Desemprego cai a 7,6% até outubro, menor taxa desde 2015; ocupação bate recorde
País ainda tem 8,3 milhões de desempregados. População ocupada é a maior desde o início da série histórica, mais de 100 milhões. Total de rendimentos também bate recorde
A taxa de desemprego voltou a desacelerar no Brasil e atingiu 7,6% no trimestre encerrado em outubro, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), publicada nesta quinta-feira, 30/11 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O resultado ficou abaixo dos três meses anteriores (maio-julho), quando o desemprego ficou em 7,9%. No mesmo trimestre do ano passado, o valor era de 8,3%. Essa, portanto, é a menor taxa de desemprego desde fevereiro de 2015.
TAXA DE DESEMPREGO
Apesar de mais uma retração, o desemprego ainda atinge 8,3 milhões de brasileiros – menor contingente de desocupados desde o trimestre encerrado em abril de 2015.
Para a G5 Partners, o resultado veio ligeiramente acima da projeção de taxa de desemprego na casa dos 7,5%, patamar que deve ser alcançado até o final do ano.
“O mercado de trabalho continua em trajetória benigna, com redução do desemprego, informalidade sob controle – com taxa abaixo da verificada antes da pandemia – e aumento do rendimento dos trabalhadores”, afirma.
100 milhões: população ocupada bate recorde
Pela primeira vez na história da pesquisa do IBGE, iniciada em 2012, o número de trabalhadores ocupados no país atingiu 100,2 milhões de pessoas no trimestre encerrado em outubro.
O valor é 0,9% maior em relação ao trimestre anterior (862 mil pessoas) e 0,5% mais alto frente a igual período de 2022 (mais 545 mil). Com isso, segundo a coordenadora de PNAD, Adriana Beringuy, o percentual de pessoas ocupadas em idade de trabalhar é de 57,2%.
“A população ocupada segue tendência de aumento que já havia sido observada no trimestre anterior”, afirmou.
Para o economista-chefe do banco Master, Paulo Gala, esse resultado é muito positivo para o mercado de trabalho brasileiro, que já apresentou a criação de 190 mil empregos formais em outubro.
“O mercado está projetando a criação de quase dois milhões de vagas formais em 2023, uma excelente notícia para a economia brasileira”.
A população fora da força de trabalho ficou em 66,6 milhões de pessoas, o que representa estabilidade ante o trimestre anterior, segundo o IBGE.
Em alta: emprego com carteira e por conta própria
A desaceleração da taxa de desemprego no trimestre encerrado em outubro foi puxada pelo aumento de trabalhadores com carteira assinada no setor privado e por brasileiros que trabalham por conta própria.
O número de pessoas com empregos formais avançou 1,7% no trimestre entre agosto e outubro, ante o anterior, para 37,6 milhões de pessoas (mais 620 mil pessoas). Esse é o maior contingente desde o trimestre encerrado em junho de 2014.
O contingente de trabalhadores por conta própria atingiu 25,6 milhões de pessoas, um crescimento de 1,3% ante o trimestre anterior (mais 317 mil). Para a coordenadora da pesquisa, a melhora na ocupação foi acompanhada de um emprego com mais qualidade.
“O mercado de trabalho teve recuperação puxada por informais e conta própria no pós-pandemia. Sobretudo de 2022 para cá, começamos a acompanhar um crescimento importante do emprego com carteira”, conclui Adriana Beringuy.
A taxa de subutilização – que são brasileiros que querem trabalhar mais, mas não encontram vagas – atingiu 20 milhões de pessoas. Esse é a menor taxa desde o trimestre encerrado em dezembro de 2015.
Rendimento em alta firme
O rendimento real habitual cresceu 1,7% no trimestre encerrado em outubro, frente ao anterior, e ficou em R$ 2.999. No ano, a alta é de 3,9%. Segundo a pesquisadora, à expansão de emprego com carteira assinada explica essa alta nos ganhos.
“Há um ganho quantitativo, com um aumento da população ocupada, e qualitativo, com o aumento do rendimento médio”, afirma Adriana.
A massa de rendimento real habitual – que é a soma dos ganhos de todos os trabalhadores empregados – foi estimada em R$ 295,7 bilhões, maior valor desde o início da série histórica do IBGE, em 2012.
O economista, André Perfeito, explica que a conjunção de desemprego em queda e rendimento em alta fez que a massa salarial registrar esse recorde.
“Esse avanço reforça a perspectiva de crescimento econômico, afinal se trata de ter mais dinheiro na mesa da economia. (…) Essa elevação pode estar sendo usada para duas coisas: de um lado parte no consumo e outro para a desalavancagem das famílias que se endividaram fortemente durante a pandemia”, explica.
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