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Inflação controlada: como os Bancos Centrais definem a taxa de juros?

Principais economias do mundo, como a do Reino Unido, usam os juros para controlar inflação

Bandeira da Inglaterra em frente ao Banco Central
Frente à queda da Libra, é esperado que o Banco Central da Inglaterra faça um comunicado ainda hoje. Foto: Adobe Stock

Quem acompanha o noticiário de economia já deve ter percebido que inflação e juros caminham lado a lado – é quase impossível falar de um sem citar o outro. O que alguns podem não saber ainda é que a taxa de juros é definida por Bancos Centrais e responde diretamente à de inflação, e quando esta fica alta, aquela é aumentada como medida de controle do aumento dos preços. Para saber mais sobre como funciona esse mecanismo, confira a reportagem a seguir com as explicações do professor da B3 Educação, André Massaro.

Quem define a taxa de juros?

Uma boa maneira de começar a entender é pensar que enquanto a inflação varia por uma série de fatores, os juros são definidos apenas por critérios técnicos, e os responsáveis por essa definição são os Bancos Centrais de cada país.

Uma vez que a inflação é um índice geral de preços, seu aumento muitas vezes responde à lei da oferta e demanda. Por exemplo, se durante a pandemia o governo de um país ofereceu auxílio econômico à população, na prática ele injetou dinheiro na economia, provocando alta inflacionária – mais dinheiro circulando corresponde a mais consumo e, de acordo com a lei da oferta e demanda, se há muita procura por determinados produtos ou serviços, a tendência é que seus preços aumentem. Por outro lado, se a economia está desestimulada e não há procura, é de se esperar que os preços baixem.

É num quadro de inflação alta que os Bancos Centrais aumentam as taxas de juros. Uma vez que influencia diretamente no valor de compras parceladas e linhas de crédito pré-aprovadas, como cheque especial e cartão de crédito, o aumento da taxa de juros consegue frear o consumo e, por consequência, a alta da inflação.

“O aumento da taxa de juros nunca é positivo”, explica André Massaro, professor da B3 Educação, “pois, além de penalizar a população, ela também penaliza o próprio governo, que passa a dever mais, pensando nos títulos de renda fixa que emite. A alta dos juros é um remédio amargo contra uma realidade ainda mais amarga: a alta da inflação.”

Se por um lado a alta dos juros pode frear a inflação, por outro inibe a atividade econômica que, além do consumo, inclui também a geração de empregos. “Num quadro de inflação baixa, as pessoas estão consumindo e as empresas contratando. Já com juros altos, a economia pode ficar estagnada”, conclui Massaro.

Como os juros são definidos no mundo?

Segundo Massaro, a definição das taxas de juros pelos principais bancos centrais do mundo segue o mesmo mecanismo de combate à inflação.

Um exemplo é o caso do Reino Unido. Em julho de 2022, o país alcançou inflação de 10,1%, a mais elevada em quarenta anos. Em resposta, o Banco Central da Inglaterra – BoE na sigla em inglês – elevou as taxas de juros, de 1,75% para 2,25% no último ajuste.

O caso do Reino Unido possui uma peculiaridade, observa Massaro: “enquanto a taxa de juros foi aumentada pelo Banco Central para combater a inflação, o novo governo cortou impostos. Isso faz mais dinheiro circular na economia, porque não está sendo arrecado pelo Estado, e faz aumentar a inflação. Portanto, hoje o Reino Unido vive uma situação contraditória.”

Enquanto o pacote fiscal anunciado pelo novo governo do Reino Unido fez a libra despencar à mínima histórica de US$ 1,0351, é esperado que o BoE divulgue um comunicado ainda hoje, à medida que cresce a pressão para que uma intervenção seja feita para apoiar a economia.

Outro exemplo é o Federal Reserve (Fed), o Banco Central dos Estados Unidos, que voltou às manchetes nas últimas semanas, graças aos recentes aumento das taxas de juros. Na última quarta-feira, 21 de setembro, foi estabelecida numa faixa de 3% a 3,25% – trata-se da quinta vez no ano em que os juros são aumentados. Comparado com o Brasil, os Estados Unidos parecem ter taxas baixas; entretando, o valor é alto tendo em vista o histórico do país. Para se ter uma ideia, a última vez em que os juros norte-americanos atingiram o atual patamar foi em 2008, ano da maior crise econômica recente dos EUA.

Para saber mais sobre a economia mundial após a pandemia, não deixe de ver o vídeo preparado pela B3.

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