Mercado de carbono em evolução no Brasil traz oportunidades de investimentos
Mercado de carbono brasileiro tem potencial para ser o maior do mundo, mas ainda enfrenta desafios
O Brasil é a maior aposta para liderar o mercado de carbono no mundo. Isso porque nosso país conta com diversas alternativas de combustível limpo, auxiliado por suas inúmeras florestas. Esta oportunidade no setor foi o tema do painel ‘Pole position no mercado de carbono’ do MKBR22, evento voltado para o mercado de capitais que é organizado pela ANBIMA e pela B3, e acontece nos dias 21 e 22 de setembro.
O mercado de carbono busca soluções para a descarbonização da economia global e tem duas principais funções: a primeira é a neutralização das emissões de gases de efeito estufa durante a jornada para o carbono zero (“net zero”). A segunda é a neutralização de emissões difíceis de serem abatidas, uma vez atingido o carbono zero.
No painel, mediado por Tatiana Sasson, sócia da McKinsey, e com participação de Marina Cançado, co-CEO da Future Carbon, e de Victória de Sá, co-fundadora da Vert Securitizadora, foi discutido o cenário do mercado de carbono no Brasil e seus desafios.
Para a co-fundadora da Vert, os avanços conquistados da COP26 (Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima) que aconteceu em 2021, trouxeram a possibilidade de criar um regulamento nacional para o mercado, já que foi aprovado uma regulamentação internacional.
“Temos um primeiro passo para termos um mercado global de crédito, e no Brasil tivemos um decreto federal que regulamentou o mercado nacional, isso é um primeiro passo. Estamos vivendo uma revolução e colocando na prática”, afirmou Victória de Sá.
A descarbonização da economia até a metade do século é uma prioridade para diversos países, que representam mais de 90% do PIB global, e para mais de 2.500 empresas globais, e estes números continuam a crescer. Essa é uma das ações voltadas à práticas ESG, que vem se discutindo globalmente.
Desafios do mercado de carbono no país
Porém, ainda há desafios no Brasil, como ressalta Marina Cançado. Para ela, o mercado no país ainda é artesanal, mas há a possibilidade de evoluir. Para isso, a co-CEO da Future Carbon aposta na educação do mercado financeiro sobre o tema e na aproximação do produtor com o mercado. “Se o mercado de capitais se juntar com o mercado de carbono, será só o começo”.
Ela destaca o trabalho da Future Carbon em trazer capital para ajudar na parte burocrática, buscando potencializar o mercado e facilitar a vida de produtores e empresas. “Temos que mostrar que a agenda climática e de carbono pode ser uma fonte de receita e não apenas de custo. Fazer essa aproximação e o trabalho de burocracia, para mostrar onde estão as possibilidades do uso do crédito de carbono”.
Segundo estudo da McKinsey & Company, o Brasil tem potencial de responder por até 15% da oferta mundial de créditos voluntários através de soluções naturais, seja de captura, como o reflorestamento, e/ou abatimento de gases do efeito estufa (conservação de florestas ameaçadas, intensificação de práticas conservacionistas em grandes culturas como soja, milho e cana de açúcar).
O potencial do Brasil é um dos maiores do mundo, equivalente somente ao da Indonésia (15%), e muito acima de outros países, como Peru (4%), Estados Unidos (3%) e China (2%). Estas soluções naturais, além de mais baratas e com maior potencial de crescimento no curto prazo do que soluções puramente tecnológicas, trazem benefícios adicionais como recuperação da biodiversidade, segurança hídrica e desenvolvimento socioeconômico.
Os créditos de carbono ou redução certificada de emissões são emitidos para uma pessoa ou empresa que reduziu a sua emissão de gases do efeito estufa.
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