Organizar as contas

Você merece ser independente? 


Francine Mendes

@francinemendes

Francine Mendes Gregori é Fundadora e CEO da FemFintech ELAS QUE LUCREM (EQL). Economista formada pela UFSC e especialista em educação financeira para mulheres, mestre em Psicanálise do Consumo pela Universidad Kennedy, Presidente do comitê de Insurtech da Abranet e autora do livro ‘Mulheres que Lucram’, o 4o livro mais vendido de finanças do Brasil.


A ideia de independência financeira para nosso gênero é ainda assustadora para muitas mulheres. Umas acham que podem estar traindo a confiança de seus companheiros, outras pensam que traz responsabilidade demais ter uma conta bancária para gerenciar e se orgulhar, há ainda quem veja esse estilo de vida como trabalhoso ou então como uma estratégia macabra do feminismo. Não raro, escuto ou deparo-me com frases de mulheres sintomáticas de uma sociedade fragilizada de conhecimento como: Deus me livre ser independente! 

Às vezes é quentinho mesmo o lugar da mulher frágil, aquela que se delega para um outro, que direciona seu dinheiro e, por consequência, o rumo da sua vida. Porém, nunca ouvi um relato de uma mulher sequer que tenha permanecido “quentinha” a vida inteira.  

Cara leitora, quero desenrolar com você nessa coluna o que é ser verdadeiramente independente e como construir dentro de suas crenças e valores esse novo estilo de vida.

Ser independente não significa assumir o rótulo do feminismo, nem militar ou julgar as mulheres que ainda não despertaram para “roubar” esse poder do universo. Sim, a independência financeira é a única mandante das nossas vontades, aquelas mais primitivas e fantasiosas – é a chave do controle e direcionamento para uma vida real e poderosa.

Afinal, poder e independência são faces da mesma moeda? O que é uma pessoa poderosa para você? 

Certamente não são as que desfrutam do poder temporariamente, como políticos, famosos e/ou empresários embriagados por uma situação discutível de comando, reconhecimento e recursos muitas vezes mal direcionados. 

Parece que o poder é barulhento, as redes sociais nos fizeram acreditar nisso, mas o real poder é silencioso porque está atrelado à influência; primeiro sobre si e depois sobre os demais. Só governa, pensa em voz alta e permanece inabalável nessa direção quem tem segurança financeira e autonomia. 

Entretanto, a independência nada mais é que uma voz livre de comando sobre um eu desejoso e realizador das próprias vontades, sem vender convicções. Tal benefício conquistamos com pelo menos 25 vezes o valor do custo de nossa vida anual investidos em bons ativos geradores de renda e ainda conseguimos ter tempo para usufruir das coisas e pessoas que amamos. 

Faça essa conta. Muitas andam no descontrole absoluto de suas próprias ações, permanecem em relacionamentos por dinheiro ou entram em um pela mesma razão, não têm tempo para construir e sentir a vida, querem ser úteis aos demais e são inúteis a si mesmas.

Nós não podemos ter tudo, porém, devemos decidir com quem vamos seguir em nossa caminhada, onde vamos permanecer e como devemos estar agora e mais alguns anos. Em outras palavras, o verdadeiro poder trazido pela independência é deixar o coração se mostrar. Existe uma razão melhor e mais sensível do que essa para buscar sua liberdade?  

Percebeu que somente agora eu trouxe a palavra liberdade? Todos querem liberdade e poucos estão disponíveis para desfrutá-la. Liberdade envolve responsabilidade, há um preço alto de renúncia, sobretudo no início do caminho. E, convenhamos, não parece um lugar quentinho. Sem liberdade, resta o seu oposto: a dependência.

Acontece que dependência é contagiosa às suas emoções; aniquila todas as suas forças, desidrata sua vitalidade e depois torna você descartável tanto para pessoas quanto para projetos. Ninguém fala sobre isso, mas o que eu vejo nos planejamentos financeiros que faço há mais de duas décadas é um profundo arrependimento a longo prazo entre as mulheres que decidiram em algum momento da vida viver sem voz. 

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