Mercado

Ibovespa volta a fechar em forte queda com risco fiscal no radar

Mercado ainda repercute sinalizações ruins do novo governo quanto a política de gastos públicos. Dólar fecha no maior valor em seis meses

A Bolsa do Brasil (B3) voltou a fechar em forte queda nesta terça-feira, 03/01, diante das preocupações dos investidores sobre a responsabilidade fiscal do novo governo. Os principais acontecimentos que ajudam a entender mais um dia ruim no mercado financeiro são:

1. As declarações do ministro da Previdência, Carlos Lupi (PDT), que defendeu que a reforma da previdência – chamada por ele de “antirreforma” – fosse rediscutida. A fala, segundo analistas, aumenta os temores ligados ao campo fiscal. A declaração se refere às regras aprovadas em 2019, no primeiro ano do governo Bolsonaro. Lupi disse também que pretender provar que a previdência não é deficitária;

2. O ministro do Trabalho, Luiz Marinho (PT), disse que o governo não irá revogar a legislação trabalhista – aprovada no governo de Michel Temer. Mas afirmou que será preciso “mexer” em alguns pontos e “construir um novo marco no mundo do trabalho”. Segundo Marinho, essa reforma será realizada de forma “fatiada”;

3. A desoneração dos impostos federais sobre os combustíveis por mais dois meses. Segundo medida provisória (MP), a renúncia do governo vai diminuir a arrecadação em R$ 25 bilhões neste ano.

Diante dessas declarações do novo governo, o Ibovespa encerrou em queda de 2,08%, aos 104.165 pontos. Pelo segundo dia consecutivo, os papéis da Petrobras tiveram perdas. As ações preferenciais (PETR4) caíram 2,36%, e as ordinárias (PETR3) menos 0,96%.

O resultado da estatal foi influenciado pela preocupação dos investidores com as possíveis mudanças na política de preços da companhia e pela queda de 4% da cotação do petróleo no mercado internacional.

No câmbio, o dólar comercial fechou no maior valor em seis meses. A moeda americana subiu 1,75% e fechou cotada a R$ 5,45. Além das preocupações internas com as contas públicas, a moeda americana está globalmente valorizada diante de uma nova alta dos juros pelo Federal Reserve – esperada pelo mercado.

Petróleo

Os contratos para março do barril de petróleo do tipo Brent – referência internacional – despencaram 4,4%, a US$ 82,10. O WTI – referência americana – se desvalorizou 4,1%, a US$ 76,93.

O impacto do aumento de casos de Covid na China, se soma aos receios de que uma recessão global – causada pelo aperto monetário em diversas economias desenvolvidas – pode impactar a demanda pela commodity.