Investir melhor

Seis dicas que gostaria de ter recebido quando comecei a investir na Bolsa

Investir em ações pode parecer intimidador, mas essas dicas podem te ajudar a começar


Professor Mira

Professor Mira

Investidor profissional, Analista CNPI-T (Apimec), mestrando em Economia, com MBAs em Gestão de Investimentos, Análise de Investimentos e Educação Financeira. Empresário, sócio do Clube FII e do Grana Capital, escritor best-seller e educador financeiro com cursos que já formaram mais de 50 mil alunos pelo mundo. Está nas redes sociais como @professormira


Investir em bolsa de valores, para quem está iniciando no mundo dos investimentos, pode parecer um pouco intimidador. Um monte de especialistas na internet falando em gráficos, tendências, todos aqueles termos em inglês, siglas, códigos, tickers…

Sim, eu sei o quanto isso assusta, afinal, um dia eu já estive exatamente onde você está neste momento, começando aprender a investir em bolsa.

Foi preciso muito tempo de estudo, dedicação e também uma boa coleção de pequenos erros ao longo da minha jornada, até que eu começasse a entender, pra valer, como funciona o mercado financeiro. 

Inclusive, se o Mira do presente pudesse voltar no tempo para dar algumas dicas para o Mira iniciante na bolsa de valores, renderia boas horas de papo, mas, talvez eu começasse com 6 dicas. 

1. Diversifique sua carteira, mas sem exagero

Sim, diversificar é importante. Mas diversificar com critério é ainda mais. Monte uma carteira de longo prazo com exposição a diferentes setores da economia. Depois, use seus aportes mensais para manter esse equilíbrio. Isso significa definir um percentual para cada ativo e acompanhar sua evolução, rebalanceando sempre que necessário.

Não caia na tentação de incluir uma nova ação só porque alguém disse que “é a ação do momento”. Afinal, se você tem uma carteira montada com critério, seja fiel ao seu planejamento e também ao tempo que possui para estudar e acompanhar o mercado. 

Não é porque todo mundo está comprando uma ação que você precisa comprar também. Lembre-se do que sua mãe sempre dizia: “você não é todo mundo!”.

2. Compre ações de empresas que você entende

Quem está começando nem sempre sabe analisar balanços, projetar fluxo de caixa, avaliar fundamentos… Mas isso não impede de montar uma boa carteira.

Você já convive cotidianamente com muitos setores listados na Bolsa: bancos, seguros, supermercados, energia elétrica, telecomunicações, saúde. São áreas que fazem parte da sua rotina. E justamente por isso, é mais fácil entender como essas empresas ganham (ou perdem) dinheiro, e quais são mais relevantes.

Comece pelo que você conhece. Isso te dará segurança e facilitará o acompanhamento dos seus investimentos. Mas lembre-se: isso é apenas um exemplo, não uma recomendação. Cabe a você decidir, entre os setores com os quais tenha familiaridade, quais fazem sentido para os seus objetivos.

3. Se parece bom demais pra ser verdade… provavelmente é

Todos os dias alguém aparece na internet falando sobre a próxima ação “com potencial de valorização de 500% em pouco tempo, e que o mercado ainda não percebeu”. Cuidado com isso!

Infelizmente, há pessoas que lucram explorando a ingenuidade e boa fé dos iniciantes. Seja cético e não se empolgue por anúncios sensacionalistas. Lembre-se que o mercado financeiro tem profissionais que o monitoram 24 horas por dia. São pessoas que, além de estudar muito, possuem softwares de gerenciamento, robôs, matemáticos, economistas, engenheiros, e todo um aparato de acompanhamento que não deixariam passar batido nenhuma grande oportunidade. 

Sim, existem ativos que valorizam muito, mas ao longo de décadas. E não é crível que um “gênio desconhecido das finanças” tenha descoberto algo que ninguém mais viu e esteja generosamente compartilhando com todos na internet.

Mais uma vez, confie na sabedoria popular: “Quando a esmola é demais, o santo desconfia.”

4. Longo prazo na bolsa é, no mínimo, uma década

Uma dúvida comum de quem está começando: “O que significa longo prazo?”. A resposta varia, pois cada pessoa tem uma realidade, um planejamento e uma estratégia específica para alcançar suas metas. No entanto, quanto maior o seu horizonte de tempo, melhor será a performance de uma carteira de ações na multiplicação do seu patrimônio.

Se você comprou boas empresas, com fundamentos sólidos e boa gestão, o tempo será seu maior aliado. Vender na primeira valorização, com medo de que seja a última, é um erro comum entre investidores iniciantes que ainda não compreenderam a diferença entre uma carteira de longo prazo e operações de trade (quando você compra e vende rapidamente, apenas para surfar uma alta). 

É preciso definir qual a sua estratégia para cada parcela do seu dinheiro. O montante definido para longo prazo não pode ser aquele com o qual você fica pulando de galho em galho, atrás de valorizações momentâneas, pois ao fazer isso, você se expõe a mais risco e, ganha menos do que ganharia se deixasse o dinheiro investido por muitos anos.

5. Aprenda a diferença entre investir e fazer trade

Investir é colocar seu dinheiro em boas ações após analisar detalhadamente as empresas, e escolher aquelas cujos fundamentos do negócio sejam consistentes e com bom potencial de lucro no longo prazo.

Por outro lado, fazer trade é especular em relação aos movimentos curtos que um ativo pode ter na bolsa. Isso independe dos fundamentos do negócio e está ligado a fatos momentâneos que podem impulsionar uma ação para cima ou para baixo. 

Se você quiser fazer trade, saiba: exige muito conhecimento e sangue frio. E, mesmo assim, perdas fazem parte do processo, então, aprender sobre gestão de risco será fundamental. 

6. Se for fazer trade, comece no simulador

Com essa dica, o Mira do passado ficaria me olhando espantado e sem saber o que fazer, pois quando eu comecei na bolsa de valores, não existiam simuladores. A gente aprendia na raça, errando e arcando com o prejuízo que isso significasse!

Hoje, você tem simuladores gratuitos à disposição. Use-os sem moderação!

Treine, anote cada operação, estude os acertos e, principalmente, os erros. Só depois de muito treino, comece com operações reais e usando apenas valores que, se perdidos, não comprometam seu patrimônio.

Dica bônus: Comece o quanto antes, mas vá com calma

Parece contraditório, eu sei. Mas não é. Quanto antes você começar, melhor. O tempo é o maior aliado de quem investe. Só que isso não significa sair comprando qualquer coisa, na pressa de montar logo uma carteira.

Tenho uma amiga, ex-aluna, que sempre diz: “Não tenha pressa de perder dinheiro.” E ela está certa, pois é isso que irá acontecer se você fizer seus investimentos sem planejamento. 

Comece estudando. Vá com calma. Monte sua carteira aos poucos, de forma coerente com seus objetivos e com o seu nível de conhecimento. A sofisticação virá com o tempo. E se quiser minha ajuda nesse caminho, você sabe: estarei sempre por aqui e também na Comunidade Mira, onde todo mundo é bem-vindo. 

As opiniões contidas nessa coluna não refletem necessariamente a opinião da B3

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