Glossário

Credit Default Swap (CDS) - O que é, significado e definição

Descubra o que é o CDS, como funciona essa proteção contra calotes e por que é um indicador-chave de risco de crédito no mercado

O Credit Default Swap (CDS) é um instrumento financeiro derivativo usado para proteger contra o risco de crédito de um emissor de dívida. Funciona como uma espécie de seguro contra calotes. Muito comum em mercados internacionais, o CDS ganhou destaque após a crise financeira de 2008, o que o tornou um indicador amplamente utilizado para medir o risco de crédito de empresas e países.

O que é um CDS

O CDS é um contrato bilateral em que uma das partes (compradora da proteção) paga um prêmio periódico à outra (vendedora da proteção) em troca da garantia de compensação caso o emissor de um título de dívida (como um governo ou empresa) entre em default ou em outro evento de crédito especificado.

Em termos simples, é como pagar por um seguro contra o não pagamento de uma dívida.

Como funciona na prática o CDS?

Suponha que um investidor possua títulos da dívida de um país emergente, como o Brasil. Para reduzir o risco de calote, ele compra um CDS. Caso o país não pague a dívida (evento de crédito), o vendedor do contrato paga o valor acordado ao investidor. Se o calote não acontecer, o investidor paga os prêmios periódicos conforme o contrato.

Principais componentes de um CDS

  • Referência de crédito: é o devedor cujo risco de inadimplência é coberto no contrato — como um país ou uma empresa.
  • Notional: o valor de referência da dívida protegida.
  • Spread (ou prêmio do CDS): é o custo da proteção, expresso em pontos-base ao ano. Quanto maior o risco de inadimplência, maior esse spread.
  • Evento de crédito: normalmente é o default, mas também pode incluir reestruturação da dívida, moratória ou falência.

Para que serve o CDS

  1. Proteção (hedge): usado por investidores para se proteger contra a inadimplência.
  2. Especulação: alguns participantes compram ou vendem CDS para lucrar com a variação nos spreads, sem necessariamente ter exposição à dívida protegida.
  3. Indicador de risco de crédito: o CDS é amplamente usado como termômetro do risco percebido de um emissor, principalmente de países.

CDS como termômetro da economia

O spread de CDS é uma medida de risco de crédito. Quanto maior o spread, maior o risco percebido. Alguns exemplos:

  • Um CDS de 5 anos do Brasil negociado a 200 pontos-base indica que o mercado exige um prêmio de 2% ao ano para se proteger contra um eventual calote do governo brasileiro.
  • Países considerados muito seguros, como Alemanha ou EUA, possuem CDS muito baixos (geralmente abaixo de 50 pontos-base).

Principais prazos de negociação

Embora existam CDS com vários vencimentos, o mais utilizado e negociado é o de 5 anos, por ser considerado o benchmark do mercado.

Riscos associados ao CDS

Apesar de ser um instrumento de proteção, o CDS carrega alguns riscos:

  • Risco de contraparte: o vendedor da proteção pode não ter capacidade de honrar o pagamento se o evento de crédito ocorrer.
  • Risco de liquidez: em alguns mercados, o CDS pode ter pouca liquidez.
  • Complexidade jurídica: a definição do evento de crédito pode ser objeto de disputa.

Papel do CDS na crise de 2008

O CDS ganhou destaque durante a crise financeira de 2008, especialmente nos casos de derivativos atrelados a hipotecas subprime. Grandes instituições, como a AIG, venderam contratos de CDS sem ter capital para honrar os pagamentos quando os eventos de crédito ocorreram. Isso levou a intervenções governamentais bilionárias e a uma revisão das regras sobre derivativos.

Diferença entre CDS e seguro tradicional

Embora o CDS funcione como um seguro, ele difere juridicamente:

  • O comprador do CDS não precisa possuir o ativo de referência, ao contrário de um seguro tradicional onde é preciso ter um interesse segurável.
  • Por isso, CDS também pode ser usado para especulação pura, o que gerou críticas e debates sobre regulação.

Vantagens e desvantagens

Vantagens

  • Proteção contra inadimplência de forma direta.
  • Indicador de risco amplamente aceito pelo mercado.
  • Alta flexibilidade em prazos e emissores.

Desvantagens

  • Risco de contraparte e de mercado.
  • Pode ser usado de forma especulativa, para aumentar a volatilidade.
  • Estrutura legal complexa.

O Credit Default Swap é uma ferramenta poderosa para a gestão de risco de crédito, amplamente usada por investidores institucionais e bancos. Apesar de seu papel controverso em momentos de crise, segue como um indicador essencial da confiança do mercado e uma peça central nos mecanismos de hedge em finanças internacionais.


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