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Quais são os sinais de uma recessão mundial?

Desaceleração das principais economias do mundo deixou investidores alertas

Carrinho de supermercado em um corredor vazio
Taxas de juros altas em países desenvolvidos, além de inflação e desabastecimento fizeram o mercado temer uma recessão. Foto: Adobe Stock

O risco de uma recessão mundial entrou no radar dos investidores. O motivo do receio são notícias vindas de países desenvolvidos, reportando sobre taxas altas de juros, inflação e até falta de produtos no mercado. Por enquanto, o assunto permanece incerto e apenas se especula sobre uma possível crise mundial. Para entender quais são os sinas de uma recessão econômica, confira a seguir mais detalhes.

Teremos uma recessão global?

O caminho para uma possível recessão global começou a ser traçado há alguns anos, quando, durante a pandemia, o governo de alguns países desenvolvidos pôs em prática medidas emergenciais, o que injetou dinheiro na economia e fez a inflação subir. Como remédio contra a inflação, Bancos Centrais de alguns países elevaram as taxas de juros.

Inflação controlada: como os Bancos Centrais definem a taxa de juros?

Só em 2022, o Fed, Banco Central dos Estados Unidos, aumentou a taxa de juros por cinco vezes consecutivas. O Bank Of England, Banco Central do Reino Unido, adotou a mesma estratégia, elevando os juros para combater a inflação atual no Reino Unido, que varia num patamar de 10%, a maior em quarenta anos.

Segundo o professor da B3 Educação, André Massaro, o caso do Reino Unido é mais complicado que o dos Estados Unidos: “por um lado, o Banco Central do Reino Unido elevou os juros para combater a inflação; por outro, o governo adotou medidas que contribuem para o aumento da inflação. O que o governo do Reino Unido fez é aquilo que os economistas chamam de medidas expansionistas, ou seja, que fazem mais dinheiro circular na economia. E o único motivo para isso foram questões políticas, vindas de um governo que entrou agora e tenta se firmar”, avalia Massaro.

Entre as medidas expansionistas citadas por Massaro está o anúncio feito na última sexta-feira (23) pelo ministro das finanças britânico, Kwasi Kwarteng. Conforme divulgado, o Reino Unido cortará um série de impostos, como de renda, sobre compra de imóveis e até alguns pagos por empresas. Com menos alíquotas arrecadas pelo Estado, haverá mais dinheiro circulando na economia e consequente alta da inflação. Pelo mesmo motivo, também é previsto que o Reino Unido aumente sua dívida pública.

As decisões do novo governo britânico fizeram a libra despencar no seu valor em relação ao dólar. A moeda britânica chegou a ser cotada em US$ 1,03 na manhã de ontem, 26. Se o cenário permanecer o mesmo, as importações de commodities, negociadas em dólar, ficarão mais caras para o Reino Unido. A queda do valor da moeda, alta da inflação e dos juros pode significar retração da economia britânica.

Ainda no cenário europeu, na Alemanha o Índice de Clima de Negócios, medido pela The German Information and Foschung (Ifo) e feito a partir de pesquisas com cerca de sete mil empresas, caiu de 88,6 pontos em agosto para 84,3 em setembro. A queda foi maior do que a previsão de analistas, que projetavam 87 pontos.

Quais são as causas de uma recessão global?

De acordo com Massaro, a inflação alta é hoje o fator comum presente nas maiores economias do mundo. Além disso, ainda é preciso levar em conta o desabastecimento de energia provocado pela Guerra da Ucrânia.

“Há dois tipos de inflação: a de demanda, causada por mais dinheiro circulando na economia e maior consumo provocado por isso, e a de oferta, em que a quantidade de dinheiro é estável, mas há falta de produtos no mercado. Hoje, é a do segundo tipo que está na Europa, desencadeada pela corte de gás vindo da Rússia“, explica Massaro. O professor também esclarece que a inflação de oferta não reage bem ao aumento dos juros, como acontece com a de demanda. Logo, a inflação que hoje atinge a Europa é mais difícil de ser controlada.

Já nos Estados Unidos, Massaro avalia que uma das questões principais foi a demora do Fed em aumentar a taxa de juros. Com isso, a previsão é que cenário de juros altos se prolongue durante mais tempo.

Quais são as consequências de uma recessão global para o Brasil?

Comparado aos países do hemisfério norte, a posição do Brasil atualmente é favorável: “aqui, tivemos a vantagem de subir as taxas de juros antes de todos. Então, nosso ciclo de alta já está no fim e a inflação está controlada. Também não temos o problema de combustível observado na Europa”, avalia Massaro.

Além disso, o professor acredita que uma eventual alta do dólar pode favorecer o Brasil, já que o país é um grande exportador de commodities e elas são negociadas pela moeda americana. Entretanto, uma recessão global pode trazer prejuízos no médio prazo, pois se as economias dos países desenvolvidos se retraírem, a importação de commodities pode diminuir.

Para saber mais sobre conceitos de macroeconomia, não deixe de consultar o vídeo preparado pela B3 Educação.

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