Pouco antes do Copom, Ibovespa fecha em alta de 0,53% e recupera 120 mil pontos; dólar sobe 0,15% e vai a R$ 5,44
Veja como se comportaram o Ibovespa e o dólar nesta quarta-feira (19) e o que movimentou os ativos
O Ibovespa encontrou espaço para avançar nesta quarta (19), em movimento que ganhou força nos últimos minutos do pregão, na esteira de informações veiculadas na GloboNews de que o Planalto já espera uma decisão de juros unânime pelo Copom hoje.
Ibovespa hoje
Após ajustes, o índice avançou 0,53%, aos 120.261 pontos. Na mínima intradiária, tocou os 118.960 pontos, e, na máxima, os 120.383 pontos.
O volume financeiro negociado na sessão (até as 17h15) foi de R$ 9,4 bilhões no Ibovespa e R$ 14,09 bilhões na B3, em sessão com giro comprometido por conta de feriado nos Estados Unidos.
Em dia de decisão do Copom e feriado nos Estados Unidos, os ativos locais seguiram influenciados e limitados por incertezas internas. Nessa linha, agentes reforçaram busca por proteção ao longo do dia. “Investidores estão buscando se defender das incertezas do cenário doméstico em papéis de exportadoras, que se beneficiam da alta do dólar, e bancos”, diz um analista ao Valor PRO.
Entre as maiores altas do dia, BRF ON subiu 4,33% e Marfrig ON avançou 3,03%, de olho no câmbio e em meio a escalada das tensões entre China e União Europeia, que pode abrir espaço para exportações de carne suína brasileira ao país asiático.
WEG ON teve ganhos de 2,44% e Vale ON subiu 0,31%. Já Itaú PN registrou alta de 0,78%, após direção do banco indicar possível pagamento de dividendos extraordinários.
No fim do dia, os mercados domésticos consolidaram melhora, conforme a GloboNews noticiou que o governo já espera decisão unânime pelo Copom. A notícia trouxe algum alívio porque parte do mercado passou a temer, desde as declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ontem, que os membros indicados pelo governo pudessem novamente votar por um corte nos juros. “O mercado pode ter tentado antecipar esse movimento”, diz o executivo.
Após reuniões com clientes de Rio de Janeiro, São Paulo e exterior, a chefe de estratégia de renda variável do Santander, Aline Cardoso, afirma que o humor dos investidores, que já não estava positivo, ficou ainda pior. A impressão, diz, é que estamos diante de uma séria crise de confiança. Para se proteger, indica exposição a papéis com correlação positiva com o câmbio, como Vale.
“O Santander Sentiment Index (SSI), nosso índice proprietário, já capturou esse sentimento e bateu no nível mais baixo em 18 meses. Essa crise de confiança tem como origem os questionamentos sobre a sustentabilidade do arcabouço fiscal e culminou na reação forte do empresariado em relação à MP do PIS/Cofins, mostrando que não há mais espaço para ajuste fiscal pelo lado da receita”, diz.
Cardoso aponta, por outro lado, que falas de membros importantes do governo sobre corte de despesas foram positivas. “Possivelmente, o nível de R$ 5,40 para o dólar foi o ponto que acendeu a luz amarela em Brasília”, afirma. “A reação do mercado na última quarta-feira, quando saiu o índice de preços ao consumidor dos EUA (CPI), foi emblemática. Se o ciclo de afrouxamento monetário pelo Fed era o gatilho que todos esperavam, ficou claro que isso não será suficiente.”
Dólar hoje
O dólar à vista exibiu leve apreciação frente ao real nesta quarta-feira, dia de feriado nos Estados Unidos e de decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) no Brasil. Ao longo das negociações, o dólar chegou a ter valorização firme, superando o patamar de R$ 5,48.
Perto do fim do pregão, porém, relatos sobre o Planalto já esperar uma decisão unânime do BC por uma manutenção da Selic no atual patamar deram alívio aos ativos e a moeda americana perdeu tração.
Com o fechamento do mercado à vista, o dólar teve em alta de 0,15%, a R$ 5,4417, depois de ter tocado a mínima de R$ 5,4276 e encostado na máxima de R$ 5,4826.
Já o euro comercial avançou 0,22%, a R$ 5,8467. O real chegou a ficar boa parte da sessão com o posto de pior moeda do ranking das 33 divisas mais líquidas, mas abandonou tal posição no fim das negociações.
No acumulado de 2024, no entanto, o real tornou-se hoje a moeda com pior desempenho, com o dólar em alta de 12,14% frente à divisa brasileira. Em seguida o dólar avança 12,11% ante o iene japonês, 12,09% ante a lira turca e 11,72% contra o peso argentino.
Bolsas da Europa
Os principais índices acionários da Europa fecharam o dia no vermelho, com exceção da bolsa de Londres, que registrou ganhos, em resposta aos dados de inflação do Reino Unido, que mostraram desaceleração em maio.
O índice Stoxx 600 caiu 0,18%, a 514,06 pontos. O setor de tecnologia liderou as perdas, caindo 1,15%. O Dax de Frankfurt recuou 0,35% a 18.067,91 pontos; e o Cac 40, de Paris, caiu 0,77%, para 7.570,20 pontos. O FTSE, da bolsa de Londres, teve alta de 0,17%, para 8.205,11 pontos.
Entre os papéis, a Spectris foi destaque negativo, fechando em queda de 5,7%, informar que os lucros do ano inteiro vão ficar abaixo das previsões atuais do mercado.
Divulgado no início do dia, o índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) do Reino Unido ficou em 2,0% em maio na comparação com o mesmo mês de 2023, abaixo dos 2,3% registrados em abril, e marcando a quarta queda em meses.
Foi a primeira vez que a inflação atingiu a meta de 2% do Banco da Inglaterra (BoE) desde julho de 2021. Contudo, a inflação de serviços continua mais alta, chegando a 5,7%, diminuindo apenas um pouco em relação à taxa de 5,9% registrada em abril.
A resistência da inflação de serviços reduz ainda mais as perspectivas de que o BoE corte os juros em sua decisão, que sai amanhã. Além dele, o banco central da Noruega — o Norges Bank — e o banco central da Suíça (SNB) também publicam suas decisões na quinta-feira. O mercado espera que os dois primeiros mantenham as taxas inalteradas, enquanto o SNB deve realizar um corte.
Para conhecer mais sobre finanças pessoais e investimentos, confira os conteúdos gratuitos na Plataforma de Cursos da B3.