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Indústria volta para o negativo e tomba 0,6% em julho

Resultado pior que o esperado pelo mercado foi marcado pela retração de 6,5% na produção de veículos, apesar dos incentivos do governo para a compra de carros novos

Produção industrial; indústria. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
O desempenho da produção industrial do país veio pior do que o esperado pelo mercado financeiro. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

A produção industrial brasileira voltou para o negativo em julho. O recuo foi de 0,6% na comparação com o mês anterior. Em junho o indicador ficou estável, enquanto em maio cresceu 0,3%.

Os números do setor, publicados nesta terça-feira, 05/09, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) vieram piores do que o esperado pelos economistas. O mercado aguardava uma queda menor, de 0,4%.

 Em relação a julho do ano passado, o tombo da indústria foi menor: -1,1%. No acumulado do ano, a queda é de 0,4%.

O setor segue 2,3% abaixo do patamar pré-pandemia (fevereiro de 2020). A indústria também está 18,7% abaixo do ponto mais alto da série histórica, registrado em maio de 2011.

O head de pesquisa macroeconômica da Kínitro Capital, João Savignon, explica que o maior custo do crédito e o endividamento das famílias brasileiras seguem impactando o setor.

“Os desafios seguem inalterados, com uma conjuntura econômica desafiadora no ano, especialmente no que diz respeito à perspectiva de menor fôlego da demanda por bens, o que mantém os estoques elevados, e juros altos”.

EVOLUÇÃO DA PRODUÇÃO INDUSTRIAL

Fonte: IBGE

O resultado da indústria em julho teve um perfil disseminado de taxas negativas, com queda em três das quatro grandes categorias econômicas e 15 dos 25 ramos pesquisados pelo IBGE.

Veículos, indústria extrativa e informática

Os segmentos de veículos automotores, indústrias extrativas e equipamentos de informática tiveram os principais impactos negativos no setor em julho.

A produção de veículos reboques e carrocerias caiu 6,5% em julho em relação ao mês anterior. O resultado intensificou a queda verificada em junho, de 3,4%.

O analista da pesquisa do IBGE, André Macedo, explica que o programa de incentivos fiscais do governo para a venda de veículos não alterou o cenário das fábricas, apenas das vendas. “O setor já tinha um nível alto de estoque”.

A segunda influência negativa veio da queda de 1,4% nas indústrias extrativas, após dois meses seguidos de crescimento. Entre maio e junho, esse segmento avançou 4,3%.

“Essa queda, entretanto, não altera a trajetória de aumento. É o setor de principal impacto positivo no resultado do acumulado do ano, com expansão de 7%”, afirma o pesquisador.

Em seguida vieram os setores de equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (-12,1%); máquinas e equipamentos (-5%); confecção de artigos do vestuário e acessórios (-8%); produtos de metal (-4,8%) e borracha e material plástico (-3,8%).

Melhora da produção em 9 atividades

Na contramão dos impactos negativos ficou a indústria de produtos farmacêuticos, que avançou 8,2% em julho. O resultado interrompeu três meses consecutivos de queda na produção, com perda acumulada de 17,7%.

Também houve aumento na produção de alimentos (0,9%), o primeiro dado positivo desde dezembro de 2022, impulsionado pela expansão na produção de açúcar, soja e carne bovina.

Grandes categorias da indústria

A produção de bens de capital caiu 7,4% em julho na comparação com o mês anterior. É o maior recuo mensal desde abril. Em relação a julho de 2022, a produção recuou 16,9%.

“A indústria de transformação, como esperado, segue mostrando recuos consecutivos na margem, sofrendo com as condições financeiras ainda muito restritivas”, conclui João Savignon.

A produção de bens intermediários, que representa mais de metade do setor industrial, caiu 0,6% entre junho e julho.

A produção de bens duráveis tombou 4,1% em julho, reflexo do resultado ruim da indústria automobilística. Já o resultado de bens semiduráveis e não duráveis foi o único no campo positivo: 1,5% em julho, ante junho.

PMI segue em expansão

O índice de gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) do setor de serviços brasileiro avançou para 50,6 pontos em agosto, ante 50,2 em julho.

Segundo os dados divulgados hoje pela S&P Global, esse foi o sexto mês seguido em que a atividade ficou acima de 50 pontos, índice que marca o limite entre expansão e retração.

Com isso, o PMI composto, que consolida os dados de serviços e indústria, também se recuperou e subiu para 50,6 no mês passado.

A diretora associada da S&P Global Market Intelligence, Pollyanna De Lima, explicou que o avanço sustentado de novos negócios levou a um novo crescimento nos serviços.

“O aumento contínuo da demanda manteve a atividade dentro da zona de crescimento, enquanto as decisões do Banco Central de começar a cortar taxas estimularam a confiança nos negócios”.

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