Para especialista em ESG, Brasil avança na agenda ambiental enquanto EUA vivem retrocesso
Apesar do potencial brasileiro em ESG, Lockerente reconhece que país ainda engatinha em termos de investimentos sustentáveis
Por Victor Rabelo
“A gente vê um retrocesso da agenda ESG, principalmente nos EUA, e uma estagnação da União Europeia. Aqui no Brasil estamos numa agenda diferente, vemos grandes avanços”, disse Henri Rysman de Lockerente, head e gestor da área de crédito privado e especialista em ESG do BNP Paribas.
A declaração foi feita durante a Febraban Tech, em painel que tratou dos “próximos passos do Brasil no desenvolvimento de um mercado financeiro verde e digital”. Apesar do potencial brasileiro em termos de investimentos sustentáveis, Lockerente reconhece que o país ainda engatinha nesse quesito.
“Os fundos de investimentos sustentáveis [do Brasil] ainda representam menos que 1% do total de títulos. Estamos no começo, mas os primeiros passos mostram que estamos no caminho certo”, afirmou.
No mesmo sentido, Maria Netto, diretora-executiva do ICS (Instituto Clima e Sociedade), que dividiu o painel com Lockerente, acredita que as características do Brasil colocam o país como uma potência.
“O Brasil é um dos protagonistas porque temos histórico em termos de regulação, com as atuações do Banco Central e da CVM. O Brasil tem um ecossistema muito forte, que depende de recursos naturais. Nossa energia vem de fontes renováveis e, naturalmente, nossos produtos têm uma pegada verde. Para alguns países, a descarbonização pode ser um problema, mas para nós é uma solução”, disse.
Para Maria Netto, porém, falta ao Brasil saber “vender” melhor suas qualidades e se colocar como um protagonista em ESG de fato. “As pessoas reconhecem que o Brasil é um mercado mais sofisticado do que outros países emergentes, mas não conseguimos escala e rapidez. A Índia é mais rápida, agressiva e toma espaço nos mercados. Falta ter visão estratégica e se vender melhor”.
A diretora disse ainda que o avanço dos instrumentos financeiros precisa caminhar junto com uma ação de Estado. “Claro que para isso precisamos de política pública. Tivemos retrocessos em questão de desmatamento, precisamos de regulação clara, precificação de carbonos, que são os sinais de mercado que permitem o setor privado seguir”, concluiu.
Para essa promoção do Brasil como uma terra cheia de oportunidades para investimentos sustentáveis, Lockerente entende que a participação em grandes eventos climáticos deve ser bem aproveitada. “Precisamos pegar a oportunidade da COP30, por exemplo. Recentemente, tivemos a participação do Lula na Conferência dos Oceanos com anúncio do aumento de áreas protegidas. Temos potencial para o investidor estrangeiro investir”, finalizou.
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