Mercado

Mercados financeiros hoje: leilão cambial, Campos Neto e PNAD são destaques do dia

Exterior aguarda dados de inflação dos EUA

Os mercados globais aguardam nesta sexta-feira o índice de preços de gastos com consumo (PCE, na sigla em inglês), medida de inflação preferida pelo Federal Reserve, que deve calibrar as apostas para a magnitude do alívio monetário nos EUA. No Brasil, os investidores têm ainda uma agenda importante para acompanhar ao longo do dia. Além da novidade de um leilão de dólar no mercado à vista de até US$ 1,5 bilhão, são esperados o resultado do setor público, a Pnad Contínua e a participação do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em eventos. O Ministério do Planejamento deve publicar um sumário executivo com os principais números do Projeto de Lei Orçamentária de 2025, após envio do documento ao Congresso.

Exterior

Um apetite por risco embala os mercados de ações ocidentais nesta manhã, com investidores à espera do PCE americano e reagindo ao índice de preços ao consumidor (CPI) da zona do euro, que subiu ao ritmo anual mais lento em três anos em agosto, de acordo com pesquisa preliminar. As bolsas da Europa ampliaram levemente ganhos, após a desaceleração da inflação na região pavimentar o caminho para mais cortes de juros do Banco Central Europeu (BCE). A dirigente do Banco Central Europeu (BCE), Isabel Schnabel defendeu hoje que a política monetária deve seguir uma abordagem “cautelosa e gradual” ao reduzir juros em direção a um nível neutro ainda incerto. Os retornos dos bônus europeus aceleraram queda e renovaram mínimas intraday nas maiores economias da região, levando os rendimentos dos Treasuries intermediários e longos às mínimas intradia.

Em Nova York, a ação da Nvidia sobe mais de 1% no pré-mercado, ensaiando recuperação após o tombo da véspera, na esteira de balanço que frustrou as expectativas mais otimistas dos investidores. Apesar da reação negativa do mercado, analistas ainda enxergam oportunidades de crescimento para a fabricante de chips. O dólar, por sua vez, oscila bem perto da estabilidade com um compasso de espera pela inflação americana.

A expectativa é de que uma leitura mais forte que o esperado pode apoiar a moeda americana, à medida que tenderia a elevar apostas em um corte menos agressivo de juros, de 25 pontos-base, pelo Fed. No entanto, os dados podem ainda ser insuficientes para uma consolidação das previsões pois os dirigentes do Federal Reserve (Fed) estão mais atentos agora aos dados de emprego do payroll, que saem na próxima sexta-feira.

Na Ásia, as Bolsas subiram, puxadas por ações do setor imobiliário chinês, em resposta à notícia de que o governo chinês estuda permitir que proprietários de imóveis refinanciem hipotecas para conter os custos de empréstimos e fomentar o consumo, segundo reportagem da Bloomberg divulgada durante a madrugada. Em resposta, ações da Shimao Group saltaram 10,53% e China Vanke, 9,89%. As montadoras de veículos elétricos BYD (+5,98%) e Li Auto (+7,79%) também estiveram entre os destaques, em recuperação após a forte queda da véspera na esteira de balanços.

Brasil

O mercado de câmbio já deve abrir se ajustando à expectativa do leilão de venda de até US$ 1,5 bilhão no mercado à vista, referenciado à Ptax, operação que não ocorria desde abril de 2022. A intervenção ocorre um dia após o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, dizer que estava com “o dedo no gatilho” para atuar no mercado de câmbio se for necessário. Ontem, o dólar à vista subiu 1,22%, a R$ 5,6231 – maior valor desde 7 de agosto, com ganhos acumulados de 2,62% nas quatro sessões desta semana. A escalada desta vez respondeu a apostas em um corte de juros menos agressivo pelo Federal Reserve após dados de atividade resilientes nos EUA e à cautela em relação aos novos sinais na condução da política monetária, após a indicação de Gabriel Galípolo para a presidência da autarquia. A realização do leilão cambial explicita potencial anormalidade no mercado e uma mudança de postura da autoridade monetária, que sempre evitou intervir no câmbio em dia de fechamento da taxa Ptax mensal, para impedir distorções na formação de preço.

O Broadcast apurou que há expectativas de saída de cerca de US$ 1 bilhão do País nesta sexta-feira, em razão do rebalanceamento do EWZ (MSCI Brazil ETF), que vai passar a incluir ações brasileiras listadas no exterior, como XP e Nubank. O horário de início do leilão às 9h30 coincide com o da publicação do PCE americano e a injeção de liquidez programada pode aliviar o impacto do indicador nos negócios, se vier acima do esperado. Esses eventos devem instigar a curiosidade dos investidores pelos comentários de Campos Neto em meio a expectativas majoritárias no mercado de alta de 0,50 ponto porcentual na taxa Selic em setembro.

Ontem à noite, em referência à desaceleração do IPCA-15, Campos Neto reiterou que a média móvel dos núcleos de inflação ainda está subindo, e ressaltou a atenção “toda especial” ao impacto da mão de obra apertada nos preços de serviços. A curva de juros deve se modular ainda às oscilações estreitas, sem direção única, dos rendimentos dos Treasuries em meio a repercussões dos resultados do setor público e da Pnad Contínua de julho. E na Bolsa, o apetite por risco externo que precede o PCE americano e alta leve do petróleo podem ajudar o Ibovespa. Por outro lado, o recuo de 0,53% do minério de ferro na China e esperadas saídas de capitais do País servem de contraponto.

*Agência Estado