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“Efeito da tarifa [na economia brasileira] é marginal”, diz Felipe Guerra, da Legacy Capital

Tarifaço do Trump foi tema central da conversa entre gestores de multimercados macro durante a Expert XP 2025

A menos de uma semana para o começo da cobrança de um imposto de 50% sobre produtos brasileiros enviados aos Estados Unidos, o mercado segue imerso em incerteza. A grande questão é o como a taxa imposta pelo governo de Donald Trump afetará a economia e as empresas brasileiras. Esse foi tema central da conversa entre gestores de multimercados macro durante a Expert XP 2025.

Para Felipe Guerra, da Legacy Capital, o efeito para a economia é “marginal” – com impacto negativo para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), mas benéfico para o controle da inflação. Ao seu lado, Luis Stuhlberger, da Verde Asset, detalhou os impactos que projeta para a economia americana em meio ao tarifaço.

Para Stuhlberger, cenário é positivo para EUA

Stuhlberger destacou a resiliência da economia americana, apesar do anúncio das tarifas de importação. “Pensaram em pequena recessão, mas por hora não aconteceu, mas também é preciso lembrar que as tarifas não estão em sua força total, e que há uma antecipação dos embarques antes de 1º de agosto”, afirmou.

Segundo ele, o PIB americano deve crescer menos por causa das tarifas. Já a inflação deve acelerar para a faixa perto de 3,5% no próximo ano, mas depois, volta para os 2,5%. Esse efeito relativamente pequeno acontece, na visão de Stuhlberger, “particularmente porque as tarifas vieram num momento em que a inflação de serviços e de salários está desacelerando”.

Nesse cenário, analisa o gestor da Verde Asset, o Federal Reserve provavelmente irá esperar uma pequena elevação do desemprego antes de começar a cortar suas taxas de juros.

“Um tema extremamente relevante é a nova política monetária, com um fiscal extremamente frouxo nos EUA. Se você pensa num cenário de juro caindo, com estímulo fiscal, isso é bom para a bolsa. Acho que continua um cenário positivo”, diz.

Para Guerra, impacto das tarifas para Brasil é marginal

Apesar das preocupações com as tarifas de 50% impostas por Trump aos produtos brasileiros, Guerra, da Legacy, vê um impacto marginal sobre a economia brasileira.

“Ainda não sabemos qual vai ser a tarifa, nossa opinião é de que a tarifa continua, dado que é negociação política”, disse. Segundo ele, a taxa deve “pegar em cheio o setor agro, especialmente alguns produtos, e alguma coisa na parte de metalurgia, mas é muito específico”, afirmou Guerra.

Isso acontece porque, segundo Guerra, a economia brasileira é muito fechada – ou seja, importa e exporta pouco, em porcentagem do PIB.

O resultado, segundo ele, é um PIB um pouco menor que o previsto antes, mas uma inflação também menos pressionada.

Guerra lembrou ainda que a economia já estava em desaceleração, mesmo antes da imposição de tarifas, mas como resultado das altas taxas de juros. “A economia está desacelerando de forma gradual, era para desacelerar mais rápido com esse juro alto, mas o juro não faz efeito em plenitude”, disse, apontando os programas de transferência de renda e crédito subsidiado como motivos para essa redução da efetividade da política monetária. “Mas a atividade está desacelerando a despeito disso”, disse.

Segundo ele, essa desaceleração, em conjunto com o dólar mais fraco frente ao real, deve fazer com que a inflação volte à meta. Com essa visão, Guerra diz que o BC pode começar a reduzir os juros ainda neste ano, na última reunião do Copom, em dezembro – e quando começarem os cortes, o gestor espera que sejam rápidos.

“Isso pode ser bom para ativos de risco, empresas bem posicionadas”, resume. 

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