Indicadores mostram perda de ritmo da atividade comercial nos EUA; Europa patina
Queda na demanda provocou a maior desaceleração da economia americana em cinco meses. Na zona do Euro, setor industrial e de serviços atingem o menor patamar em oito meses
Na semana em que os bancos centrais dos Estados Unidos e da zona do Euro definem mais uma vez os rumos de sua política monetária, o índice que mede a atividade econômica do setor privado americano começou o 2º semestre abaixo do esperado.
O índice de gerentes de compras (PMI) composto dos Estados Unidos, que reúne a atividade do setor industrial e de serviços, caiu de 53,2 em junho para 52 pontos em julho. Os dados foram publicados nesta segunda-feira, 24/07, pela S&P Global.
O objetivo dos números é orientar investidores sobre as tendências para a economia. Vale lembrar que o PMI acima de 50 pontos indica que há expansão na atividade. Caso contrário, mostra retração.
Esse foi o ritmo mais lento de expansão da atividade comercial americana em cinco meses. O principal impacto veio da moderação do crescimento no setor de serviços. Outro efeito importante veio do indicador de atividade futura, que caiu ao menor nível do ano.
O economista-chefe de negócios da S&P, Chris Williamson, explicou que julho é marcado pela ‘combinação indesejável’ de crescimento econômico lento, fraca criação de vagas, confiança empresarial em queda e inflação persistente.
“O quadro sombrio acrescenta riscos negativos ao crescimento da produção nos próximos meses, o que, juntamente com a desaceleração do ritmo de expansão em julho, manterá vivo o medo de que a economia americana ainda possa sucumbir a outra desaceleração antes do final do ano”, disse, em comunicado.
O PMI do setor industrial avançou de 46,3 para 49 pontos, enquanto o PMI do setor de serviços teve queda de 54,4 em junho para 52,4 em julho.
Decisão do Fed sai na quarta-feira
O Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) dos Estados Unidos deve subir em 0,25 ponto percentual os juros americanos nesta quarta-feira, 26/07.
Hoje a taxa está no intervalo entre 5% e 5,25%. Na última reunião, o comitê do Federal Reserve manteve a taxa inalterada nesse patamar.
O aperto na política monetária dos EUA já é dado como certo pelos analistas. O foco agora será a sinalização sobre a probabilidade de mais aumentos ou uma pausa prolongada.
Se a alta se confirmar, será a taxa de juros mais alta em 22 anos.
Serviços e indústria europeia segue em retração
O Índice de Gerentes de Compras (PMI, na sigla em inglês) composto da zona do Euro, que engloba indústria e serviços, desacelerou de 49,9 em junho para 48,9 pontos em julho.
Além do resultado ficar abaixo do patamar de 50, que marca o limite entre expansão e retração, veio pior do que o esperado pelo mercado, que era de 49,7 pontos. Os dados são da S&P Global e do Hamburg Commercial Bank. A queda na produção da indústria e o setor de serviços em lenta recuperação explicam esses números.
O PMI do setor industrial foi de 43,4 em junho para 42,7 em julho, menor nível em 38 meses. Já o índice de serviços recuou de 52 em junho para 51,1 em julho, nível mais baixo em seis meses
Para a economista-chefe do Hamburg Commercial Bank, Cyrus de la Rubia, uma recessão na zona do Euro não está descartada.
“A manufatura continua a ser o calcanhar de Aquiles da zona do Euro. A economia provavelmente entrará em território de contração nos próximos meses, já que o setor de serviços continua perdendo força”, destacou.
Atividade econômica da Alemanha e da França preocupam
A pior situação da indústria e do setor de serviços está na Alemanha e na França. O PMI alemão ficou em 48,3, abaixo do limite de crescimento. Já o índice francês ficou ainda mais negativo e atingiu 46,6 pontos, o pior resultado em mais de dois anos.
Em ambos os países os resultados foram piores do que o previsto pelos economistas do mercado. Nos dois casos, o setor industrial é o principal problema, já que os serviços avançam pouco, mas crescem.
As péssimas leituras do PMI para as duas maiores economias da zona do Euro são um alerta para a região como um todo.
Dúvidas sobre o aperto monetário na Europa
Os fracos dados econômicos na Europa estão alimentando dúvidas dos analistas se o Banco Central Europeu (BCE) vai mesmo seguir subindo as taxas de juros.
Na quinta-feira, 27/07, sai a decisão do BCE e o aumento esperado é de 0,25 ponto percentual, o que irá elevar a taxa básica para 3,75%. Para os analistas, a economia europeia só suportaria mais uma elevação, com perspectivas de corte já em 2024.
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