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Inflação sobe 0,24% em outubro puxada por nova alta nas passagens aéreas

Em 12 meses, IPCA está em 4,82% - acima do teto da meta perseguida pelo Banco Central, de 4,75%. Passagens de avião subiram 23,7% no mês passado. Núcleos seguem em queda

IPCA; inflação. Foto: Marcello Casal/Agência Brasil
O resultado ficou acima do teto da meta perseguida pelo Banco Central, de 4,75%. Foto: Marcello Casal/Agência Brasil

A inflação oficial do Brasil, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), subiu 0,24% em outubro, após ficar em 0,26% no mês anterior. Os dados foram divulgados nesta sexta-feira, 10/11, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O maior impacto no resultado veio das passagens aéreas, que avançaram 23,7% em relação ao mês passado. Esse item já vinha de uma alta de 13,47% em setembro. No acumulado do ano, a alta é de 13,53%. Em 12 meses, o valor é bem menor: 3,31%.

“Essa alta pode estar relacionada a alguns fatores como o aumento no preço de querosene de aviação e a proximidade das férias de fim de ano”, explica o gerente da pesquisa do IBGE, André Almeida.

IPCA – MÊS A MÊS

Fonte: IBGE

No acumulado de 12 meses, a inflação está em 4,82%, ante 5,19% até setembro. O resultado ficou acima do teto da meta perseguida pelo Banco Central, de 4,75%. A meta é de 3,25%, com tolerância entre 1,75% e 4,75%.

Dos nove grupos que compõem o IPCA, oito tiveram alta no mês. Para o analista de estratégia macro da BGC Liquidez, Rafael Costa, a surpresa baixista reforça um cenário de desinflação consistente no país.

“O resultado confirmou os bons detalhes que foram registrados no IPCA-15 de outubro em relação aos segmentos mais acompanhados pelo BC para avaliação do processo desinflacionário. Em suma, foi um resultado favorável, mas o avanço dos preços de alimentação é um ponto de atenção”, explica.

Transportes desacelera, apesar da pressão aérea

O grupo Transportes avançou 0,35% em outubro, uma forte desaceleração em relação à alta de 1,40% no mês anterior. Essa alívio foi puxado pela deflação dos preços de combustíveis, que caíram 1,39%.

O preço da gasolina despencou 1,53% em outubro, em relação a setembro, apesar de ainda contribuir com uma alta forte de 14,4% em 2023.

“A gasolina é o subitem de maior peso entre os 377 da cesta do IPCA. Essa queda em outubro foi o maior impacto negativo no índice e contribuiu para segurar o resultado do grupo de transportes”, explica o gerente do IBGE.

No fim do mês passado, a Petrobras reduziu em R$ 0,12 o preço do litro da gasolina para as distribuidoras. No mesmo dia, o óleo diesel teve aumento de R$ 0,25 por litro – o que elevou o preço em 0,33% em outubro.

Ainda dentro do grupo de combustíveis, o etanol (-0,96%) e o gás veicular (-1,23%) também registraram quedas. No lado das altas, estão as passagens aéreas e o preço dos táxis (1,42%).

Preço dos alimentos volta a subir

O grupo Alimentação e Bebidas, que tem maior peso no índice e vem de quatro deflações consecutivas, avançou 0,31% em outubro, na comparação com o mês anterior.  

A alta foi puxada pela alimentação no domicílio, que subiu 0,27%. Entre os itens que mais subiram de preço estão a batata-inglesa (11,23%), cebola (8,46%), frutas (3,06%), arroz (2,99%) e carnes (0,53%).

“O arroz acumula alta de 13,58% no ano. Esse resultado é influenciado pela menor oferta, já que ele está no período de entressafra e houve maior demanda de exportação. No caso da batata e da cebola, a menor oferta é resultado do aumento de chuvas nas regiões produtoras, que prejudicou a colheita”, explica Almeida.

Para Andréa Angelo, estrategista de inflação da Warren Investimentos, o aumento nos preços de frutas e tubérculos trouxeram surpresa altista, o que leva uma alta relevante para alimentação no domicílio.

“Porém já conseguimos identificar que os preços das hortaliças nas coletas de atacado começaram a estabilizar. Mas esperamos alta de 1,2% para os alimentos em novembro e entendemos que este movimento é antecipação do El Niño. O fenômeno climático tirou parte da deflação de alimentos deste ano”, explica.

Os itens básicos na mesa do brasileiro que tiveram queda em outubro foram o leite longa vida (-5,48%) e o ovo de galinha (-2,85%).

A alimentação fora do domicílio ficou 0,42% mais cara, com o aumento da refeição (0,48%) e do lanche (0,19%).

“De maneira geral, esse grupo tem apresentado altas seguidas, mas em outubro houve uma aceleração, passando da variação de 0,12%, em setembro, para 0,42%”, conclui o pesquisador do IBGE.

Núcleos e serviços desaceleram

Os núcleos da inflação brasileira, medida que capta a tendência dos preços e exclui choques temporários avançaram para 0,26% em outubro, de 0,22% em setembro, segundo a MCM Consultores.

No entanto, em 12 meses, a média dos cinco núcleos recuou de 5,01% para 4,71%. O resultado ficou abaixo do teto da meta, que é de 4,75%.

Vale lembrar que o resultado desse indicador é um dos principais dados que o Comitê de Política Monetária fica de olho na hora de conduzir a taxa básica de juros brasileira.

Outro importante item que o Copom leva em conta é a inflação de serviços, que desacelerou de 5,54% para 5,45% na janela de 12 meses.

“O IPCA continua chamando atenção para o bom desempenho da inflação de serviços e para núcleos arrefecendo mais rápido que esperado. A métrica de difusão, medida que mostra o percentual de itens com aumentos de preços, também veio melhor que esperado”, conclui Andréa.

VEJA O RESULTADO DE TODOS OS GRUPOS DO IPCA EM OUTUBRO:

  • Alimentação e bebidas: 0,31%;
  • Habitação: 0,02%;
  • Artigos de residência: 0,46%;
  • Vestuário: 0,45%;
  • Transportes: 0,35%;
  • Saúde e cuidados pessoais: 0,32%;
  • Despesas pessoais: 0,27%;
  • Educação: 0,05%;
  • Comunicação: -0,19%.

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