“Brasil é referência em avanço da tecnologia no mercado financeiro”, destaca Rodrigo Nardoni, da B3
Avanço da tecnologia, principalmente da IA, e seus impactos na economia mundial foram tema de painel na Febraban Tech
Os impactos do avanço da tecnologia são discutidos e observados no mundo todo, principalmente com a recente disseminação da Inteligência Artificial (IA) generativa. E segundo Rodrigo Nardoni, Vice-Presidente de Tecnologia e Segurança Cibernética da B3, o mercado financeiro brasileiro é visto como referência e exemplo na implementação da tecnologia.
“O Brasil hoje é uma referência em avanço da tecnologia no mercado financeiro. Isso desde o âmbito de pagamentos, transferência de recursos, e mais. A tecnologia vem acelerando a educação financeira, o mercado financeiro e a inclusão. A B3 como uma infraestrutura do mercado financeiro, muito mais que a bolsa, faz parte dessa transformação digital que hoje é uma referência global”, destacou Nardoni em painel na Febraban Tech 2025.
O papel do setor financeiro também foi destacado por Chris Garman, diretor-geral para as Américas do Eurasia Group. Ele aponta o momento atual como “uma onda de transformação tecnológica enorme”, que acelera as inovações e que pode ter impactos no mundo todo. “Aqui no Brasil o setor financeiro é uma ponte de referência da adoção de novas tecnologias”.
A adoção de novas tecnologias, principalmente da IA, é vista como uma oportunidade no mercado brasileiro, mas não pode apagar a discussão em torno das pessoas, de acordo com o Vice-Presidente de Tecnologia da B3.
“As corporações devem levar o acesso, e assim também um entendimento, conhecimento da tecnologia, já que a nova tecnologia gera uma preocupação inicial. A IA é um acelerador de produtividade, e não um substituto. É importante levar esse entendimento para que a ferramenta seja adotada de maneira consciente”, ressaltou ele.
“Sem as pessoas engajadas, a transformação por meio da tecnologia não acontece. As pessoas estão no meio da transformação. É um trabalho conjunto. É entender como a IA pode te ajudar a fazer melhor o que você faz hoje”, completa Rodrigo Nardoni.
A tecnologia no centro da disputa entre EUA e China
O avanço da tecnologia não é apenas uma discussão nas empresas e no mercado de trabalho, mas está também no centro de uma disputa geopolítica entre EUA e China, que vivem embate na chamada guerra comercial, afirma Chris Garman.
“Um acordo inicial entre esses dois países, que está sendo firmado, evita uma recessão global no momento. Porém, estamos em um novo ambiente, com o governo Trump comprometido com as tarifas, o que gera um crescimento global menor, com uma competição que deve se intensificar nos próximos anos, para tentar restringir um avanço tecnológico da China”, aponta o Diretor-geral para as Américas da Eurasia Group.
Para ele, a competição tecnológica entre as duas potências deve se aprofundar nos próximos anos. E esse cenário pode trazer oportunidades e desafios para o Brasil no longo prazo.
“O Brasil tem oportunidade por estar bem posicionado na geopolítica global, com bons negócios com a China, com a União Europeia. Mas também temos que reconhecer que decisões difíceis terão de ser tomadas, já que as empresas privadas podem ter que escolher, com base nas restrições vindas dos EUA. Vai ser mais difícil ter um pé em cada canoa”, apontou Garman.
Regulamentação da IA
Com as novas tecnologias já no dia a dia dos brasileiros, o assunto de uma regulamentação, principalmente em relação à IA, também entra no radar. Chris Garman aponta que neste sentido a Europa avançou nas discussões, mas faz um alerta.
“A decisão de regulamentação de IA vai se aprofundar e agentes políticos irão ter de descobrir como aproveitar as novas tecnologias em todas as partes da sociedade, ao mesmo tempo que ela traz riscos de privacidade e direito dos consumidores”, diz.
“Sinto que, no governo atual, houve um avanço de querer entender a IA como oportunidade de crescimento, com novos incentivos ao setor de data center e debates na regulamentação, mas o projeto de regulamentação de IA aprovado no Senado teve inspiração grande na Europa, que preza pelo lado da proteção de danos e menos pelo fomento da inovação, então é tentar encontrar esse equilíbrio. É um enorme desafio, mas eu me atentaria a não pecar na regulação excessiva para não perder a chance de crescimento”, completa ele.
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