Empresas

Fusão de empresas: o que é, quais os tipos e como funciona?

Unir forças com o concorrente ou outra empresa do mercado através de uma fusão é considerada uma solução em diversas situações

Fusão de empresas. Foto: Pixabay
A fusão de empresas pode se dar inúmeros motivos, que geralmente definem seu tipo. Foto: Pixabay

‘Se não pode derrotá-los, junte-se a eles’. Esse é um antigo ditado popular que pode exemplificar um cenário do mercado: a fusão de empresas. Os negócios estão sempre em evolução, e pode chegar um momento em que duas ou mais companhias deixam a rivalidade de lado para se juntarem em busca de benefícios em comuns.

O mercado brasileiro de fusões e aquisições (M&A) registrou 1.752 transações no valor de R$ 440,4 bilhões em 2022, de acordo com dados da KPMG. Mas, o que, afinal, é uma fusão entre empresas?

O que é a fusão de empresas?

Juridicamente, a fusão é a operação societária em que duas sociedades unem e concentram seus respectivos patrimônios em uma nova sociedade criada a partir dessa operação, explica Mateus Lopes da Silva Leite, sócio do Candido Martins Advogados.

Apesar da definição técnica, na prática o termo acaba designando quaisquer operações em que duas ou mais empresas acabam unindo suas atividades, na imensa maioria das vezes mediante aquisição por uma delas.

Qual a diferença entre fusão, incorporação e aquisição?

A fusão, resumidamente, é a operação em que duas sociedades se unem e deixam de existir e os patrimônios de ambas passam a constituir uma nova sociedade. Veja agora as definições de outros dois termos relacionados a esse universo.

Incorporação

A incorporação é bastante parecida com a fusão, mas neste caso apenas uma das sociedades é extinta e seu patrimônio passa a ser de propriedade da sociedade incorporadora, que permanece existindo.

Nela, segundo Leite, os sócios da sociedade incorporada recebem ações da sociedade incorporadora e passam a ser seus acionistas.

Aquisição

Já a aquisição é um termo bastante abrangente e significa que uma sociedade adquiriu o controle de outra. Essa aquisição pode se dar mediante incorporação da empresa, incorporação de ações, cisão e/ou compra e venda. 

“No final, o traço determinante de uma aquisição é que uma das sociedades se torna controladora da outra e, a depender da forma de contrapartida acordada, os sócios da adquirida podem ou não se tornar acionistas da adquirente”, afirma o sócio.

Como a lei regulamenta a fusão de empresas?

Na legislação brasileira, a fusão empresarial é regulamentada pela Lei das Sociedades Anônimas (Lei 6404/76), e deve ser discutida e acordada em assembleia com todas as partes envolvidas na fusão. 

Na Lei das Sociedades Anônimas é destacado que a fusão determina a extinção das sociedades que se unem, para formar sociedade nova, que a elas sucederá nos direitos e obrigações.

Tipos de fusão empresariais

A caracterização da fusão vai depender do objetivo das partes em realizar a operação. Elas podem ser classificadas em cinco principais tipos: 

  • Fusão horizontal: união de empresas que atuam no mesmo setor, para aumentar sua participação no mercado;
  • Fusão vertical: une companhias que pertencem ao mesmo setor, mas não são da mesma cadeia de produção. Ou seja, negócios que se complementam para buscar novas soluções em conjunto;
  • Conglomerado: é a fusão de sociedades que atuam em setores totalmente distintos. O intuito é aumentar a diversificação de negócios;
  • Fusão de extensão de mercado: une empresas que oferecem o mesmo produto ou serviço, mas em mercados diferentes. A operação busca atingir uma maior base de clientes;
  • Fusão de extensão de produto: é a união de companhias que atuam com produtos ou serviços similares, com o intuito de aumentar ofertas e conquistar mais fatias do mercado.

Segundo o sócio do Candido Martins Advogados, existe ainda o “acqui-hiring”, um termo recente que descreve uma operação de fusão/aquisição cujo principal objetivo é capturar os colaboradores da adquirida.

Quais os motivos que podem levar as empresas a se fundirem?

As empresas se fundem pelos mais variados motivos. Eles vão desde a melhoria da eficiência e produtividade das partes, a aquisição de certos ativos (tangíveis ou intangíveis), até a contratação de talentos ou o aproveitamento de créditos fiscais.

Como funciona uma fusão de empresas, na prática?

Na prática, segundo Mateus Lopes da Silva Leite, a fusão de empresas acontece da seguinte forma:

  • As partes estabelecem os termos e condições principais da operação. 
  • Com base nos atrativos que cada uma das partes vê no negócio, são contratados assessores para auditarem a outra parte, verificando as demonstrações financeiras, a situação jurídica, a segurança dos diferenciais competitivos almejados com a operação, dentre outros fatores.
  • Confirmando-se as premissas estabelecidas, passa-se à negociação dos termos definitivos, cumprimento das condições suspensivas (tais como CADE e autorizações de terceiros);
  • E, por fim, o fechamento da operação.

3 exemplos de empresas que se fundiram no Brasil

Itaú e Unibanco

Um dos maiores bancos brasileiros já passou por um processo de fusão. Em 2008, o Itaú Unibanco surgiu a partir da união entre o Banco Itaú e o Unibanco, duas das maiores instituições financeiras do país, resultando no maior conglomerado financeiro do hemisfério sul.

Raia Drogasil

A Raia Drogasil também foi formada a partir da fusão entre a Droga Raia e a Drogasil, em 2011. Hoje, a empresa se tornou uma das maiores referências no varejo farmacêutico e possui filiais espalhadas na maior parte dos estados brasileiros.

Aliansce Sonae e brMalls

Mais recentemente, em janeiro de 2023, as empresas Aliansce Sonae e brMalls, do setor de shoppings, se uniram para se tornarem a maior empresa do setor da América Latina, com 69 unidades e vendas anuais perto de R$ 38,5 bilhões. Números bem maiores do que os das principais concorrentes nacionais, como a Multiplan, que tem 20 shoppings, e a Iguatemi, com 16.

Para saber ainda mais sobre investimentos e educação financeira, não deixe de visitar o Hub de Educação da B3.

Sobre nós

O Bora Investir é um site de educação financeira idealizado pela B3, a Bolsa do Brasil. Além de notícias sobre o mercado financeiro, também traz conteúdos para quem deseja aprender como funcionam as diversas modalidades de investimentos disponíveis no mercado atualmente.

Feitas por uma redação composta por especialistas em finanças, as matérias do Bora Investir te conduzem a um aprendizado sólido e confiável. O site também conta com artigos feitos por parceiros experientes de outras instituições financeiras, com conteúdos que ampliam os conhecimentos e contribuem para a formação financeira de todos os brasileiros.