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Quem é a economista que ganhou prêmio Nobel de economia com pesquisa sobre disparidade de gênero

Anúncio do prêmio Nobel de Economia para Claudia Goldin foi feito nesta segunda-feira, 09

Claudia Goldin. Foto: Ill. Niklas Elmehed © Nobel Prize Outreach
Claudia Goldin, vencedora do Prêmio Nobel de Economia em 2023. Crédito: Ill. Niklas Elmehed © Nobel Prize Outreach

A norte-americana Claudia Goldin foi laureada com o prêmio Nobel de Economia de 2023 por seus estudos sobre as disparidades de gênero no mercado de trabalho. De acordo com a Academia Real das Ciências da Suécia, ela foi responsável pelas primeiras pesquisas abrangentes sobre a diferença de salários entre homens e mulheres, e sobre a evolução da participação feminina no mercado de trabalho ao longo dos últimos séculos.

“Ao longo do último século, a proporção de mulheres com trabalho remunerado triplicou em muitos países de alta renda. Esta é uma das maiores mudanças sociais e econômicas no mercado de trabalho dos tempos modernos, mas permanecem diferenças significativas entre homens e mulheres”, afirmou a Academia, em comunicado. “A investigação de Claudia Goldin proporcionou conhecimentos novos e surpreendentes sobre os papéis históricos e contemporâneos das mulheres no mercado de trabalho”, conclui.

Goldin reuniu arquivos e dados de mais de 200 anos, referentes Estados Unidos. Sua pesquisa mostrou que a participação feminina no mercado de trabalho não teve uma tendência ascendente contínua ao longo de todo esse período, mas sim uma curva em forma de U. A participação das mulheres casadas diminuiu com a transição de uma sociedade agrária para uma sociedade industrial no início do século XIX, mas voltou a aumentar com o crescimento do setor de serviços no início do século XX. Segundo Claudia Goldin, essa transformação é resultado de mudanças estruturais e da evolução das normas sociais relativas às responsabilidades das mulheres em relação ao lar e à família.

Professora da Universidade de Harvard, Goldin aponta que os níveis de educação das mulheres aumentaram continuamente no século XX – na maioria dos países desenvolvidos, a escolaridade das mulheres supera a dos homens. Apesar disso, a diferença salarial não foi extinta. Nos países desenvolvidos, a disparidade de rendimentos gira em torno de 10% a 20%.

Segundo a laureada, isso pode ser explicado, em parte, pela maternidade. Em um artigo de 2010, Claudia Goldin e seus colegas demonstraram que no começo de suas carreiras, os salários de homens e mulheres são similares. No entanto, após o nascimento do primeiro filho, a tendência muda e elas passam a ganhar menos. Por isso, segundo ela, o acesso à pílula anticoncepcional desempenhou um papel importante redução do gap salarial, pois oferece novas oportunidades para o planeamento familiar e de carreira para as mulheres.

Além disso, historicamente, grande parte da disparidade salarial entre homens e mulheres poderia ser explicada pelas escolhas profissionais – homens tendiam a ocupar cargos e carreiras com os salários mais elevados. Contudo, Goldin demonstrou que a maior parte desta diferença de rendimentos ocorre agora entre homens e mulheres que exercem a mesma profissão.

Goldin, que em 1990 se tornou a primeira mulher titular do Departamento de Economia de Harvard, é apenas a terceira a ganhar o Nobel de Economia. Antes dela, Elinor Ostrom, em 2009, e Esther Duflo, em 2019, foram premiadas. “Compreender o papel da mulher no trabalho é importante para a sociedade. Graças à investigação inovadora de Claudia Goldin, sabemos agora muito mais sobre os fatores subjacentes e quais as barreiras que poderão ter de ser abordadas no futuro”, afirmou Jakob Svensson, presidente do comitê do prêmio em Ciências Econômicas.

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