforto administrável). Quando o dinheiro acabar antes do fim do mês, ele sentirá o impacto e entenderá a importância do planejamento.

2. Ensine sobre trabalho e recompensa

Já atendi muitas famílias que davam tudo aos filhos, sem esforço por parte deles. Quantas vezes eu mesma, como mãe, não me flagrei querendo dar coisas aos meus filhos antes mesmo de pedirem. Mas se queremos que uma criança entenda o valor do dinheiro, ela precisa ver a relação entre trabalho e recompensa. Pequenas tarefas remuneradas dentro de casa, por exemplo, são um excelente começo.

3. Ensine a seus filhos a diferença entre desejo e necessidade

Aquela conversa clássica no shopping: “Mas eu quero esse brinquedo!” Responder com um simples “não” geralmente não é o suficiente. Pergunte: Você realmente precisa disso? Você quer comprar isso agora ou prefere guardar para algo maior no futuro? Será que você já não tem um brinquedo semelhante? Incentivar a reflexão é o primeiro passo para desenvolver o autocontrole financeiro.

4. Dê o exemplo

Crianças aprendem muito mais pelo que veem do que pelo que ouvem. Se seus filhos observam que você planeja seus gastos, investe e tem um relacionamento saudável com o dinheiro, há uma grande chance de que eles sigam esse caminho naturalmente.

Legado de verdade: Riqueza que não se perde

O dinheiro que você deixa pode durar alguns anos. Mas a educação financeira que você transmite pode durar gerações.

Se você quer estruturar um plano financeiro para garantir que sua família não apenas receba um patrimônio, mas saiba preservá-lo e multiplicá-lo, um consultor e planejador financeiro independente pode te ajudar.

Porque, no final, o melhor presente que você pode dar aos seus filhos não é um cofre cheio, mas a capacidade de nunca depender dele.

As opiniões contidas nessa coluna não refletem necessariamente a opinião da B3

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