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Inflação nos EUA fica acima do esperado e aumenta dúvida sobre corte de juros em março

O CPI subiu 0,3% em dezembro, acima da expectativa de 0,2%

Cédulas de dólar
O acordo de Bretton-Woods, assinado em 1944, substituiu o ouro pelo dólar como moeda global.

O índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) dos Estados Unidos subiu 0,3% em dezembro ante novembro, segundo dados com ajustes sazonais publicados hoje pelo Departamento do Trabalho. O resultado ficou acima da mediana de analistas, que esperavam alta de 0,2%. O mercado aguardava ansioso os números para ajustar suas expectativas quanto ao início do corte de juros pelo Fed (Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos).

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Na comparação anual, o CPI dos EUA subiu 3,4% em dezembro, uma aceleração frente ao aumento de 3,1% de novembro. Já o núcleo do CPI, que exclui os voláteis preços de alimentos e energia, teve incremento anual de 3,9% no mês passado, perdendo leve força em relação ao acréscimo de 4% de novembro.

CPI pressionado faz mercado ajustar expectativas quando aos juros

Logo após a divulgação do CPI, o mercado reduziu a chance de que o início do relaxamento monetário aconteça em março. A expectativa de corte no primeiro trimestre passou de 70,8% para 66,9%, segundo levantamento da CME. Para a reunião de janeiro, é praticamente dada como certa a manutenção do nível atual de juros no país. Os investidores ainda precificam como cenário mais provável (37,8%) cortes de juros acumulados de 150 pontos-base até dezembro.

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Segundo o CEO do Devere Group, Nigel Green, a leitura do índice de preços representa um desafio às expectativas de corte iminente nas taxas. “Com a inflação persistente, esperamos que os juros fiquem ‘mais altos por mais tempo’”, afirmou em relatório.

“Os mercados têm precificado cortes de juros rápido demais. Há um abismo real entre o que o Fed sinaliza em relação aos cortes e o que os mercados esperam”, pontuou Green.

O CIBC projeta que a autoridade monetária só começará a reduzir as taxas de juros no segundo semestre do ano, mas considerou que houve avanço no combate à inflação. “Embora ainda não tenhamos chegado totalmente lá em termos (de inflação) anual, o progresso substancial na dinâmica da inflação subjacente deixará o Fed menos disposto a tolerar uma desaceleração significativa da economia”, avalia o banco canadense.

Por outro lado, a Capital Economics não descarta a possibilidade de redução de juros em março. Em relatório, a consultoria disse “não estar convencida” que o avanço de 0,3% em dezembro justifique o argumento que a trajetória de redução da inflação será complicada.

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Pedidos de auxílio-desemprego caem na semana

O mercado também tem atentado aos dados de emprego nos estados Unidos para tentar prever os próximos passos do Fed. Nesta quinta-feira, o país anunciou que o número de pedidos de auxílio-desemprego caiu 1 mil na semana encerrada em 6 de janeiro, a 202 mil. O resultado frustrou o consenso de expectativas de analistas consultados pela FactSet, de avanço a 205 mil.

O dado pode sugerir um mercado de trabalho ainda mais apertado do que o mercado esperava, o que coloca pressão sobre os índices de preços.

Já o número de pedidos continuados mostrou redução de 34 mil na semana encerrada em 30 de dezembro de 2023, a 1,834 milhão, vindo também abaixo do consenso da FactSet, de 1,878 milhão.

*Com Agência Estado

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