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Lucro da Caixa encolhe 43% em 2022; banco provisionou 50% da dívida com a Americanas

Queda no resultado do 4º trimestre da Caixa vem diante da exposição do banco à varejista. Presidente da CEF criticou programas geridos pelo banco no governo anterior

Caixa. Foto: José Cruz/Agência Brasil
O balanço da CEF veio em linha com os resultados negativos dos três maiores bancos privados do país. Foto: José Cruz/Agência Brasil

A Caixa Econômica Federal (CEF) registrou lucro líquido de R$ 2,2 bilhões no 4º trimestre de 2022, ante R$ 3,2 bilhões no mesmo período de 2021 (-32,4%). Na comparação com os três meses anteriores, a queda chega a 32,5%. Em todo o ano passado, o resultado totalizou R$ 9,8 bilhões, redução de 43,4% em relação a 2021 (R$ 17,2 bilhões).

O balanço da CEF veio em linha com os resultados negativos dos três maiores bancos privados do país. Bradesco, Itaú Unibanco e Santander tiveram queda de 21,2% no lucro líquido no ano passado – ainda reflexo dos efeitos da pandemia na economia. O balanço do banco público se refere aos últimos três meses de gestão da economista Daniella Marques. Hoje a Caixa é comandada por Rita Serrano, indicada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Durante a apresentação dos resultados nesta quinta-feira, 23/03, o vice-presidente de finanças e controladoria da Caixa, Marcos Brasiliano Rocha, afirmou que por ser um banco público, o resultado da instituição não pode ser medido apenas pelo lucro e sim pela entrega para a sociedade.

“A Caixa tem um papel social importante, ela geralmente entra de maneira anticíclica no seu planejamento. A Caixa não para de emprestar quando todo mundo para”, afirmou.

A presidente da CEF fez fortes críticas a gestões anteriores e destacou o período complicado que viveu o banco diante da venda de ativos, alta rotatividade de empregados e aumento de casos de assédio moral contra empregados. “A Caixa vendeu R$ 58 bilhões em ativos entre 2019 e 2021; e isso não se repetirá mais. A Caixa será uma empresa pública, rentável, sustentável, com integridade e governança”.

Rita Serrano também criticou programas geridos pela Caixa durante o governo de Jair Bolsonaro (PL). “O banco adotou programas do governo federal controversos, como o programa de microfinanças, que tem 80% de inadimplência e impactou no provisionamento do banco. Embora tenha um fundo que vai cobrir essas perdas, só vai entrar nos cofres do banco a partir deste ano”, concluiu.

Concessão de crédito

A carteira de crédito da CEF atingiu R$ 1 trilhão, com alta de 16,7% em um ano. Apenas no último trimestre foram concedidos R$ 123,9 bilhões em crédito – crescimento de 7,2% em 12 meses.

O crédito imobiliário representa a maior parcela de empréstimos pelo banco público. A Caixa é líder no mercado brasileiro desse tipo de crédito e tem 66,2% de todas as concessões do país. Em 2022, a instituição tinha saldo de R$ 637,9 bilhões, alta de 13,6% em um ano. Em seguida estão o crédito comercial (R$ 231 bilhões), consignado (R$ 102,5 bilhões), infraestrutura (R$ 99,3 bilhões) e agronegócio (R$ 44,1 bilhões).

O índice de inadimplência avançou para 2,09% no quarto trimestre de 2022. Na carteira comercial a alta foi ainda maior 4,41%. Já nos empréstimos imobiliários a inadimplência caiu para 1,70%.

Exposição à Americanas

Mesmo sem citar nominalmente à Americanas, a Caixa reconheceu que teve impactos no seu balanço do 4º trimestre relativo ao caso específico de um grupo empresarial de grande porte que entrou em recuperação judicial.

O banco público informou que reforçou a provisão para créditos de liquidação duvidosa, no montante de R$ 249 milhões. Essa cifra representa o provisionamento de 50% da carteira em virtude da piora no risco de crédito. A exposição da Caixa à varejista era de R$ 501 milhões.

Diante desse resultado, a provisão para devedores duvidosos (PDD) cresceu 70% no último trimestre do ano passado, um valor de R$ 4,938 bilhões. A alta em 12 meses chega a 67,5%.

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