Recorde de inflação na Inglaterra; nos EUA varejo avança e indústria cai
A taxa de inflação inglesa atingiu o maior valor em 41 anos. Nos Estados Unidos, as vendas do varejo avançaram acima do esperado; produção industrial cai
A escalada do preço da energia no Reino Unido puxou a taxa anual de inflação do país em outubro para o valor mais alto em 41 anos. O índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) avançou 11,1% na comparação com o ano anterior – taxa mais alta do que os 10,1% registrados em setembro. É o maior valor desde outubro de 1981, segundo o Escritório de Estatísticas Nacionais (ONS, na sigla em inglês) divulgou nesta quarta-feira, 16/11. O indicador também ficou acima da expectativa do mercado de uma alta de 10,9%.
A inflação está cinco vezes acima da meta de 2% estabelecida pelo BOE – o banco central da Inglaterra – apesar de oito aumentos na taxa básica de juros desde o ano passado. O secretário do Tesouro inglês, Jeremy Hunt, afirmou que vai ajudar o BOE a devolver a inflação à meta com medidas duras para conter o déficit orçamentário. Ele também culpou a invasão da Ucrânia pela Rússia por aumentar a inflação em todo o mundo.
”Esse imposto insidioso está consumindo cheques de pagamento, orçamentos domésticos e poupanças, ao mesmo tempo em que frustra qualquer chance de crescimento econômico de longo prazo. Não podemos ter crescimento sustentável de longo prazo com inflação alta”, disse Jeremy Hunt no comunicado.
Os preços da energia dispararam em todo o mundo desde o início da guerra e a decisão da Rússia de limitar o fornecimento de gás natural à Europa para minar o apoio a Kiev. O aumento dos preços atingiu consumidores e empresas, apesar da contração da economia inglesa no terceiro trimestre.
Para os economistas, a alta nas taxas de inflação na Inglaterra deve perder força nos próximos meses. O motivo é o teto de preço de energia – implantado pelo governo em setembro – que limitou o aumento de outubro nos preços de energia doméstica a 27%, em comparação com o aumento de 80% inicialmente anunciado pelo regulador de energia.
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EUA: varejo e indústria
As vendas no varejo dos Estados Unidos tiveram em outubro o maior aumento em oito meses. O resultado indica que a demanda por bens está se sustentando apesar do avanço da inflação e da piora nas perspectivas econômicas.
O desempenho foi positivo em 1,3% no mês passado, após estagnar em setembro, segundo os dados do Departamento de Comércio divulgados hoje. O resultado – que veio acima do projetado por economistas – foi puxado principalmente pelo aumento nas vendas de automóveis, nos supermercados e restaurantes.
A produção industrial americana veio na contramão do varejo em outubro. O índice recuou 0,1% na comparação com setembro quando a indústria avançou 0,1%. O resultado veio abaixo da estimativa dos economistas de avanço de 0,1%.
Os ganhos vieram de bens de consumo – como automóveis, eletrodomésticos e móveis – equipamentos empresariais e de defesa. Já as perdas foram registradas em materiais de construção.
Ontem, o Departamento de Trabalho dos Estados Unidos informou que o índice de preços ao produtor teve alta de 0,2% de setembro para outubro – abaixo da expectativa de 0,4%. O resultado animou os economistas e deu força a previsão de que o Federal Reserve (Fed) – o banco central americano – pode reduzir o ritmo de alta de juros já na reunião de dezembro.
“O mercado já está meio cravando uma alta de meio ponto percentual [nos juros] na próxima reunião do Fed em dezembro. Os diretores do banco central americano também estão com um tom um pouco mais brando, de alta dos juros não tão forte. A gente tem dados, especialmente do mercado imobiliário, com preços de casas desacelerando na margem e os de aluguéis também caindo. Então, acho que o cenário base é certamente de desaceleração da inflação nos Estados Unidos”, explicou Paulo Gala, economista-chefe do Banco Master no ‘Morning Call’ desta quarta-feira.
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Míssil atingiu a Polônia
O presidente da Polônia, Andrzej Duda, afirmou nesta quarta-feira, 16/11, que o míssil disparado contra o país ontem provavelmente saiu da Ucrânia e que não há provas de que o ataque tenha sido intencional. Duda disse ainda que o explosivo provavelmente foi uma arma de fabricação russa disparada por um sistema de defesa aérea da Ucrânia.
A Rússia atacou duramente o território ucraniano ontem, após ser forçada a se retirar da cidade de Kherson, no Sul, na semana passada. Um míssil caiu em um vilarejo polonês perto da fronteira com a Ucrânia, matando dois trabalhadores rurais e aumentando o temor de uma escalada na guerra.