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Financiamentos imobiliários mais caros ajudam a pressionar aluguéis em fevereiro

Aluguéis residenciais avançaram 1,06% no mês passado. Em 12 meses, índice desacelerou para 8,73%, mas ainda segue bem acima da inflação

Aluguel. Foto: Adobe Stock
O aluguel é um despesa essencial para quem ainda não possui a casa própria, e o mercado de ações pode ajudar a aliviar essa conta. Foto: Adobe Stock

O indicador que mede a evolução dos preços dos aluguéis em todo o país desacelerou no mês passado. O Índice de Variação de Aluguéis Residenciais (IVAR) avançou 1,06% em fevereiro, ante a alta de 4,20% em janeiro. Os dados foram divulgados nesta terça-feira, 07/03, pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV Ibre).

Com o resultado, a taxa acumulada em 12 meses passou de 10,74% no primeiro mês do ano para 8,73% em fevereiro. Apesar da desaceleração, o índice está bem acima da inflação (IPCA) que em um ano até janeiro está em 5,77% e da prévia da inflação (IPCA-15) acumulada até fevereiro que é de 5,63%.

Entre janeiro e fevereiro, metade das cidades que compõem o IVAR tiveram uma perda de ritmo nos preços dos aluguéis. Em São Paulo, o valor caiu de 2,84% em janeiro para 2,10% em fevereiro e em Porto Alegre, de 10,15% para -4,71%.

Por outro lado, no Rio de Janeiro houve um avanço forte de 1,45% no primeiro mês do ano para 3,11% em fevereiro. Em Belo Horizonte, os preços dos aluguéis residenciais escalaram de 0,72% para 5,97% na mesma base de comparação.

O coordenador do IPC Brasil do FGV Ibre, Paulo Picchetti, explica que a maior disposição dos proprietários em elevar o preço do aluguel ocorre diante da reabertura da economia – que puxou a melhora do mercado de trabalho – além da intenção de recuperar as perdas durante a pandemia.

“Se a gente pegar a queda nominal em 2020, a recuperação que vem acontecendo ainda não foi suficiente para empatar, em termos reais, com o que foi a inflação nesses últimos três anos. Então é muito mais uma recuperação do valor real do que os aluguéis efetivamente estarem subindo. Para isso também colabora a questão da recuperação do mercado de trabalho e outros fatores como o financiamento de imóveis que está mais caro”.

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Apesar do elevado patamar dos aluguéis, o coordenador do índice do FGV Ibre acredita que o mercado não tem condições de sustentar esse valor em 2023 – como já mostra o IVAR no mês passado.

“A gente teve esse aumento grande no começo do ano, mas o próprio recuo agora já mostra que você não tem condições de sustentar esse ritmo de aumento ao longo dos próximos meses. Isso pode ser observado na medida em que o próprio mercado de trabalho já começa a sentir o efeito da desaceleração do nível de atividade que ficou claro no PIB do último trimestre do ano passado”, explica Paulo Picchetti.

Financiamentos e preços dos aluguéis

Os financiamentos imobiliários com a caderneta da poupança, a principal fonte de recursos do setor, somaram R$ 11,9 bilhões em janeiro de 2023 – uma queda de 15,2% em relação ao mês anterior (R$ 14 bilhões). Na comparação com o primeiro mês do ano passado, o recuo foi de 18,4% (R$ 14,6 bilhões).

Os dados da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), mostram ainda que em todo o ano de 2022, o financiamento de imóveis somou R$ 179,2 bilhões em 2022 – retração de 12,8% em relação ao mesmo período do ano anterior (R$ 205,4 bilhões).

O movimento reflete o patamar elevado das taxas de juros no país. A Selic está em 13,75% ao ano desde agosto de 2022 – maior patamar em seis anos. Com a taxa em alta, o crédito fica mais caro, o que prejudica os brasileiros que estão em busca da casa própria.

O economista responsável pelo IVAR explica que a escalada dos juros básicos da economia encareceu os financiamentos habitacionais, o que acabou se refletindo nos contratos de aluguel.

“Tem um movimento de pessoas que estavam pensando em adquirir um imóvel, mas eventualmente estão adiando por conta do aumento do custo do financiamento. Na medida em que eles têm que continuar alugando um lugar para morar o preço sobe e cria uma condição para essa recuperação do mercado”, conclui Paulo Picchetti.

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