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Mercados financeiros hoje: investidores ficam na defensiva com meta de PIB na China

Dados mistos sobre desempenho da economia na Europa também chamam a atenção

Linhas de gráfico numa tela de computador
A Bolsa de Valores divide suas ações em setores baseados na atuação das empresas na economia real. Foto: Adobe Stock

Os índices de gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) composto e de serviços de países europeus, Estados Unidos e Brasil são os destaques da agenda desta terça-feira. Também o vice-presidente de Regulação do Federal Reserve, Michael Barr, fala em dois eventos ao longo da tarde e o Congresso Nacional do Povo começou na China. O boletim de mercado Focus será monitorado ainda pelo investidor local, assim como informações sobre a participação, de forma virtual, do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em conferência do Goldman Sachs. O vice-presidente Geraldo Alckmin, vai a encontro promovido pela ApexBrasil, na Fiesp, e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebe representantes da indústria e líderes do Senado. No início da noite, o diretor de Política Monetária do Banco Central, Gabriel Galípolo, será palestrante em evento promovido pela APCE, em São Paulo.

China mantém meta de crescimento e pressiona bolsas estrangeiras

Os mercados de ações ocidentais replicam perdas majoritárias registradas pelas bolsas asiáticas nesta terça-feira, após anúncios da China na abertura do Congresso Nacional do Povo não empolgarem os investidores. No início de sua reunião legislativa, a China estabeleceu meta de crescer “em torno de” 5% este ano, a mesma do ano passado. Para o ING, será mais difícil cumprir o objetivo em 2024, visto que muitos dos impulsos à economia decorrentes de medidas tomadas durante a pandemia de covid-19 irão gradualmente diminuir. Pequim também ampliou seu orçamento de defesa em 7,2% e anunciou planos de emitir o equivalente a US$ 139 bilhões em títulos ultralongos especiais.

As bolsas e as moedas na Europa são pressionadas ainda por revisões mistas dos dados de atividade na região. O PMI de serviços da Alemanha e o dado composto da zona do euro superaram as previsões, mas permanecem na zona de contração, enquanto o indicador de serviços no Reino Unido aponta expansão no setor, mas inferior ao estimado por analistas. Já o PPI anual de janeiro na zona do euro caiu em ritmo mais fraco que o projetado. Ainda assim, no caso do Banco Central Europeu (BCE), há ampla expectativa pela manutenção dos juros nesta quinta-feira e por alguma pista da presidente do BCE, Christine Lagarde, sobre quando pode ocorrer a primeira redução nas taxas na zona do euro.

Em Nova York, os futuros de ações e os juros dos Treasuries recuam moderadamente, depois das taxas subirem na véspera, com indicadores americanos no radar dos investidores, além de Barr, do Fed. No entanto, a liquidez pode ser mais contida porque os pontos altos da semana no mercado serão as audiências do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, no Congresso, nesta quarta e quinta, e o relatório do mercado de trabalho, o payroll, na sexta-feira.

Cautela deve prevalecer também no Brasil

A cautela internacional tende a contaminar os mercados domésticos em meio à leitura do boletim Focus, dados de atividade e monitoramento de vários eventos com autoridades ao longo do dia. O investidor pode continuar mais contido, no aguardo de uma direção mais clara no exterior nos próximos dias sobre os juros nos Estados Unidos, que por enquanto têm chance maior de começar a cair em junho, mas com um ciclo estreito, de até 0,75 bp no total. O ADR da Vale cedia 0,82% no pré-mercado em Nova York às 7h11, apesar da alta de 0,69% do minério de ferro para maio em Dalian, na China.

O alívio externo nas taxas de Treasuries pode beneficiar a curva de juros local e o real. Para profissionais de renda fixa, a curva só precisa de um gatilho para ter desempenho melhor, o que pode vir também com o IPCA de março na próxima semana.

Economistas do mercado financeiro apresentaram uma visão mais positiva para inflação, atividade e contas públicas na última reunião do dia de ontem com o Banco Central. As negociações políticas em torno da pauta econômica e fiscal do governo no Congresso serão monitoradas também. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, deve se reunir com líderes partidários, na Residência Oficial do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), para discutir a medida provisória que extingue o Perse, criado na pandemia para atender o setor de eventos. Deputados insistem que a proposta deve ser discutida por projeto de lei, não por MP, mas a equipe econômica resiste a essa saída. Os deputados também esperam que Haddad apresente durante a reunião os dados de comprovação de fraudes e irregularidades no Perse. O ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, disse que o Planalto pretende avançar nesta semana nas discussões sobre a contribuição previdenciária dos municípios, um assunto que causou desgaste nos últimos dias.

*Agência Estado