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Petrobras anuncia nova política de preços dos combustíveis

Estatal anunciou o fim da paridade em relação ao petróleo no mercado internacional, o chamado PPI. Para analistas, a nova política de preços para gasolina e diesel é confusa

Petrobras. Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil
Em nota, a estatal afirmou que a estratégia vai levar a companhia a ser mais eficiente e competitiva. Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

A Petrobras anunciou nesta terça-feira, 16/05, que a diretoria executiva da estatal aprovou sua nova política de preços para o diesel e a gasolina vendidos pelas suas refinarias no Brasil. A nova estratégia comercial substitui a política de paridade de importação (PPI), em vigor desde 2016, e que acompanhava os preços do petróleo e combustíveis derivados no mercado internacional, ou seja, em dólar.

Pelas novas regras, segundo nota divulgada pela Petrobras, o preço dos combustíveis será avaliado através de dois mecanismos.

1. Custo alternativo do cliente: será prioridade na formação dos preços, ao contemplar “as principais alternativas de suprimento, sejam de fornecedores dos mesmos produtos ou de produtos substitutos”;

2. Valor marginal: “baseado no custo de oportunidade dadas as diversas alternativas para a companhia dentre elas, produção, importação e exportação do referido produto e/ou dos petróleos utilizados no refino”.

Em nota, a estatal afirmou que a estratégia vai levar a companhia a ser mais eficiente e competitiva, já que é uma empresa com grande capacidade de produção e estrutura de escoamento e transporte em todo o país.

“Nosso modelo vai considerar a participação da Petrobras e o preço competitivo em cada mercado e região, a otimização dos nossos ativos de refino e a rentabilidade de maneira sustentável. (…) A Petrobras reforça seu compromisso com a geração de valor e com a sustentabilidade financeira de longo prazo, preservando a sua atuação em equilíbrio com o mercado, ao passo que entrega aos seus clientes maior previsibilidade por meio da contenção de picos súbitos de volatilidade”.

O economista, André Perfeito, avalia que como o Brasil não é autossuficiente no refino do petróleo, fica claro que a Petrobras não vai poder abandonar totalmente a paridade com os preços internacionais. Portanto, para o analista, o que foi anunciado hoje precisa ser testado na realidade.

“O momento atual é propício para a Petrobras, afinal hoje os preços domésticos estão mais caros que a paridade, seja porque o barril de petróleo está relativamente estável, seja pelo Real que se apreciou. Se a Petrobras souber administrar essa ‘gordura’ a empresa pode conduzir uma política que agradará”.

Para Paulo Luives, economista da Valor Investimentos, a Petrobras passa a adotar uma abordagem mais subjetiva para a formação dos preços. Isso, segundo ele, vai evitar que altas repentinas na cotação do petróleo no mercado internacional possa impactar os preços dos combustíveis de forma mais direta no Brasil. 

“A Petrobras não necessariamente vai abandonar o preço do barril de petróleo, mas sim fará uma avaliação mais criteriosa. A estatal não vai só olhar opções – onde outros compradores podem adquirir o petróleo, mas também vai olhar o quanto custa para esses outros players comprarem com outros fornecedores e o quanto também custa para a companhia produzir o petróleo“.

A economista chefe da Veedha Investimentos, Camila Abdelmalack, afirma que ainda é preciso entender melhor como ficará a formulação dos preços pela Petrobras. Principalmente quando houver fortes flutuações nos valores dos combustíveis no cenário internacional e em uma eventual elevação brusca da cotação do dólar.  

“O que a gente precisa entender é como ficará em uma situação de repique no preço do combustível para cima ou de forte desvalorização da taxa de câmbio. Tudo leva a crer que, em uma situação que se volte a uma sistemática similar ao que se observou no passado, pode haver uma internalização desse prejuízo por parte da empresa e isso acaba prejudicando a saúde financeira da companhia”.

Reajustes

Em relação a dinâmica dos reajustes, a companhia informou que eles continuam sendo feitos sem periodicidade definida, “evitando o repasse para os preços internos da volatilidade conjuntural das cotações internacionais e da taxa de câmbio”.

Desde a campanha, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) prometeu acabar com a regra de paridade internacional com o preço do petróleo. Lula chegou a falar em “abrasileirar” o preço dos combustíveis.

Redução dos preços

Poucas horas depois de anunciar a sua nova política de preços, a Petrobras reduziu o preço da gasolina e do diesel nas refinarias.

A partir desta quarta-feira, 17/05, a gasolina vai ficar 12,57% mais barata. O preço médio passará de R$ 3,18 para R$ 2,78 por litro, redução de R$ 0,40. Essa é a terceira queda no ano. Já o diesel passará de R$ 3,46 para R$ 3,02 por litro – redução de 12,71% (menos R$ 0,40). É a quinta baixa neste ano.

O preço do gás de cozinha (GLP) nas distribuidoras também vai ficar mais barato. A redução será de R$ 3,22 para R$ 2,53 por quilo. Assim, o preço médio ao consumidor final pode atingir o valor de R$ 99,87 por 13kg, segundo a estatal.

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