Glossário
Front Running - O que é, significado e definição
Entenda o que é Front Running, quais os riscos e como o mercado combate essa prática ilegal
O Front Running é uma prática considerada antiética e, em muitas jurisdições, ilegal no mercado financeiro. Consiste na utilização de informações privilegiadas sobre uma futura ordem de grande volume de um cliente por parte de um agente intermediário, como um corretor ou operador, que realiza transações em benefício próprio antes da execução da ordem do cliente.
Essa prática prejudica diretamente a integridade e a confiança nos mercados, pois coloca interesses pessoais acima dos interesses fiduciários que o intermediário deveria defender.
Como funciona o Front Running
O Front Running ocorre, normalmente, da seguinte maneira:
- O operador ou corretor recebe uma ordem expressiva de compra ou venda de ativos de um cliente.
- Antes de executar essa ordem no mercado, o operador realiza uma operação semelhante em nome próprio, com o objetivo de se beneficiar do impacto esperado da ordem do cliente sobre o preço do ativo.
- Após o movimento do cliente influenciar o mercado, o operador fecha sua posição e lucra com a variação de preço gerada pela própria ordem do cliente.
Por exemplo, ao receber uma ordem para comprar uma quantidade significativa de ações de uma empresa, o operador antecipa a valorização esperada e adquire os papéis por conta própria. Após a execução da ordem pelo cliente e a consequente alta no preço, o operador vende as ações e obtém um lucro indevido.
Por que o Front Running é prejudicial?
O Front Running compromete princípios essenciais do mercado financeiro:
- Violação do dever fiduciário: o intermediário deve atuar no melhor interesse do cliente, não em benefício próprio.
- Assimetria de informação: o operador explora informações que deveriam ser confidenciais, o que prejudica a equidade do mercado.
- Manipulação de preços: movimenta artificialmente os preços, o que afeta outros participantes do mercado.
- Perda de confiança: reduz a credibilidade das instituições financeiras e dos mercados como um todo.
Diferenças entre Front Running e Insider Trading
Embora ambos envolvam o uso indevido de informações privilegiadas, há diferenças importantes.
- Front Running: envolve o uso de informações sobre ordens ainda não executadas de clientes ou instituições.
- Insider Trading: refere-se ao uso de informações relevantes e ainda não divulgadas sobre a empresa, obtidas por meio de cargos internos ou relacionamentos privilegiados.
Enquanto o Front Running foca na antecipação de ordens de mercado, o Insider Trading trata de eventos corporativos ou financeiros.
Legislação e fiscalização
Na maioria dos países, o Front Running é expressamente proibido e considerado crime contra o sistema financeiro. No Brasil, por exemplo, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) pune práticas que se enquadram nesse perfil, que tratam do uso indevido de informações privilegiadas e manipulação de mercado.
Nos Estados Unidos, a Securities and Exchange Commission (SEC) e a Financial Industry Regulatory Authority (FINRA) são as principais entidades responsáveis por coibir e punir o Front Running.
Algumas das punições são:
- multas milionárias;
- suspensão ou cassação de registros profissionais;
- ações civis e criminais.
Como identificar e evitar o Front Running
Para combater o Front Running, as instituições adotam uma série de medidas, que podem ser observadas abaixo.
- Monitoramento de operações: sistemas automatizados detectam padrões suspeitos de negociação.
- Chinese Walls: barreiras informacionais internas para evitar o fluxo inadequado de informações entre departamentos.
- Auditorias regulares: revisão de operações e compliance rigoroso.
- Treinamento de pessoal: formação ética e técnica sobre conduta apropriada no mercado.
Além disso, investidores devem estar atentos a práticas duvidosas de seus intermediários e priorizar instituições com boa reputação e políticas claras de governança.
Exemplo de Front Running
“Imagine que uma corretora receba a ordem de um fundo para comprar 1 milhão de ações de uma empresa. O operador responsável percebe que essa movimentação tende a elevar o preço do papel. Antes de executar a ordem, ele adquire, por conta própria, 10 mil ações. Com a alta gerada pela compra do fundo, vende os papéis com lucro, prejudica o cliente e infringe as regras do mercado.
O Front Running é uma prática condenável que atenta contra a equidade e a transparência do mercado de capitais. Além de ser ilegal, compromete a confiança dos investidores no sistema financeiro, elemento fundamental para o funcionamento saudável dos mercados.
O combate ao Front Running envolve não apenas fiscalização rigorosa por parte dos órgãos reguladores, mas também o fortalecimento das práticas internas de compliance e ética nas instituições financeiras.
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