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Arraiá da inflação: preços dos produtos típicos de festa junina avançam 11,4%

O preço de mais da metade dos itens que compõem a cesta junina acelerou nos últimos 12 meses. Para driblar altas e se acabar na quadrilha o jeito é pesquisar

Festa junina. Foto: Adobe Stock
O fubá de milho, base de diversos quitutes dessa época do ano, foi o item que mais subiu, 42,48%. Foto: Adobe Stock

O tradicional grito “olha a cobra!” durante as quadrilhas em todo o país pode ser tranquilamente atualizado para “olha a inflação!”. Bolos, milho cozido, canjica, leite condensado e até a maçã do amor estão mais caros neste ano.

O aumento médio dos produtos que compõem a cesta das festas juninas foi de 11,41% nos últimos 12 meses. É o que aponta um levantamento do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV IBRE). O resultado ficou bem acima da inflação ao consumidor, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S), que está em 3,75% no mesmo período.

Dos 27 itens juninos pesquisados, apenas nove cresceram abaixo do aumento médio dos produtos e só dois itens tiveram deflação em um ano.

Veja a variação dos itens de festa junina em 12 meses:

  • ÍNDICE GERAL: 11,41%
  • Fubá de Milho: 42,48%
  • Farinha de mandioca: 38,75%
  • Milho em conserva: 34,59%
  • Milho de pipoca: 34,15%
  • Batata doce: 32,11%
  • Ovos: 29,79%
  • Leite condensado: 27,82%
  • Queijo minas: 21,65%
  • Leite de coco: 15,80%
  • Maçã: 14,61%
  • Aipim/mandioca: 14,21%
  • Bolo pronto: 13,29%
  • Leite Longa Vida: 13,21%
  • Cereja: 12,12%
  • Bebidas Destiladas: 11,75%
  • Doces e Chocolates: 11,62%
  • Refrigerantes e Água Mineral: 11,56%
  • Salsicha e Salsichão: 10,63%
  • Arroz: 10,60%
  • Amendoim: 7,85%
  • Vinho: 6,94%
  • Linguiça: 4,88%
  • Açúcar refinado: -2,16%
  • Batata- Inglesa: -18,93%

O fubá de milho, base de diversos quitutes dessa época do ano, foi o item que mais subiu, 42,48%. Essa escalada no preço do insumo comprometeu a receita do tradicional bolo de fubá. Isso porque os ovos, a farinha de trigo e o leite também acompanham o aumento e avançaram 29,79%, 17,33% e 13,21%, respectivamente.

Apenas o açúcar refinado deu um alívio para a receita, com uma queda de 2,16% no mesmo período. O jeito mesmo é apelar para o bolo pronto, que subiu menos (13,29%), mas ainda assim acima da média dos preços.

O segundo item mais caro na lista dos produtos do Arraiá foi a farinha de mandioca (38,75%), que foi seguida pelo milho em conserva (34,59%), milho de pipoca (34,15%) e a batata doce (32,11%). Também pesou no bolso a escalada nos preços do leite condensado (27,82%), queijo minas (21,65%), leite de coco (15,80%) e aipim/mandioca (14,21%).

Nem mesmo a doce e tradicional maçã do amor escapou dos preços mais salgados. A fruta ficou 14,61% mais cara. Já a batata-inglesa teve deflação de 18,93% no período.

Os produtos que compõem os quentes e deliciosos drinks das festas juninas também encareceram no acumulado dos últimos 12 meses. As bebidas destiladas, base para o tradicional Quentão, subiram 11,75%. O item foi seguido pelo vinho que avançou 6,94%. A cerveja também ficou mais cara, aumentou 12,12%, assim como refrigerantes e água mineral (11,56%).

Desaceleração tímida

O economista da FGV IBRE, Matheus Peçanha, explica que a inflação tem desacelerado nesse ano de forma mais tímida do que o esperado. Mas no caso dos itens juninos, 70% da cesta acelerou, na contramão da tendência.

“Apesar das commodities agrícolas estarem em queda, alguns problemas sazonais em culturas específicas estão atrasando essa redução nos preços, como é o caso do milho e do leite, que iniciam sua entressafra agora no inverno”.

Contudo, todo esse efeito deve ser temporário e as perspectivas para 2023 ainda são boas, como já indicam as últimas leituras no preço do milho, completa. No mês passado, a prévia da inflação mostrou uma desaceleração nos preços de 0,57% em abril para 0,51% em março.

Como muitos dos produtos juninos não têm substituto para quem quer seguir a receita tradicional, o jeito para não deixar de pular a fogueira é pesquisar. Essa é a principal dica para driblar o impacto no bolso.

Além de dar preferência a marcas menos conhecidas de qualidade semelhante, é possível reunir um grupo maior e comprar em ‘atacarejos’, para conseguir descontos maiores, recomenda Peçanha.

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