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Selic em alta: vale investir em renda variável?

Professor Mira
Especialista em finanças e investimentos, investidor profissional, analista CNPI-T (Anbima), com pós-graduação em pedagogia empresarial, MBA em Gestão de Investimentos e profissional ANBIMA CPA-10 e CPA-20. Empresário, palestrante e escritor. Desde 2019, seus cursos já impactaram a vida de mais de 50 mil famílias pelo mundo.
Na quarta-feira, ao final do dia, o Comitê de Política Monetária (Copom) anunciou mais uma alta da Selic, para 14,75% ao ano. É um número que chama atenção. E junto com ele, vem uma pergunta que também se repete nas redes sociais e conversas sobre finanças: “Com a Selic tão alta, ainda vale a pena investir em renda variável?”.
O que fazer diante do sobe e desce da Bolsa?
O que está por trás da alta da Selic
O comunicado do Copom (Comitê de Política Monetária) deve reforçar que o cenário de inflação ainda é desafiador, com dificuldades para que ela convirja à meta, além das incertezas no cenário macroeconômico global. A elevação da Selic é uma tentativa de controle, mas como toda medida de política monetária, seus efeitos não são imediatos — e acabam gerando reações em diferentes setores da economia.
É natural que isso mexa com o humor do mercado. Acompanhamos certa volatilidade na Bolsa de Valores e muitos investidores se perguntam se deveriam mudar suas estratégias.
Mas afinal, o que muda nos seus investimentos?
Essa é uma pergunta comum, mas talvez não seja a mais útil. A pergunta mais importante é: o que mudou nos seus objetivos e na sua capacidade de aporte?
Se a resposta for “nada”, então talvez a melhor decisão seja manter o rumo.
Sim, é claro que mudanças no cenário pedem atenção. Ajustar o portfólio, rebalancear a carteira, talvez até rever algum prazo. Mas isso é bem diferente de migrar de uma classe de ativos para outra toda vez que sai uma nova notícia.
Renda fixa atrativa, mas e depois?
Hoje, com a renda fixa oferecendo taxas tentadoras, é compreensível que muitos investidores pensem em sair da renda variável. Afinal, por que arriscar quando você pode investir em um CDB pagando, por exemplo, mais de 15% ao ano?
Só que essa decisão exige uma análise um pouco mais profunda. Antes de aplicar, vale se perguntar:
“Descontando a inflação e o imposto de renda, o rendimento líquido que vou receber será suficiente para atingir meus objetivos dentro do prazo que estabeleci?”
Se a resposta for sim, ótimo. Não há nada de errado em concentrar seus aportes na renda fixa.
Mas se o valor que você precisa lá na frente é maior do que o que a renda fixa pode entregar, então talvez você precise buscar na renda variável os retornos que vão viabilizar esses planos, de acordo com os prazos que você definiu.
Não é sobre o agora. É sobre o depois
A renda variável tem seus riscos, sim — e exige disciplina, planejamento e visão de longo prazo. Mas ignorá-la completamente pode significar abrir mão de resultados que só aparecem com o tempo e com o crescimento consistente dos ativos. E sim, a renda variável continua sendo a melhor opção para quem deseja crescimento patrimonial no longo prazo.
Minha orientação continua a mesma: tenha clareza sobre seus objetivos, prazos e necessidades. Coloque tudo no papel. Planeje. Porque é só assim que você vai conseguir tomar decisões alinhadas com o que realmente importa: o futuro que você quer construir.
A reflexão que vale mais que qualquer taxa
E é justamente nesse momento, com a Selic em alta e os olhos do mercado voltados para a renda fixa, que muitos acabam esquecendo o papel estratégico da renda variável no longo prazo.
Porque a grande verdade é: rentabilidade de curto prazo pode ser atraente, mas patrimônio de longo prazo se constrói com visão estratégica e constância.
O que define seu sucesso como investidor não é a taxa de juros de hoje, e sim a sua disciplina em seguir um plano alinhado com suas metas.
Antes de mudar sua estratégia, mude sua pergunta: você está investindo para se sentir seguro hoje, ou para conquistar liberdade amanhã?
As opiniões contidas nessa coluna não refletem necessariamente a opinião da B3
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