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Interesseira x interessada: como as mulheres lucram na relação 

Mulher pensando
Mulher com dúvida

Francine Mendes

@francinemendes

Francine Mendes Gregori é Fundadora e CEO da FemFintech ELAS QUE LUCREM (EQL). Economista formada pela UFSC e especialista em educação financeira para mulheres, mestre em Psicanálise do Consumo pela Universidad Kennedy, Presidente do comitê de Insurtech da Abranet e autora do livro ‘Mulheres que Lucram’, o 4o livro mais vendido de finanças do Brasil.


Um dia desses, sozinha no sofá, farta da minha rotina tripla de mãe, mulher e esposa, empresária, vaguei pelas plataformas de streaming para encontrar algo bobo que prendesse minha atenção. 

Parei num filme da série Sexy and City e uma cena chamou minha atenção, quando a personagem principal, Carrie, e seu par romântico, Big, decidem morar juntos. Ela ficou feliz com o pedido, mas não entusiasmada por ir morar numa confortável casa que ele comprou. 

Ela morava num apartamento pequeno, mas mesmo com a ideia de ir para um ambiente mais belo, questionou a iniciativa. Ela não estava disposta a começar uma história sem antes entender o que seria dela, dele e de ambos. As palavras que usou me chamaram a atenção: “Na verdade, é a sua casa, devo ser esperta. Não sou casada, não tenho direitos legais. Sabe, quero algo que seja nosso.” 

Na sua opinião, a personagem é uma mulher interesseira ou interessada? Carrie expôs seus medos, estava interessada na sua saúde financeira. Mesmo tendo o amor no centro, sabia que isso poderia levar sua trajetória por caminhos financeiros e emocionais inseguros. Seu parceiro poderia julgá-la interesseira, mas essa transparência a protegeria das armadilhas do próprio coração. 

Interesseiras são mulheres fragilizadas estruturalmente, com ego carente de experiências e sensações de prazer avassaladoras reprimidas, que precisam tirar vantagens a qualquer custo. 

Por outro lado, as interessadas, são mulheres que costumam ponderar suas pretensões de felicidade, porém, doam-se da mesma forma que recebem vantagens. Elas sabem que precisam lucrar com suas decisões. Ocorre que muitas ainda se calam por medo de rejeição. Dessa forma, cada vez mais ficamos cansadas, exaustas e pobres. 

Portanto, não é vergonha alguma você conversar com seu parceiro sobre dinheiro. Existe um dinheiro invisível na conta bancária emocional das mulheres, chamado dinheiro subjetivo. É uma conta de crédito e débito das emoções. Quanto mais você trabalha de graça, escolhe empregos com jornada flexível demais e não sabe exatamente quanto teria se seu relacionamento deixasse de existir, mais deficitária fica sua conta bancária emocional e financeira. 

Talvez você se sinta insegura para ter essas conversas, entretanto, deveria ganhar um pró labore (salário dos sócios) por seu tempo disponível pela família. O casamento é uma sociedade, e os sócios precisam ser remunerados. Como está a balança do seu relacionamento? Se pesar demais para seu lado, seja menos disponível aos outros e mais a si própria.

No mês das mulheres, temos que avaliar se o contrato que fazemos com a sociedade de sermos pouco reconhecidas está nos empobrecendo. Para mudar essa realidade, todas deveriam ter um convênio de benefícios emocionais e financeiros. Na plataforma Elas que Lucrem você pode fazer o seu. Lembre-se, as mulheres foram submetidas a um frágil sistema educacional, nada é culpa sua; o desafio dos homens é incentivá-las para que sejam úteis a si próprias, antes de serem úteis a eles.