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“BC vai sempre perseguir a meta, independente de eu estar ou não no banco”, diz Campos Neto

Presidente do BC destacou que o cenário externo melhorou, apesar da volatilidade dos últimos dias, e o doméstico continua aquecido

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou nesta terça-feira (20) que, independente de estar ou não na presidência, o BC irá subir os juros quando for necessário para levar a inflação à meta de 3% ao ano. Ele destacou que houve um erro de interpretação após a divisão entre os diretores do Comitê de Política Monetária (Copom) no primeiro semestre do ano, o que contribuiu para elevar o prêmio de risco do Brasil, mas que a equipe passou a trabalhar para melhorar a comunicação. Com o término de seu mandato no final deste ano, Campos Neto disse que pretende voltar para a iniciativa privada.

“Existia um prêmio de risco que eu entendia que tinha um erro de interpretação sobre o que seria a harmonia da política monetária no futuro, associada a uma decisão em que o colegiado estava dividido, que seria mais político. Então, gastamos um tempo em comunicação e precisamos passar a mensagem de que a decisão é técnica e nunca vi um espírito de equipe tão bom no BC. Nós vimos que isso gerou um ruído e parte do prêmio ter caído veio dessa organização. O BC vai sempre perseguir a meta e vai subir os juros independente de eu estar ou não no BC. A equipe está dedicada e comprometida a levar a inflação para a meta”, afirmou durante o evento MacroDay, do BTG Pactual.

Cenário externo

Ele avaliou ainda que o cenário global melhorou, apesar da volatilidade dos últimos dias, enquanto os dados da economia doméstica apresentaram números mais fortes. Campos Neto disse que sua maior preocupação era com o crescimento da dívida global sem um pouso suave na economia norte-americana, o que não ocorreu.

“Acho que melhorou a parte externa. Tem vários temas geopolíticos inflacionários, mas olhando as últimas semanas, a parte externa melhorou, porque o principal risco era não ter essa perspectiva de queda de juros ou que se adiasse muito, porque há juros altos sobre uma dívida muito grande e isso extrai liquidez do mercado em um volume muito grande numa velocidade muito rápida, e poderia gerar movimentos disruptivos em mercado emergentes, começando com os países mais pobres e subindo na cadeia, afetando, inclusive, o setor corporativo.”

Cenário doméstico

Ele destacou que o ruído no início do mês, que provocou a queda na maioria das bolsas globais e afetou o índice Ibovespa, mas ponderou que a tarefa do BC neste momento é não olhar para o curto prazo. 

“Tentamos passar a mesma mensagem do Copom. De lá para cá temos comunicado a mesma coisa, temos números mais fortes no local e o externo está melhorando, apesar da volatilidade com a expectativa de juros. A nossa tarefa é não olhar tanto esse ruído de curto prazo para esse movimento de precificação e vamos fazer o que tiver que fazer, se tiver que subir os juros, vamos subir. A gente entende que o BC tem independência e temos que ir com cautela. Vendo o que acontece na parte fiscal e monetária e olhando o cenário global e o que isso significa ao Brasil, continuamos a esperar e ver os dados externos. O desemprego continua surpreendendo. Temos um dado mais forte no local e um cenário de volatilidade lá fora, mas que está melhor do que estava antes.”

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