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Juros nos EUA e guerra Israel-Hamas seguem no radar dos investidores; entenda

Dados fortes do varejo e da indústria americana afetam o mercado, que vê juros altos por mais tempo. Incertezas no conflito do Oriente Médio mexem com o petróleo

As perspectivas de que o Federal Reserve (Fed), o Banco Central americano, deve manter os juros altos por mais tempo e os impactos da guerra entre Israel e o Hamas seguem no radar dos investidores.

Os novos números da economia americana publicados nesta terça-feira, 17/10 mostraram uma atividade ainda forte no país, o que resulta em um menor apetite a riscos nos mercados globais.

A produção industrial dos EUA subiu 0,3% em setembro em relação ao mês anterior, puxada pela produção mais firme de bens de consumo. O resultado veio mais forte que a alta de 0,1% prevista pelo mercado.

No varejo, as vendas americanas tiveram alta de 0,7% no mês passado, na comparação com o anterior, segundo divulgado hoje pelo Departamento de Comércio dos EUA. O desempenho também veio acima da alta projetada de 0,3%.

No período de julho a setembro, o setor tem alta acumulada de 3,1%. Em relação ao mesmo mês do ano passado, houve crescimento de 3,8%.

Esses dados mais fortes que o esperado mostram uma resiliência da economia americana. Isso impulsionou as perspectivas do mercado de um novo aumento nos juros na reunião do Fed em novembro para controlar a atividade e a inflação.

Treasuries em alta

Os receios de juros mais altos nos Estados Unidos dão força ao rendimento dos títulos do Tesouro americano, os Treasuries, que se aproximam nesta terça-feira da máxima em mais de uma década. Na contramão, ficam as bolsas pelo mundo.

“A volatilidade no mercado de títulos americanos segue como um importante ponto de preocupação, com investidores divididos diante do aumento dos riscos geopolíticos, as dificuldades fiscais nos EUA e a incerteza em torno dos próximos passos do Fed na política monetária”, explicam os economistas da Guide Investimentos em relatório.

Os juros mais altos nos Estados Unidos elevam os rendimentos dos Treasuries, considerados os mais seguros.

Assim, quando a taxa avança, os investidores globais migram para esses títulos e retiram dinheiro de ativos de risco, principalmente em países emergentes, como o Brasil.

Os juros mais altos na economia americana também prejudicam as empresas, ao elevar o nível de endividamento e trazendo o risco de pedidos de recuperação judicial. Pelo lado do consumidor, empréstimos e hipotecas ficam mais caros. Os juros hoje nos Estados Unidos estão no intervalo entre 5,25% e 5,50% ao ano, maior patamar em mais de duas décadas.

Guerra e o contexto de mercado

A guerra entre Israel e Hamas entrou no seu 11° dia com 4.208 mortos, sendo 2.808 palestinos e 1.400 israelenses, a grande maioria civis.

Diante desses números assustadores, a corrida diplomática continua para evitar que a guerra escale para outras regiões do Oriente Médio e permitir a entrada de ajuda humanitária na Faixa de Gaza.

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, viaja para Israel nesta quarta-feira, 18/10. De acordo com as agências de notícias, após visitar Israel, Biden vai à Jordânia para se reunir com o presidente do Egito, Abdel Fattah al-Sissi, e autoridades palestinas.

Segundo a chefe de economia da Rico, Rachel de Sá, a percepção entre investidores de que o conflito pode não exceder as fronteiras entre Israel e a Faixa de Gaza tem trazido um certo fôlego aos preços do petróleo. No entanto, é preciso ficar atento.

“Vale notar que, além dos impactos humanitários incalculáveis, o principal impacto econômico do conflito na região tende a vir dos efeitos na commodity – e petróleo mais caro no mundo afeta a inflação que bancos centrais tentam controlar a duras penas no período pós pandemia. E a inflação mais alta impacta o assunto que não sai dos holofotes: juros”.

Na manhã de hoje, os contratos futuros do petróleo oscilam entre leves altas e baixas, com o Brent pouco acima dos US$ 89 e o WTI negociado a US$ 85.

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