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Juros nos EUA vão subir acima do esperado, diz presidente do Federal Reserve

Em audiência no Senado, Jerome Powell, afirmou que banco central americano está preparado para acelerar as taxas e vê pico mais alto nos juros

O presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, afirmou que o banco central americano deve elevar as taxas de juros a um nível mais alto e potencialmente mais rápido que o previsto anteriormente diante de uma inflação persistente. A declaração aconteceu nesta terça-feira, 07/03, durante uma audiência no Comitê Bancário no Senado dos Estados Unidos.

A fala de Powell abre espaço para uma elevação da taxa básica de juros em 0,5 ponto percentual já na próxima reunião do BC americano. O martelo só será batido, no entanto, se os próximos relatórios sobre emprego e preços ainda persistirem em alta. Os dados do Payroll – relatório do índice de emprego nos EUA – será divulgado na próxima sexta-feira, 10/03.

“Os dados econômicos mais recentes chegaram mais fortes do que o esperado, o que sugere que o nível final das taxas de juros provavelmente será mais alto do que o previsto anteriormente. (…) Se a totalidade dos dados indicasse que um aperto mais rápido é justificado, estaríamos preparados para aumentar o ritmo das altas de juros”.

Jerome Powell afirmou também que as decisões sobre o aumento de juros serão tomadas reunião a reunião – e que devem chegar a taxa final maior que os 5% a 5,5% sinalizados em dezembro. Ele disse ainda que, apesar da inflação ter começado a cair – de um patamar de 7% em junho para 5,4% em janeiro – ela continua elevada e há poucos sinais de desaceleração – principalmente nos serviços.

“Restaurar a estabilidade de preços provavelmente irá requerer que mantenhamos a política monetária em território restritivo por mais tempo. (…) Embora a inflação tenha moderado nos últimos meses, o processo de reduzi-la para 2% tem um longo caminho a percorrer e provavelmente será acidentado”, completou o presidente do Fed.            

Importante lembrar que a declaração de Powell acontece após o Fed desacelerar o ritmo de alta dos juros americanos no mês passado. O BC americano elevou os juros em 0,25 ponto percentual – para o intervalo entre 4,50% e 4,75%. O movimento menor veio após um aumento de 0,5 p.p. em dezembro e quatro aumentos 0,75 p.p. antes disso. Há um ano, o banco central americano trava uma balhada contra a inflação.

Incertezas e dívida americana

O presidente do BC americano também ressaltou que persiste o elevado grau de incertezas diante da guerra da Ucrânia e problemas nas cadeias de abastecimento globais.

Em um outro momento do discurso, Jerome Powell pediu aos parlamentares dos Estados Unidos que subam o teto da dívida nacional para evitar as consequências como a paralisação da máquina pública.

“Não elevar o teto da dívida pode causar prejuízos econômicos de longa duração”, alertou.

Impacto no mercado brasileiro

O avanço dos juros na maior economia do planeta impacta nos investimentos e no câmbio brasileiro. Ao subir os juros nos Estados Unidos, os ativos do Brasil ficam menos atraentes para os investidores estrangeiros – já que fica mais seguro e rentável aplicar em papéis do Tesouro americano. Com menos entrada de dinheiro no país, a moeda americana se aprecia frente ao real.

O dólar mais forte encarece o preço de produtos importados, commodities e itens de alta tecnologia. A apreciação do câmbio, impacta a inflação brasileira já que os insumos importados pela indústria ficam mais caros.

O efeito mais sentido no dia a dia do brasileiro com a alta da moeda americana é o preço dos combustíveis – já que petróleo é atrelado ao valor no mercado internacional. Assim, gasolina e diesel mais caros também puxam a inflação para cima, o custo do frete no transporte que chega na ponta aos alimentos, por exemplo.

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