Ibovespa fecha junho como o melhor mês em 2 anos; dólar cai abaixo de R$ 4,80
Nos EUA, o Nasdaq fechou com o melhores resultado para um primeiro trimestre em 40 anos, com forte retomada das ações de tecnologia
O Ibovespa fechou junho como melhor mês em mais de dois anos, mesmo após interromper sequência de nove altas semanais, com queda de 0,25% nesta sexta-feira (30), que significou uma perda de 0,75% desde segunda.
Na última semana, o Ibovespa fechou em 118.977,10 pontos após subir 0,04% na sexta-feira e 0,18% no acumulado da semana. A sequência rendeu a maior série semanal positiva desde agosto de 2016.
O índice se valorizou ao longo do mês após ventos favoráveis soprando sobre a economia brasileira, com destaque para a desaceleração da inflação e PIB crescendo acima do esperado. A avaliação do país no exterior vem melhorando, o que tem atraído investidores e fortalecido o real.
Esta semana, porém, foi período de realização de lucros, especialmente para empresas do exterior, que efetuaram, em muitos casos retorno de capital para suas matrizes, o que impactou negativamente a bolsa. O movimento tende a ser temporário.
Entenda o que é a meta contínua de inflação, que passa a ser perseguida pelo BC em 2025
Dólar
O dólar fechou em queda nesta sexta-feira depois da divulgação dos dados de inflação do Departamento do Comércio, o PCE.
A divisa caiu 1,19%, a R$ 4,7889, dando sequência à tendência de redução observada no pregão da quinta-feira, quando começou em alta, mas perdeu força ao longo do dia e fechou no vermelho.
- Dólar diário: -1,19%
- Dólar mensal: -5,60%
- Dólar semestral: -9,27%
O DXY, índice que compara o dólar a outras moedas de economias importantes, recuou 0,42% nesta sexta, a 102,85 pontos. O índice fechou o mês com queda de 1,36% e, no semestre, acumulou desvalorização de 0,59%.
Índice | Em 30 de junho | Variação dia | Variação mês | Variação no ano |
Ibovespa | 118.087 | -0,25% | +9,27% | +7,88% |
Dow Jones | 34.407,60 | -0,41% | -3,49% | -0,72% |
S&P 500 | 4.450,17 | -0,61% | +0,25% | +8,86% |
Nasdaq | 15.179,21 | -0,63% | +5,80% | +23,59% |
IFIX | 3155,32 | +0,74% | +4,71% | +10,05% |
Nasdaq tem melhor 1º tri em 40 ano
Nos EUA, as ações que sofreram em 2022 terminaram o primeiro semestre como grandes vencedoras, com destaque para o setor de tecnologia. A Nvidia fechou o semestre com alta de 189% depois de avançar 3,6% no dia.
Outras que se destacaram neste primeiro semestre foram Netflix (+49%), Meta (+130%), Microsoft (42%), Amazon (52%), Apple (55%).
Com isso, o Nasdaq fechou os seis primeiros meses de 2023 com o melhor resultado para um primeiro semestre da história do índice, ou seja, desde 1983, segundo a CNBC.
- Nasdaq diário: 1,6%
- Nasdaq mensal: +6,7%
- Nasdaq semestral: 31,9%
- Dow Jones diário: 1%
- Dow Jones mensal: +4,7%
- Dow Jones semestral: 3,9%
- S&P 500 diário: 1,4%
- S&P 500 mensal: +6,0%
- S&P 500 semestral: +16,1%
Inflação nos EUA
Nos EUA, o destaque da semana fica por conta do PCE. O índice, um dos principais para calibragem da política de juros do Fed, avançou 0,1% em maio na relação com abril, em linha com o que projetam os analistas do mercado. Os dados são do Departamento do Comércio.
Outro ponto importante é o núcleo do PCE, que exclui alimentação e energia, que subiu 0,3%. Este veio abaixo do projetado. O mercado esperava alta de 0,4% na relação com abril. Na medida anual, há desaceleração, para 4,6%. No mês passado, o índice anual era de 4,7%.
Retomada chinesa patina
A China esteve no foco das atenções no último mês, com a decisão do seu banco central de reduzir as taxas de juros como nova estratégia para, enfim, reanimar a economia.
O Goldman Sachs chamou o esforço para retomada econômica após a abertura pós-covid até aqui de “fracassado” e rebaixou a expectativa de crescimento do país de 6% para 5,4%.
Anteriormente, a S&P já havia revisado para baixo a expectativa de crescimento da China, de 5,5% para 5,2%.
Em relatório publicado no final de junho, a Moody’s apontou que a desaceleração da China representa riscos limitados para a economia dos EUA. O que mais assusta a agência de risco são os problemas geopolíticos e internos da primeira economia do mundo.
Europa
As bolsas da Europa fecharam em alta nesta sexta-feira, 30, em uma sessão na qual índices de inflação apresentaram desaceleração na alta dos preços, o que impulsionou perspectivas de menor aperto monetário por parte dos bancos centrais.
Dados na Europa e nos Estados Unidos corroboraram a visão, que vem em um momento no qual declarações de dirigentes nos últimos dias vinham sugerindo maiores altas de juros.
O índice pan-europeu Stoxx 600 teve alta de 1,19%, a 462,07 pontos. No primeiro semestre, o índice fechou em alta de 8,8%.
Recessão
A Alemanha, principal economia da Europa, enfrenta recessão técnica depois de o PIB do país cair 0,5% 2 0,3% no último trimestre de 2022 e no primeiro de 2023, respectivamente.
A economia alemã sofre principalmente com a perda de competitividade da sua indústria, que foi fundamental para tirar o país de maus lençóis em apertos anteriores.
Agora, com o preço da energia disparando no continente, principalmente por causa da guerra entre Rússia e Ucrânia, a indústria alemã tem reduzido sua potência, com uma queda de quase 13% da produção em setores intensivos em energia em abril.
Ainda na Europa, mas fora da zona do euro, o Reino Unido tem enfrentado dificuldades para conter a inflação. A OCDE avaliou que a alta de preços no Reino Unido será a maior entre as economias desenvolvidas em 2023, chegando a uma inflação média anual de 6,9%, abaixo apenas de Argentina e Turquia no que diz respeito às economias do G-20. A meta inflacionária do país é de 2%.
A persistência da inflação faz com que os bancos centrais da Europa, com destaque para o BoE (Banco da Inglaterra, na sigla em inglês) mantenha seu tom duro com relação às taxas de juros, que devem seguir em alta pelos próximos meses.