Organizar as contas

O que vão pensar de mim? Como falar com seu parceiro sobre dinheiro


Francine Mendes

@francinemendes

Francine Mendes Gregori é Fundadora e CEO da FemFintech ELAS QUE LUCREM (EQL). Economista formada pela UFSC e especialista em educação financeira para mulheres, mestre em Psicanálise do Consumo pela Universidad Kennedy, Presidente do comitê de Insurtech da Abranet e autora do livro ‘Mulheres que Lucram’, o 4o livro mais vendido de finanças do Brasil.


Lembro dos meus primeiros dias de namoro com meu marido. Tudo fluia, nossos pensamentos pareciam navegar em águas tranquilas, mesmo diante do mar revolto em torno de nossa união. Nada me abalava, apesar de chegar na relação meio enrolada – 2 filhos pequenos de outros relacionamentos conturbados, uma carreira em expansão e uma vontade inestimável de tornar todas as mulheres independentes através da minha especialidade em finanças. 

Firmamos desde o início que nosso relacionamento seria transparente. Mas não era, eu não conseguia falar com ele sobre dinheiro e sobre o que eu achava justo ou não em nossa união. Como é possível uma profissional que só fala disso, enfrentar a barreira mais injusta que são submetidas as mulheres – a insegurança emocional. 

Tive medo de expor minhas ambições financeiras, de propor uma conta conjunta e uma conta separada, de deixá-lo responsável emocionalmente e financeiramente por setores específicos da casa e do trabalho. Calei-me por meses e fui tomando decisões isoladas para que ele não emitisse julgamento sobre minhas atitudes. Os resultados foram danosos e precisamos de ajuda externa para lidar com a situação. 

Essa relação fantasmagórica que nós mulheres temos com o dinheiro é o que muitas vezes nos afasta dessa ferramenta tão potente quanto milagrosa. O que vão pensar de mim? 

Acredite, eu como autora best seller nesse assunto, tive que enfrentar alguns medos para não infringir o pacto de transparência com meu parceiro. 

Aqui estão alguns insights e soluções do meu business plan emocional para garantir que ambos sejam fiéis, sobretudo financeiramente. 

Primeiro, tem que falar o que estamos sentindo, nem que busquemos ajuda profissional de uma terapeuta. Uma relação precisa ser segura para ambos, independente de quem tem menos ou mais recursos. Dependência emocional é tão violenta quanto a financeira. 

Segundo, quem ganha mais paga mais; detalhe, nós mulheres somos muito mais caras que os homens. Olhe como seu parceiro se veste e se cuida comparado a você. O homem é mais visual e se atrai pela beleza. Por isso, gastamos o que não podemos com bobagens, maquiagens, unhas, roupas, para despertar a atenção dele. Por mais que você negue, é assim que seu inconsciente trabalha porque é o contexto social que estamos inseridas. 

Terceiro, todo casal tem que ter 3 contas bancárias: a dele, a dela e a dos dois. Todo mundo tem que ter uma mesada. Grande ou pequena, uma quantia para fazer o que quiser sem dar

satisfação a ninguém. 

Conta conjunta é só para objetivos e despesas conjuntas. Entretanto, é bom lembrar que tudo para mulher é mais caro, sem contar que nós ainda fazemos muito trabalho de graça ou quase de graça. Você vale (e custa) ouro na relação. 

Portanto mulher, atenção: cuide-se, invista bem seu tempo e faça seu pé de meia. Aos 40 anos nós ouvimos que somos descartáveis(e muitas realmente são descartadas), por outro lado, eles costumam estar no auge do sucesso. Mas apesar de tudo, nós os amamos, desde que nos valorizem.