Tripé das finanças pode acelerar sua corrida pelos R$ 100 mil

Eu tinha 17 anos quando descobri a força dos juros compostos. Até então, eu achava que juntar dinheiro era só uma questão de guardar mais e mais, como se fosse uma corrida de resistência. Economizar faz parte, mas sua corrida ficará muito mais simples se apostar nas três frentes de uma vida financeira saudável: gastar menos, ganhar mais e investir melhor.

Sempre fui econômica (leia-se mão de vaca). Poupava a mesada para juntar dinheiro e levar para a praia nas viagens de fim de ano. Então já conhecia bem o primeiro pilar do tripé financeiro: gastar menos. E foi ali ainda jovem, quando comecei a trabalhar com jornalismo econômico, que descobri que, além de economizar, investir melhor me ajudaria. Percebi que existia uma forma de o dinheiro trabalhar por mim.

Uma conta simples: se eu guardasse todo mês cerca de R$ 610 na poupança, como eu vinha guardando, levaria uns 10 anos para chegar a R$ 100 mil. Um esforço enorme, com pouca ajuda da rentabilidade.

Mas se aplicasse o mesmo valor em algo que rendesse 12% ao ano, o tempo e o esforço caíam drasticamente: eu precisaria de apenas R$ 450 por mês para chegar ao mesmo objetivo em 10 anos. Se guardasse os mesmos R$ 610, com o retorno de 12% ao ano, o tempo para os 100 mil diminuiria em 20 meses (ou seja, em 8 anos e 4 meses, teria chegado nos R$ 100 mil).

Essa diferença me abriu os olhos. Investir melhor não era só detalhe, era uma energia extra para jornada da liberdade financeira. O problema era que com o salário de estagiária de R$ 600, uma economia de R$ 610 ou R$ 450 não seria possível. Conseguia guardar de R$ 100 a R$ 150 por mês.

Fui juntando uma primeira reserva, e com o tempo descobri o poder transformador do pilar que faltava: ganhar mais.

Economizar e investir bem ajudava, mas se eu guardasse o dobro, o resultado viria muito mais cedo. Ao invés de 10 anos, se investisse R$ 900 por mês demoraria 6 anos e 5 meses para chegar aos R$ 100 mil.

A vida não é feita apenas de cortar gastos. À medida que amadureci, compreendi que para guardar mais tinha de manter os gastos controlados, mas também apostar no terceiro pilar.

Buscar novas formas de renda, se especializar, criar projetos ou até empreender não só ampliava meu conforto no presente, como acelerava meus planos para o futuro. Existe um limite para o quanto podemos economizar, mas não há teto para o quanto podemos crescer.

Na busca pela liberdade financeira, a conta que ninguém te conta é que apostar em apenas uma das frentes (gatos, renda ou investimento) dificulta a jornada. De nada adianta ganhar bem se a pessoa não controlar os gastos e investir bem. Você também pode investir bem, mas se a sua capacidade de poupança for muito limitada irá demorar décadas para juntar algo.

O tripé — gastar menos, ganhar mais e investir melhor — facilita a sua corrida.

• Investir melhor diminui o esforço.
• Gastar menos libera recursos para investir.
• Ganhar mais expande o potencial e encurta o caminho.

Foi apostando nas três frentes que a jornada até os R$ 100 mil demorou muito menos que dez anos (em torno de sete). Até o R$ 1 milhão, foram mais nove anos.

Tudo porque quando entendi esse equilíbrio percebi que liberdade financeira não é sobre trabalhar sem parar, nem sobre viver de restrições eternas. É sobre usar a inteligência para deixar o dinheiro fazer parte do esforço no meu lugar.

E tudo começou lá atrás, aos 17 anos, quando comecei a fazer contas simples e percebi que não era preciso apenas juntar: era preciso equilibrar os três pilares para chegar mais longe.

*As opiniões contidas nessa coluna não refletem necessariamente a opinião da B3

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