“Aceitar a perda é difícil”, conta Márcio Kieling sobre a volatilidade das ações na bolsa

Ator há 30 anos com passagem pela novela “Malhação”, o filme “Dois Filhos de Francisco” e a série “Chuteira Preta”, Márcio Kieling agora mergulha em um novo universo: o mercado de capitais. Como day trader, ele também usa as redes sociais para levar educação financeira às pessoas.

“Aceitar a perda é difícil”, afirma ele ao B3 Convida, em relação à volatilidade das ações na bolsa de valores e, por isso, ele faz questão de mostrar as suas perdas aos seguidores, para desmistificar o universo financeiro. Márcio conta que prefere mostrar o que é real no mercado financeiro porque teve uma experiência ruim no início dos investimentos com falsos mentores.

Ele ainda explica que o mercado financeiro exige mais disciplina e metas, diferente do mercado artístico. Confira os principais trechos desta entrevista.

De ator a day trader

“Essa virada de chave veio durante a pandemia. Eu me transformei porque tive que me reinventar. Eu era ator há 30 anos e o mercado artístico parou completamente. Não sabia quando ia voltar e eu não tinha nem reserva. Eu fui pagando minhas contas com cheque especial. Eu pensava em fazer alguma coisa paralela à minha carreira de ator. Pensei em abrir uma franquia de moda, de fazer uma marca de roupa ou virar empresário de jogador de futebol. Eu sempre busquei algo que só dependesse de mim. O ator só depende de você? Não. Depende do roteiro ter alguma personagem com meu perfil, se o diretor e o autor vão gostar do meu trabalho. Teve um dia que meu amigo falou que ia operar na bolsa de valores. E eu fui ver como ia ser. Eu achei interessante, porque parecia um joguinho. Comecei a estudar, analisar gráficos, contexto macroeconômico e fui picado pelo bichinho. Fiquei fascinado pelo mercado financeiro porque só depende de mim. Pode ser que eu receba uma análise, mas eu que aciono o botão de vender ou comprar. Na pandemia tinha muitos falsos traders. Eu vi que não era tão fácil assim. A gente se quebra até saber quem são as pessoas sérias no mercado.”

Inteligência emocional na hora de investir

“Eu continuo sendo ator. Eu consigo fazer as duas profissões. Sou ator há 30 anos e estou no mercado financeiro há quatro anos. E vi que não me conhecia. Porque vem todos os sentimentos bons e ruins, como ganância, medo, falta de paciência. Como day trader você consegue fazer um valor diário R$ 500. Imagina quantas pessoas não batalham para conseguir esse valor em um mês. Então, vem o bichinho da ganância que diz ‘você consegue um pouquinho mais, Márcio’, e vai lá e perde tudo. Você tem que ter metas, critérios e disciplina, algo que eu ainda apanho porque nunca fui um cara com regras, eu fui criado solto. O próprio mercado artístico é você chegar com seu texto decorado e pronto, mas no mercado financeiro não é assim.”

Responsabilidade de ser um influencer financeiro

“Como eu cai de mentor em mentor com falsos sonhos, eu coloquei como meta de não vender essa falsa realidade. Eu tenho compromisso de mostrar o real. Então, às vezes eu mostro até quando eu perco, mas não toda hora. Eu mostro para incentivar às pessoas que é possível viver do mercado, mas que também pode perder. E a perda faz parte do negócio. Aceitar a perda é difícil. Eu comparo com restaurante. Ele comprou 10 kg no dia, mas choveu e ninguém foi, ele não conseguiu vender aquelas carnes, que vai estragar. É um loss, é uma perda. O problema não é estar errado, é permanecer errado. Ter educação financeira faz toda a diferença na vida.”

Plano A

“É bom projetar como será daqui 10 anos porque o universo te leva para lá. Eu pretendo estar no mercado financeiro, que é para mim como meu plano A. Ser ator agora é um hobby. Pretendo educar outras pessoas e mostrar que no mercado, de fato, você só consegue aumentar seu capital investindo. Não consegue de outra forma. Eu pretendo estar nessa jornada para passar conhecimento e viver dos meus investimentos”.

Confira a entrevista na íntegra: