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China: casos de Covid-19 voltam a subir e governo aumenta estímulos a economia

Casos voltam a bater recorde. Banco central chinês reduziu a quantidade de dinheiro que instituições financeiras devem manter em reserva para incentivar o crédito

Conteiner com cores da china
O regime de tolerância zero contra a Covid foi adotado desde o início da pandemia pelo presidente da China, Xi Jinping. Foto: Adobe Stock

China voltou a enfrentar nesta semana uma escalada nos casos de Covid-19 no país. As infecções diárias ultrapassaram 30 mil pela primeira vez na semana. As autoridades do país asiático lutam para conter surtos cada vez mais crescentes, o que faz avançar as restrições nas cidades mais importantes do país.

Os chineses registraram ontem, 24/11, 31.987 novos casos – acima do recorde de 29.754 na quarta-feira, segundo a agência Bloomberg.

A capital, Pequim, viu as infecções diárias ultrapassarem 1.800; Guangzhou, no Sul, registrou mais de 7.500, enquanto os casos na metrópole de Chongqing ultrapassaram os 6.000.

Os moradores de Pequim – com 21 milhões de habitantes – voltaram a estocar alimentos e tem sobrecarregado os aplicativos de entrega, após os moradores de Chaoyang, seu maior distrito, serem instruídos a não sair de casa. As escolas de várias partes da cidade foram fechadas e os alunos voltaram a ter aulas online. O governo decretou novos bloqueios em partes da capital chinesa e ordenou a construção mais rápida de centros de quarentena e hospitais de campanha contra a covid-19.

O economista e professor da FAC-SP, Denis Medina, acredita que diante do aumento dos casos, um possível relaxamento na política chinesa de ‘tolerância zero’ não deve acontecer este ano. O que vai impactar o crescimento do país e de parceiros comerciais importantes como o Brasil.

“Duas coisas podem acontecer: ou eles [governo] efetivamente conseguem reduzir os casos – com uma vacinação em massa – ou vai chegar um momento em que a China será obrigada a relaxar um pouco essa política. O inverno vai começar, o que deixa mais crítica essa questão. Em relação aos parceiros comerciais, metade das maiores cidades que têm negócios com o Brasil, estão passando por essa política. Então, certamente impacta o comércio porque somos grandes fornecedores deles. Isso vai mexer também com a economia mundial, já que China deve crescer menos”, explica.

Novas medidas de estímulo

O banco central da China reduziu pela segunda vez este ano a quantidade de dinheiro que os bancos devem manter em reserva. A medida aumenta o apoio do governo a uma economia abalada pela covid e pela desaceleração do setor imobiliário – que representa um terço da produção econômica do país.

Banco Popular da China (BPC) reduziu a taxa de compulsório para a maioria dos bancos em 0,25 ponto percentual. O ajuste, que entra em vigor em 5 de dezembro, deve injetar 500 bilhões de yuans (US$ 70 bilhões) de liquidez na economia. Em agosto, o BC chinês cortou as principais taxas de juros pela segunda vez no ano.

“O corte visa manter a liquidez razoavelmente ampla e aumentar o suporte à economia real” disse o BPC em comunicado.

Para economista e professor da FAC-SP, a decisão vai reduzir os custos de financiamento para bancos comerciais e incentivar a concessão de crédito.

“A gente pode esperar uma melhora no crédito porque vai deixar mais dinheiro disponível nos bancos. Isso pode afetar consumo interno na China com os produtos ligados a consumo tendo um crescimento. A gente observa também que alguns produtos mais sofisticados acabam tendo a sua oferta prejudicada”, explica Denis Medina.

Confusão na fábrica da Apple

A sede da maior fábrica de iPhones da Apple, na cidade de Zhengzhou, ficará fechada por cinco dias a partir desta sexta-feira, 25/11. A ordem veio após centenas de trabalhadores entraram em confronto com a polícia por conta das fortes restrições que já duram quase um mês.

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