Combustíveis voltam a impactar a inflação que avançou em novembro
IPCA desacelerou em relação a outubro; inflação acumulada em 12 meses chega a 5,90%, menor taxa em quase dois anos. Alimentos pesam, mas sobem menos
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que é a inflação oficial do país, foi de 0,41% em novembro, após avançar 0,59% no mês anterior. Os dados são do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e foram divulgados nesta sexta-feira (09/12). A alta foi puxada pelo aumento dos preços dos combustíveis e dos alimentos e bebidas.
Confira os últimos resultados mensais da inflação:
A inflação acumulada no ano chega a 5,13%. Em 12 meses ficou em 5,90% abaixo dos 6,47% observados nos 12 meses imediatamente anteriores e a menor taxa desde fevereiro de 2021. Apesar dessa queda, o IPCA nessa comparação segue bem acima da meta (3,5%) e do teto da meta do Banco Central que é de 5%.
Combustíveis voltam a pesar
O avanço no grupo transportes – que teve o maior impacto na inflação em novembro – foi puxado principalmente pelo aumento dos combustíveis (3,29%), que em outubro haviam recuado 1,27%.
Os preços do etanol avançaram 7,57%, a gasolina subiu 2,99% – e exerceu o maior impacto individual no índice do mês. O óleo diesel teve alta de 0,11%. A exceção foi o gás veicular que caiu 1,77%.
É importante destacar também a alta nos emplacamentos e licença (1,72%), automóvel novo (0,50%) e seguro voluntário de veículo (0,97%). No lado das quedas, os preços das passagens aéreas recuaram 9,80%, após as altas de 8,22% em setembro e 27,38% em outubro.
“A alta da gasolina está ligada ao aumento do preço do etanol. Isso ocorreu por conta de um período de entressafra da produção de cana de açúcar. A gasolina leva álcool anidro em sua composição”, explica o gerente da pesquisa, Pedro Kislanov.
Alimentação pesa, mas sobe menos
Os preços dos alimentos e bebidas seguem pesando no bolso dos consumidores brasileiros. Em novembro, o grupo avançou 0,53%, valor menor que os 0,72% registrados em outubro. No entanto, em 12 meses, comprar comida ficou 11,84% mais caro – bem acima dos 5,90% do índice geral. A alta mensal foi puxada pela alimentação no domicílio que subiu 0,58%.
Os alimentos que mais subiram em novembro foram:
- Cebola: +23,02%
- Tomate: +15,71%
- Frutas: +2,91%
- Arroz +1,46%
“No caso da cebola tivemos uma redução da oferta nacional, principalmente do Nordeste, mas também de outros locais como São Paulo e Minas Gerais. Essa diminuição não foi coberta por importações porque não existe uma grande oferta de cebola no mercado externo. Em relação ao tomate, a oferta costuma ser afetada pelo fator clima. Nesta época do ano, a safra de inverno já está esgotada”, explica o gerente da pesquisa.
No lado das quedas, o leite longa vida teve redução de 7,09%, assim como já havia acontecido nos meses anteriores. No ano, a variação acumulada do produto, que chegou a 77,84% em julho, está agora em 31,20%. Houve recuo também nos preços do frango em pedaços (-1,75%) e do queijo (-1,38%).
A alimentação fora do domicílio subiu 0,39%, abaixo do mês anterior (0,49%). Enquanto a refeição desacelerou de 0,61% em outubro para 0,36% em novembro, o lanche seguiu caminho inverso, passando de 0,30% para 0,42%.
Vestuário, saúde e habitação também sobem
Renovar o guarda-roupas também está cada vez mais pesado. O grupo Vestuário avançou pelo quarto mês consecutivo e subiu 1,10%. Em 12 meses, o grupo já acumula alta de 18,65% – a maior entre os nove grupos que compõem o IPCA.
O grupo Saúde e cuidados pessoais ficou próximo da estabilidade (0,02%), mostrando uma desaceleração em relação a outubro (1,16%). Essa perda de ritmo é explicada pela mudança de comportamento nos preços dos artigos de higiene pessoal, que passaram de alta de 2,28% em outubro para queda de 0,98% em novembro.
Em Habitação, os preços ficaram 0,51% mais caros, valor bem acima do observado no mês anterior (0,34%). O resultado foi influenciado pelas altas do aluguel residencial (0,80%) e da energia elétrica residencial (0,56%).
Veja abaixo as variações de cada grupo em novembro:
- Alimentação e bebidas: +0,53%
- Habitação: +0,51%
- Artigos de residência: -0,68%
- Vestuário: +1,10%
- Transportes: +0,83%
- Saúde e cuidados pessoais: +0,02%
- Despesas pessoais: +0,21%
- Educação: +0,02%
- Comunicação: -0,14%