“Eu não emprestaria dinheiro para o governo dos EUA por 30 anos na taxa atual”, diz gestor americano
Bill Ackman, fundador da Pershing Square, comentou o que espera do cenário para a economia global
Uma recessão nos Estados Unidos não está totalmente descartada e depende das próximas decisões do Fed (Federal Reserve, o banco central dos EUA), opina Bill Ackman, fundador da firma de investimentos Pershing Square. Durante evento realizado nesta terça-feira (06/02) pelo BTG, o gestor comentou suas perspectivas para a economia e os investimentos no mundo.
O investidor ganhou as manchetes nos EUA nos últimos meses em sua campanha para combater o antissemitismo e defender a liberdade de expressão. Sua campanha contra a reitora da Universidade de Harvard, Claudine Gay, resultou em sua renúncia. Seu ativismo também se fez presente no engajamento com empresas, como Herbalife e JCPenney. Confira as opiniões de Ackman compartilhadas hoje:
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Juros e atividade da economia dos Estados Unidos
A chance de recessão na economia dos Estados Unidos “depende do que o Fed vai fazer”, disse Ackman. “A economia americana está enfraquecendo, temos visto lay offs em diversas empresas”, lembrou. Para ele, o “Fed deveria começar a iniciar o processo de cortar os juros”.
Ackman, no entanto, pontuou que o presidente da autoridade monetária dos EUA, Jerome Powell, está se mostrando preocupado com a possibilidade de uma volta da inflação.
Dívida nos EUA
Questionado sobre se há preocupações quanto ao aumento da dívida dos Estados Unidos, Ackman respondeu que é um ponto de atenção para o longo prazo, mas que o país ainda está longe da possibilidade de um calote.
“Temos a sorte de que os EUA ainda é um país muito rico, temos uma moeda que é aceita em todo o mundo e é um ativo conhecido como risk free [livre de risco]”, afirmou.
A preocupação, entretanto, está na trajetória de longo prazo. Segundo ele, nenhum dos dois principais partidos do país tem demonstrado apreensão quanto ao aumento da dívida ou do déficit. “Eu não emprestaria dinheiro para o governo dos EUA por 30 anos na taxa atual”, afirmou. “A relação entre risco e retorno não é suficiente”.
Vale a pena investir na China?
O investidor diz que há anos não vê boas perspectivas para a China. “Não é um bom ambiente para negócios atualmente e todos os empreendedores de sucesso estão buscando sair de lá”, afirmou, citando o caso de empresários, como Jack Ma, que desapareceram dos debates públicos.
Ele disse também não ver perspectiva para uma nova aceleração do crescimento chinês, o que é negativo para os preços de commodities. “É mais um ponto de fraqueza para toda a economia global”, afirmou. Ackman, entretanto, afasta a possibilidade de uma grande disrupção do cenário geopolítico vindo da China.
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